9/11: os estranhos telefonemas

Por razões de carácter familiar (meu pai foi ao longo de muitos anos um alto responsável da companhia telefónica italiana; foi um dos primeiros em Italia a ser dotado dum telefone celular, de forma que eu tive a ocasião de seguir os desenvolvimentos tecnológicos neste campo desde o principio) fiquei sempre surpreendido com a “anormalidade” dos telefonemas efectuados a partir dos aviões enquanto estes já se encontravam nas mãos dos terroristas. Telefonemas que, é bom lembrar, foram alegadamente efectuados com telemóveis, segundo a versão oficial do 9/11.

Não é uma questão secundária: estamos a falar do destino de centenas de pessoas (os passageiros) e da heróica tentativa de resistência deles que até deu origem a algumas películas cinematográficas.

O problema é, que no ano 2001, telefonar desta forma teria sido impossível.
Vamos ver qual a razão.

O problema do BST

O telemóvel é chamado também de “telefone celular” por via do esquema de funcionamento, que é feito por “células”. Como não é viável implementar uma única “estação rádio de base” (em inglês Base Transceiver Station, BST) que receba os sinais de todos os telemóveis dum inteiro País, a rede telefónica móvel funciona com um sistema de “células”: muitas BST espalhadas no território nacional, cada uma das quais “cobre” uma determinada área geográfica (a “célula”). Cada BST (erroneamente definida como “repetidor”: não “repete” mas “gera” o sinal) estará depois ligada à rede telefónica fixa, aquela normalmente utilizada nas casas ou nos escritórios.

Até aqui tudo bem. Mas que acontece quando sairmos da rede BST da nossa operadora de telefonia para entrar na rede duma operadora concorrente? Este é o roaming, o conjunto de procedimentos, normas e sistemas que permitem individuar um utente dotado de terminal móvel (o telemóvel) e pô-lo em comunicação com o terminal de outro utente que utiliza uma rede gerida por outra operadora.

Dito assim pode parecer complicado, mas na verdade é muito simples como sabem todos aqueles que atravessam fronteiras: perdemos o sinal da nossa operadora e, pouco depois, aparece o nominativo duma operadora local que dá o bem-vindo ao novo País, juntamente com uma série de informações absolutamente inúteis.

Porque é interessante o roaming no caso do 9/11?
Porque nos Estados Unidos não há uma única operadora de telefonia móvel, mas várias, e as comunicações acontecem desfrutando o sistema do roaming: em vez que espalhar no território milhares de BST, cada operadora desfruta as BST da concorrência, sendo esta “troca” regulamentada segundo acordos prévios.

Eis, por exemplo, a cobertura da rede oferecida pela Verizon, uma das maiores companhias telefónicas americanas (dados de 2004):

Em azul as áreas cobertas pelo serviço, em branco as zonas em roaming.
Vista assim parece uma boa cobertura, mas vamos ver no detalhe a área evidenciada pelo círculo vermelho.

Podemos observar como a nível estatal a cobertura seja muito menos homogénea: há áreas cobertas (azul), em roaming (cinzento) e até não cobertas por nenhuma operadora, onde o sinal não chega e simplesmente os telemóveis deixam de funcionar (ou deixavam: como afirmado, estes são dados do ano 2004, é lógico que desde então a cobertura tenha sido melhorada).

Esta é uma situação comum a todas as operadoras norte-americanas. A seguir, as redes das operadoras TMobile e Voicestream:

Pode parecer um sistema complicado, mas na verdade funciona bem enquanto, por exemplo, é efectuado um telefonema a partir dum carro em viagem.

Mas a partir dum avião?
Aqui a coisa é muito mais complicada.

No ano 2001, para poder telefonar com o próprio terminal móvel a partir dum avião, era preciso em primeiro lugar um telemóvel suficientemente potente para captar o sinal da mais próxima estação BST; uma vez captado o sinal, teria sido preciso esperar uns 30 segundos para que o BST identificasse o sinal e este fosse assinado à própria operadora (o roaming), pois o procedimento era o seguinte:

  1. O BST “vê” o dispositivo (telemóvel), percebe que não está registado no próprio sistema, e procura identificar a sua operadora.
  2. A nova rede utilizada contacta a operadora original e pede informações de serviço (incluído se o dispositivo é ou não habilitado ao roaming) usando o número IMSI.
  3. Se bem sucedida, a nova rede estabelece um registo temporário do dispositivo enquanto a rede original actualiza as informações para indicar que a unidade móvel se encontra numa rede hóspede, de modo que toda a informação enviada para o dispositivo possa ser encaminhada correctamente.

