25 blocos sobre uma camada de chumbo

Observem a imagem ao lado: representa uma obra do artista José Aurélio, cujo título é “Espiral do Tempo“.

Percebo pouco de arte, mas posso dizer que a escultura funciona: quando é molhada indica que chove, quando é seca significa que não chove.
Neste aspecto é infalível.

E, de facto, o problema não é este.
O problema é que os 25 cubos de metal empilhados custaram à Câmara Municipal de Almada nada mais nada menos de que 150.000 €.

Por metade do preço eu teria acrescentado também 25 cubos de madeira e 25 de cartão. Mas enfim, a Arte não tem custo.

Mas as fundações sim: e a mesma Câmara conseguiu pagar 34.059,60 € pelas fundações da obra prima.
O que levanta uma questão: de que material é feito o subsolo da cidade? Chumbo? Quais explosivos de última geração os trabalhadores foram obrigados a empregar?

No total, a Câmara de Almada gastou 184.059,60 € para esta obra prima que, como indicador do tempo, não deixa de ser um bocadinho caro.
Ainda bem que o País atravessa um insólito período de prosperidade, caso contrário seria legitimo ficar alterados.

Também há outro mistério que envolve a coluna do tempo. E o mistério é relativo mesmo a isso: o tempo.

 (clicar para magicamente aumentar)

Como é possível constatar no documento, a obra prima foi inaugurada no dia 9 de Maio de 2010.
Mas o contracto foi publicado só no dia 23 de Junho.
O que, obviamente, é proibido.

A Câmara de Almada infringiu a lei? Impossível.

Mais correcto pensar numa deslocação espaço-temporal que afectou subitamente a região, perturbando homens e documentos.

A causa? Provavelmente esta obra prima:

O título não é “Montanha Russa”, como poderiam pensar os leitores, mas é “Paz”; doutro lado o título pouco importa, pois é evidente que esta escultura é na realidade uma máquina para criar perturbações.
Não apenas visuais, mas também espaço-temporais.

Ipse dixit.

Fonte: Infinito’s

5 Replies to “25 blocos sobre uma camada de chumbo”

  1. Acontece em todo o lado, por Viseu temos os enfeites das rotundas, candeeiros novos no centro histórico uns a custar 5 mil euros (foi-me dito por quem trabalha na câmara) e outros 30 mil euros (li no portal-Viseu, candeeiros com vídeo-vigilância, Internet wireless *gasp*, etc).

    Não me surpreende ver o IMI subir todos os anos enquanto aldeias continuam sem saneamento!

  2. Desperdiçar dinheiro público é um fenômeno universal. Aqui na minha pacata Cascavel, no Brasil, é a mesma coisa, senão pior. Se isso fosse aqui, a obra iria custar o dobro, e o parte do dinheiro iria para o bolso dos políticos "competentes".

  3. Outra história engraçada, à uns meses atrás o presidente da(minha) junta de freguesia gastou 4mil euros para comprar um sistema electrónico qualquer que controla as entradas e saídas dos funcionários. Os malandros devem estar sempre no café, só pode!! 😀

  4. Caso Nuno,
    o caso das rotundas é sintomático: em muitos Países estão a ser removidas ou, mais simplesmente, já não construídas, pois os benefícios resultam ser relativos.

    Mesmo assim surgem rotundas por todos os lados, mesmo em lugares onde um simples cruzamento seria a opção mais lógica.

    Sortudo o País que pode investir em estruturas redundantes…

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

%d bloggers like this: