O príncipe e a grande festa

O Bahrain é governado por um rei, mas com ideais democráticos como base.

Por exemplo: no Bahrain o que pensa o Rei vale quanto as ideias de qualquer outro rei. E como no Bahrain há apenas um rei, a taxa de democracia é de 100%. Contra factos não há argumentos.

O Bahrain é tão democrático que até o filho do Rei participa nas manifestações dos cidadãos.
Nestes dias, por exemplo, o príncipe Sheikh Nasser Ibn Hamad Al Khalifa uniu-se com as suas guardas reais aos pacíficos demonstrantes.
Os mais atentos afirmam que o príncipe não fica mesmo “ao lado” das manifestações, mas estes são pormenores que já não interessam.

O que se passa é que na ilha de Sitra começaram as manifestações e o príncipe, logo após ter percebido isso, chamou as guardas: “Meus amigos, vamos ajudar estas pessoas que sem dúvida precisam duma orientação”. O príncipe estava certo, pois o povo é burro por natureza e precisa de indicações.

Shaykh Mohammad Habib al-Miqdad, por exemplo, até um ano atrás era um religioso da oposição, perdido, que precisava dum sentido. Durante a detenção foi visitado várias vezes pelo príncipe e agora Shaykh conhece o sentido, nomeadamente da palavra “tortura”.

Mas voltemos ao presente.
Segundo alguns vídeos publicados na internet, o príncipe está a coordenar uma espécie de comité de boas vindas, que tem como objectivo acolher nos próprios braços os manifestantes e partilhar com eles o sentido.

O povo quer reformas, e a monarquia concorda: para já reforma a vida dos manifestantes, depois veremos.

O rei, que é bom lembrar foi homenageado com a Ordem de ʿAbd al-ʿAzīz Al Saʿūd, a mais elevada entre todas as ordens cavalheirescas da Arábia Saudita, governa com sabedoria e magnanimidade o pequeno País, que enfrenta desde sempre o problema do petróleo: no Bahrain há petróleo em qualquer lado, um verdadeiro desespero, e o rei fez-se cargo da tarefa de libertar o povo desta praga, enviando o negro líquido para o estrangeiro. É ele que suporta os custos para recolher o petróleo todo e deitá-lo para o estrangeiro.

O povo sabe disso e é feliz.

Mais: após as demonstrações públicas de 2011, foi o mesmo rei que instituiu uma Comissão para verificar que todos os direitos humanos tivessem sido respeitados. Uma iniciativa, esta, que mereceu os elogios do Nobel da Paz, Barack Obama, do cão dele, o português Bo, e da simpática Hillary Clinton.

A Comissão entregou os resultados após alguns meses de duro trabalho, chegando a uma conclusão unânime: todos os direitos humanos tinham sido respeitados no pequeno Bahrain:

The Commission has not found any evidence of human rights violations committed by the [military] units deployed in Bahrain starting on 14 March 2011. (A Comissão não encontrou nenhum aprova de violação dos direitos humanos por parte das unidades militares utilizadas no Bahrain desde o dia 14 de Março de 2011)

35 pessoas tinham morrido na altura, mas já não se sentiam bem antes de sair de casa.

Não admira, portanto, que o Príncipe deseje agora organizar estas manifestações espontâneas de felicidade na pequena ilha do pequeno Estado.

No seguinte vídeo, alguns momentos da grande festa:

Ipse dixit.

Fontes: Europeanphoenix, Wikipedia

One Reply to “O príncipe e a grande festa”

  1. Grande Festa… Com foguetório e tudo! Nós Portugas não prestamos mesmo para NADA… Até neste país fazem festas como deve de ser…

    Será que é por lá existir verdadeira DEMOCRACIA?

Obrigado por participar na discussão!

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