Mas dado que um avião comercial tem uma velocidade de cruzeiro perto de 900 km/h, o avião teria saído da zona abrangida pelo primeiro BST para entrar numa nova, com consequente re-início de todo o procedimento de roaming.

Quantas “células” teria conseguido encontrar um avião que viaja a 900 km/h? Muitas, demais, algumas da própria operadora, outras das concorrentes, até que a operação teria ficado virtualmente impossível.

Ninguém poderia ter ligado em 2001 com um telemóvel a partir dum avião comercial.
Hoje a situação é diferente: desde 2004 as companhias aéreas começaram a experimentar próprios sistemas para permitir telefonemas com aparelhos celulares e desde 2008 existe o roaming aéreo, bastante caro, utilizado por várias companhias aéreas com a tecnologia inflight roaming; que, obviamente, não funciona com as BST terrestres mas com os satélites.

A rede entupida

Além do aspecto puramente técnico (que é fundamental), há também outra razão que teria inviabilizado os telefonemas: estes teriam acontecido entre as 9:20 e as 10:00 de manhã, isso é, enquanto toda a America estava ao telefone na tentativa de encontrar parentes ou amigos.
A congestão da rede telefónica tinha ultrapassado o limite de segurança já às 09:04, pouco depois do impacto com a Torre Sul do World Trade Center. A partir desta altura, as linhas ficaram “entupidas ” por boa parte do dia.

Encontrar uma linha livre, às 10 da manhã, 8.000 metros de altitude, 900 km/h de velocidade, com o próprio telemóvel já teria sido empresa heróica.

Mas há um último pormenor que muitas vezes é esquecido e que, pelo contrário, merece ser reportado.

Não foram os passageiros

Contrariamente a quanto acontece nas películas cinematográficas dedicadas ao assunto, segundo a versão oficial nenhum dos passageiros teria directamente falado com os familiares: todos teriam falado com os operadores telefónicos do FBI ou com aqueles do serviço público de emergência (o 911 nos EUA).

Este facto foi confirmado também numa entrevista que Larry King fez à viúva de Todd Beamer: nunca a viúva ouviu dizer ao marido a famosa frase “Let´s roll”, a mesma tinha sido referida por uma operadora telefónica do FBI, tal como o resto da conversação.

Temos portanto um grupo de passageiros que, perto da morte, não liga directamente para os familiares mas chama o FBI para advertir que o avião se encontra nas mãos de terroristas e, já que estão em linha, dizem para mandar cumprimentos à mulher.

É possível que ninguém entre todos os passageiros tenha tido a vontade de falar directamente com os próprios entes queridos?
É possível que todos os passageiros conseguiram apenas ligar para o FBI ou o número de emergência? Nem um para a própria família?
A versão oficial diz que sim, que foi mesmo isso que aconteceu.

E vale a pena também lembrar um dos alegados telefonemas, aquele efectuado por um homem do voo UA93:

Hi Mom, this is Scott. Scott Bingham.

Tradução:

Olá mãe, sou Scott. Scott Bingham.

Com certeza. E o número de segurança social, não?
Quem entre nós não diz “Olá mãe, sou Afonso, Afonso Marcelo Carreira da Silva Pereira, rua de Nossa Senhora das Belas Almas 34-3ºD, Alfragide. Como estás?”.

Ipse dixit.

Fontes:

As fontes deste artigo são várias, mas a principal é a obra monumental de Luogocomune, o site italiano que dedica amplo espaço acerca do assunto 9/11. As fontes não aparecem directamente no artigo original mas são “embutidas” na longa análise dos vários aspectos da questão.

