Os mercenários da ONU

A ONU conta o que conta, isso é: zero. Mas até agora tinha conseguido ser uma força de paz credível, com o envio de “capacetes azuis” nas áreas mais quentes do planeta.
Não em todas, apenas nas áreas onde os Estados Unidos deixam operar a ONU, óbvio.

Só que agora a mesma ONU arrisca desperdiçar o pouco de bom que tem conseguido.

O semanal ugandês  revela que intenção das Nações Unidas é contratar mercenários para combater as milícias de Al Shabaab, na Somália, em vez de financiar as existentes tropas da União Africana.

Grave erro. Por várias razões.

Em primeiro lugar, as forças da ONU perdem credibilidade: já não serão tropas enviadas por Países
interessados na resolução de conflitos, mas serão tropas de empresas privadas que ganham com os conflitos.

A diferença é abismal.

A ONU passa de agente regulador para agente que financia tropas beligerantes. Privadas, com certeza, mas sempre dedicada à guerra.

Depois, será a vez das dúvidas: quem ganha as contratações? E porquê? É possível ter a certeza de que as empresas envolvidas não tenham outros interesses, além do montante recebido pela ONU?

No caso específico, a ONU pediu os serviços de duas empresas: uma cujo dono é o irmão do Presidente do Uganda, Museveni; outra cujo dono é o ex general Kayumba Nyamwasa, que recentemente desertou do exercito ugandês e por isso já foi condenado a 20 anos de prisão; agora trabalhará lado a lado com o filho do presidente do Uganda…

O contrato? 4 milhões de Dólares para seis meses de trabalho, renováveis.
Tarefas dos mercenários será o treino das tropas da Somália e a protecção dos membros do governo Somali.

Mas como surgiu esta triste ideia? Em verdade não se trata de uma novidade. Já um País tinha exercitado pressões para que os mercenários pudessem entrar nas opções militares da ONU.
Qual era o País? Deixem ver…ah, sim: os Estados Unidos. Esquisito, não é?

Ipse dixit

Fonte: The Independent

4 Replies to “Os mercenários da ONU”

  1. Não fosse o Dick Cheney (grande amigalhaço do Bush) e o Rumsfeld dois dos principais accionistas da maior empresa de mercenários a actuar no Iraque e Afeganistão, a Blackwater (dizem que também andam pela Colombia e restante América central e sul) e isto até poderia parecer que era um interesse só dos Somális, mas assim como a corja está infiltrada em todo o lado a mim parece-me que esta é mais uma forma de entrarem com as tropas mercenárias naquela zona da África (entrada para o canal Suéz) e terem por lá militares no terreno e não só no mar como até agora, e poderem controlar melhor a entrada e saida de embarcações.

    Ah e há muito tempo que a ONU deixou de desempenhar o seu papel de manter a Paz (não é de agora), ou esqueceste-te do desmembramento da zona dos Balcãs para melhor controle do tráfico de Heroina? e por aí fora, enfim…

    PQP esta corja, os responsáveis pelas atrocidades são sempre os mesmos, basta seguir para onde vai a guita e quem ganha com isto tudo para se perceber quem está por trás de todas as guerras, crises forjadas, etc

  2. Olá Fly!

    Admito: fui bom demais. O que escreves está correcto, a ONU deixo de ser um organismo de paz, há muito.

    Neste aspecto, os mercenários na Somália representam a natural evolução dum processo começado há alguns tempos.

    E mais: abre a porta para novas utilizações da ONU. Antes era empenhada em zona de guerras "secundárias", para servir interesses no mínimo duvidosos.

    Hoje pode ser uma óptima oportunidade para as empresas privadas de mercenários e afins.
    Por enquanto, de propriedade dos Ugandeses.

    Mas isso só por enquanto…

    Abraço!

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