Cirurgia plástica e divórcio: eis o boom dos EUA

Então, acabamos ou não o dia com uma boa notícia? Mas sim, acabamos…

O tema é a crise.
Acabou? Não. Mas há sinais positivos, e isso é importante.
“Positivos”? Bom, podemos dizer isso: entre a miríade de dados contraditórios que circulam, alguns são positivos. É já alguma coisa.

Eis um breve elenco:

  • As vendas das autocaravanas (ou motocasas), aquelas autênticas e enormes casas com quatro rodas das quais muito gostam os Americanos, começaram a subir. Custam como um apartamento, fazem 3 quilómetros com um litro de gasolina: se vendem é porque há mais dinheiro.
  • Intervenções de cirurgia plástica em 2010: +296.000
  • Aumentam os divórcios, que custam
  • Mas sobretudo: mais dívidas com os cartões de crédito.

Outro dado positivo é que parou a subida dos pedidos de desemprego. Encontrar trabalho é ainda uma quimera, mas ao menos as empresas deixaram de despedir.

Gráficos

Altura de festa? Nem por isso. Vamos ver dois gráficos.

Esta é uma comparação entre:
o crash de 1929 (cinzento)
o crash da bolha Nasdaq de 1987 (verde)o crash Nikkei de 1989 (vermelho) 
o crash actual de 2007 (azul)

Confrontando, é possível notar como ao crash de 2007 falte alguma coisa: em primeiro lugar o tempo abrangido é muito mais curto; depois falta o “double dip”, a recaída do 8º ou 9º ano. Também a retoma é demasiado “vigorosa”.

Segundo gráfico, um pouco mais complexo:

Para simplificar: este é o andamento dos mercados após o despoletar da crise. Neste caso o ponto de partida não é o 2007 mas a flexão começada em 2000.
Mais de que as linhas, melhor observar a tabela em baixo: os três grandes períodos de crise tiveram, até hoje, uma média de 4,7 anos de flexão, com uma queda das transições de 66%.
A presente crise, pelo contrário, parece ficar satisfeita com apenas 2 anos de crise e uma perda de 34%.

Algo não bate certo? Assim parece.

Uma andorinha…

Então, esta crise acabou ou não acabou? Como interpretar os dados da economia americana?

Como é que dizem em Portugal? “Uma andorinha não faz a Primavera”. Pois.

Provavelmente, as medidas da Federal Reserve “empurraram para frente” a crise. Não podemos esquecer que no mundo da Finança nada mudou nestes últimos dois anos e meio: as condições que provocaram a crise ainda estão ali, todas.
E a mesma Fed não pode inundar o mercado com comboios de notas acabadas de ser imprimidas e pretender que isso não tenha um preço. É como no restaurante: a conta chega sempre.

A minha ideia é que as intervenções da Fed tiveram como objectivo ganhar tempo, ao estilo “estamos a afundar, eis as bóias; depois, com um pouco de sorte, alguém tratará de salvar o barco”.

Todo este discurso vale apenas nos Estados Unidos. Aqui, no Velho Continente, os últimos dados não são tão bons.
Mas este será um outro post.

Ipse dixit.

Fontes: Il Grande Bluff
Gráficos; Dshort, PringTurner

2 Replies to “Cirurgia plástica e divórcio: eis o boom dos EUA”

  1. Olá Bruno!

    Procurei, mas as notícias são mesmo poucas. De facto este director (ex Morgan e Stanley, nomeado pelo antigo Presidente Bush) está a demitir-se mas não especifica a razão.

    É uma caso esquisito, pois o rapaz é jovem (40 anos) e tem um grande futuro pela frente: já estava prevista a sua chegada no Ministério do Tesouro.

    Agora quer parar, sem programas para o futuro.

    Esquisito…

    Muito obrigado!

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