É lógico que antes de utilizar esta fonte, já procurei estabelecer o grau de confiança das fontes utilizadas por Luogocomune: fontes que, na quase totalidade, são documentos oficiais (da Comissão 9/11, por exemplo) ou notícias dos maiores órgãos de informação norte-americanos (CBS, New York Times, por exemplo).

Mas a principal entre todas as fontes será sempre o Relatório Final da Comissão 9/11 (Complete 9/11 Commission Report, Ficheiro PDF, 7.4 MB, língua inglesa). 

Acerca do funcionamento duma rede telemóvel, é possível consultar Wikipedia versão portuguesa, que trata do assunto embora de forma excessivamente simples (dá apenas para ter uma ideia), enquanto a versão inglesa é sem dúvida superior. 

17 Replies to “9/11: os estranhos telefonemas”

  1. Olá Max:Já me tinham dito quinhentas vezes que seria impossível acessar telefone celular dos supostos aviões envolvidos no caso 11/9. Só não me haviam explicado porque. Boa informação do ii.
    Mas acho que entendo porque ainda hoje muitas pessoas acham possível que tenham ocorrido as chamadas. É interessantíssimo a mistura de ficção com realidade, envolvendo películas cinematográficas e acontecimentos reais. Agora mesmo fui verificar um vídeo sugerido por um de nós comentaristas, aterrorizado ele com a possibilidade de um estado de sítio ou algo do gênero nos EUA. O vídeo mostrava um filme. Claro que pessoalmente vejo como possível, e até provável que a governança americana autorize uma espécie de estado de sítio em seu território (se é que ainda não fez, de certa forma), mas a película é apenas ilustrativa da realidade possível e até provável, não a realidade mesma. Abraços

  2. Pra quem quiser acrescentar mais enredo no enredo 11/09. Blogue da Fada do Bosque: "Onde estava Alex Jones durante a convenção do partido democrata americano?". Subtítulo: "Alex Jones, agente duplo?". Mais uma vez o sionismo na berlinda. Muitíssimo interessante. Só não consigo entender, o por que do acobertamento de uma ação do Mossad em solo americano, deixando o governo americano em maus lençóis perante seu povo. A mim me parece que ninguém presta nesta estória. Quem sabe devessem centralizar o foco das suspeitas em Rumsfeld? Aquela pulga atrás da orelha. O Bushinho talvez possa se tratar de um mero abestado nesta construção. Aquele cagão que sabe de algo e que pensa alto: "Isso vai dar merda!"

    Abraços.

  3. Não foi um, mas vários textos e artigos que já li apontavam Alex Jones como um agente duplo, ele é um daqueles que só mostram 1 lado da moeda, apenas a sujeira ocidental.

  4. Olá Max e todos: acho que temos uma excelente oportunidade de juntar argumentos para separar o joio do trigo naquele território (EUA)de deus salve a América (só um deus que tenha muito boa vontade!!) Enfim…ruim por ruim, concordo que o menos ruim disponível é o Obama. Pois bem: observem quem faz uma campanha feroz, direta ou indiretamente contra Obama, e teremos condições de demarcar alguns indícios para separar os mais piores dos menos piores. Ouçam o tal de Alex Jones e seguidores nos últimos programas, e raciocinem.Além do mais, pessoalmente, nunca fui fã de sensacionalismos. Abraços

  5. Eu acho que entre Romney e Obama, o menos pior é o Romney. O Obama até hoje não conseguiu provar a veracidade dos seus documentos e sua história é duvidosa.

  6. O Obama certamente trabalha contra os EUA, deve ser um agente colocado lá pelos Bilderbergues e pelo CFR, com a função de acelerar a queda dos EUA.

  7. Não liga não Aldo… saquei uma tendência na Internet… a moda agora é que o Obama é um terrorista infiltrado… altíssimas teorias da conspiração sem sentido estão rolando… e o pior: sem o menor sentido…

    PS: como se fosse possível acelerar ainda mais a deterioração dos EUA e da Europa… 🙂

  8. Pois é Ricardo, os nazi sionistas convocaram milhões para criar desinformação e lixo. Já já o anonimato vai nos fazer sentir a pressão quando não for mais permitido postar anonimamente. O duro é ver que todos,sem exceções, sofreremos o que os bíblicos falam de finais dos tempos em terríveis sofrimentos… Quando menos esperarmos, infelizmente, o 4º reich vai chutar a nossa porta e invadir a nossa casa e vai puxar o gatilho enquanto nossos filhos "brincam" de video games de guerras, elas veem novela fratricida e os maridos o opiácio futebol. Nossa casa já está cercada de arame farpado e paranóicas câmeras de TV espionando nossa soberba ingenuidade. Nós moramos neste planeta, e, infelizmente, não há mais aonde possamos fugir ou nos exilar. Temos dormido demais. Sinto muito, me perdoe, te amo, sou grato. O macabro jogo segue seu curso enquanto sonambúlicos fingimos alegria de viver.

  9. A Queda dos Eua serve para que o antigo plano Eurasiano possa avançar, com as potências do império Russo-Chinês e mais outros grupos. Os Eua são um dos poucos obstáculos que ainda estão no caminho. No final, a nova ordem oriental vai dominar sobre a nova ordem ocidental americana. Enfraquecendo a cultura, os valores e toda a sociedade da América.

  10. Justamente por tudo isso é que não podíamos descartar nada do que Jones falava (supondo que irão silenciá-lo). De qualquer forma sempre achei interessante prestar atenção no que o indivíduo tinha a dizer, mesmo, como diz Maria, na base do sensacionalismo, por que uma coisa era certa, gozava de informação privilegiada. Como denuncia a matéria do blogue Guerra Silenciosa, sem que saibamos se é verdade, o cara se vangloriava de ter denunciado os atentados as torres gêmeas antes da ocorrência. Seria muito mais interessante, mesmo que somente pra efeito de alerta, tê-lo em seu programa destilando seu veneno.

    Quanto ao anônimo que escreve sobre o plano traçado pelo império eurasiano: se Obama faz parte dos planos da queda dos imperialistas do lado de cá, porque é que Netanyahu insiste tanto, como se tem noticiado, numa guerra urgente contra o Irã com a participação norteamericana, arriscando a reeleição de Obama? Me parece que não bate. Minha mente não alcança.

    Tô com o Aldo: dinheiro não é mais a questão por trás dos acontecimentos. Há de fato algo maior, que a cada dia me embaralha mais a percepção. Segunda-feira, senão me engano, escrevi no Burgos minha teoria da hora sobre a situação mundial, hoje tenho a sensação de uma nova teoria da hora. Lógico, tenho plena consciência das minhas limitações e das minhas reais capacidades de vislumbrar o que de fato ocorre, mas me esforço. Foi o que me restou. Aldo tem a certeza de que forças absolutamente manipuladoras nos guiam pra o abismo, não exclusivamente o ocidente ou o oriente, mas toda a população do globo.

    Talvez enquanto estamos aqui discutindo quem é o vilão desta estória, possamos estar ajudando a concretização do "sad end". Como temos visto nos noticiários, muitos judeus têm se manifestado contra o ataque israelense ao Irã e contra o tratamento aos palestinos também por parte de seu governo. E assim com certeza também se dá em meio aos islamitas, aos estadunidenses, aos portugueses, aos católicos, aos chineses, aos protestantes, aos nigerianos… seja lá o que for. Boa parte da humanidade quer o ecumenismo, não apenas estas lacraias globalistas, mas também uma boa parte dos homo sapiens sapiens ainda sonha em assistir a sua razão/credo prevalecer. O que acho é que tem gente irradiando antagonismos, o ódio, e temos que estar atentos. Este é o caminho mais rápido pra nossa queda, e é o que eles mais desejam. Minha nova teoria da hora. Na verdade algo que estamos fartos de saber.

    Abraços.

  11. Corrigindo:

    Boa parte da humanidade quer o ecumenismo. Mas, não apenas estas lacrais globalistas, como também, boa parte dos homo…

  12. Olá Walner: posso enfiar um pitaco no meio da tua teoria última? Tem gente pensando defender idéias, enquanto defende interesses que nem seus são.E nesse afã lutam/lutaram/lutarão e tentam/tentaram/tentarão aniquilar-se os pobres entre si, para o escárnio, a soberba, e o mais poder dos poderosos.Abraços

Obrigado por participar na discussão!

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