A seguir?

As minhas Profecias Incorrectas começam mal: nem passaram 15 dias desde a publicação e já estou a ser desmentido.

Vamos ler:

Portugal: Benfica campeão e FMI em Lisboa. Quando? O Benfica em Maio, o FMI antes: Março parece-me um bom mês, chegam as andorinhas e pode chegar também a “ajuda” internacional.

Acerca do Benfica ainda não sabemos, mas uma coisa parece certa: Portugal não irá aguentar até Março.

A pressão dos mercados é forte, vender a própria dívida está cada vez mais difícil. E, para piorar as coisas, alguns dos “colegas” europeus empurram para que Lisboa aceite a ajuda do BCE e do FMI.

A notícia foi lançada pelo alemão Der Spiegel no passado dia 8 de Janeiro:

Mais vale um fim terrível do que o terror sem fim? Alemanha e França, para resolver a crise em Portugal, aparentemente escolhem a primeira opção: querem empurrar o país a escapar da crise o mais rapidamente possível no âmbito da ajuda europeia. O País com problemas financeiros não será capaz de defender as própria posição no mercado de capitais, assim como os especialistas dos dois Países.[…]

Portugal deve agora pedir assistência imediata para o resgate, afirma Berlim. É a única maneira de evitar que a crise afecte outros Países como a Espanha ou a Bélgica.

E o jornal avança até com números:

A medida equivaleria a entregar 750.000 milhões de Euros de ajuda

750.000 milhões…

Fogo cruzado

Portugal, assim, fica no centro dum fogo cruzado: mercado dum lado e Países da União do outro.
Possibilidade de escapar? Sim, poderia sempre regressar Dom Sebastião. Ou, quem sabe, uma aparição em Fátima. Mas fora disso a resposta parece ser negativa.

No interior do País também há quem espalhe optimismo em quantidade: os dois leader da oposição, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas, anunciam que a intervenção do Fundo Monetário Internacional implicaria o fim do actual governo.

Começou a campanha eleitoral? Talvez. Mas eu pensaria duas vezes antes de candidatar-me como Primeiro Ministro em concomitância com a chegada do FMI. Liguem para George Papandreou, o Primeiro Ministro da Grécia, e oiçam com atenção a opinião dele.

E depois?

Voltamos aos problemas da Zona Euro.
A ideia de Alemanha e França é simples: uma vez arrumado Portugal, tal como aconteceu com Grécia e Irlanda, os problemas serão só uma lembrança. Espanha e Bélgica poderiam dormir descansados.

O problema e que só Alemanha e França acreditam nisso: todos os outros sabem o que acontecerá a seguir.

Mas acreditam de verdade? Duvido.

O resgate da Grécia deveria ter sido o primeiro e último. Assim foi dito na altura.
Depois houve a Irlanda. “Oh, mas fiquem descansados, Portugal não é a Irlanda!”, foi a mensagem tranquilizadora.
Agora será Portugal. “Oh, mas fiquem descansados, com a Espanha não será preciso” é afirmado agora.

E eu pergunto: porquê?
Qual a razão pela qual os “mercados” (e aqui haveria muito para escrever) deveriam parar perante o resgate de Lisboa? Alguém, por favor, mostre uma razão plausível.

O ataque à Zona Euro não será travado com a ajuda de Portugal. Bruxelas terá que enfrentar o enorme problema espanhol também, como já apareceu escrito neste blog. Porque nesta altura deve ser claro, até na Alemanha e na França, que o alvo final não são a Grécia, Irlanda ou Portugal: o alvo é o Euro.

A futura guerra

Doutro lado do Atlântico há uma moeda empenhada numa guerra bem maior: a guerra contra o Yuan, a moeda chinesa. A guerra ainda não começou, mas os participantes estão a preparar o terreno.

Lembram do artigo acerca das enormes quantidades de ouro adquiridas pelos Chineses? É só fazer 2+2. Muitas vezes o resultado é 4.

Antes de entrar na fase final do conflito, o Dólar terá que ganhar força, em duas maneiras: com a retoma da economia dos Estados Unidos e com a captação dos capitais estrangeiros.

A retoma, por enquanto, não está a concretizar-se (os últimos sinais são contraditórios), mas é uma questão de tempo. Entretanto, para facilitar a saída da crise, os EUA têm necessariamente que recolher dinheiro, e muito.
Neste aspecto, o Euro é um dos adversários mais temidos, até o ponto de ameaçar substituir por completo as notas de Washington nas transacções petrolíferas.

Ao reduzir drasticamente as dimensões do Euro, o Dólar poderá ver melhorada a própria situação (ou, aos menos, as próprias possibilidades quando chegará a altura de re-financiar a dívida interna dos Estados Unidos) e preparar-se adequadamente em vista do derradeiro choque frontal.

Que irá perder.

Mas esta, afinal, é outra história pois estamos perante eventos não imediatos. Acho que teremos de assistir ainda a muitos outros capítulos antes de poder observar o fim. E Portugal , neste contexto, é apenas uma peça.

Ipse dixit.

Fontes: Der Spiegel

One Reply to “A seguir?”

  1. Após as festas, emigrantes já voltaram ao trabalho, prendas abertas… volta o monstro FMI!!!! E o mais engraçado foi, após umas duas semanas de blackout do Coelhinho (Passos) ele volta em força a dizer que é INADMISSÍVEL a falta de resultados deste governo nas suas acções para combater a crise onde o PSD tanto ajudou (PECs). Não mas a sério já dava nas vistas o silêncio do Passos Coelho que já não aparecia na TV à algum tempo, até o próprio Sócrates. Deve ser para o povo se esquecer da m€rd@ que fizeram e voltarem cheios de força e razão!!!

    No que toca à previsão não interessa bem quando porque acontece de qualquer maneira, e será mais fácil prever a sequência de eventos a acontecer para o FMI por cá os pés. Acho que eleições presidenciais e um pouco mais de propaganda televisiva antecedem a chegada do bicho papão!

    Outra previsão minha é que não vai demorar tanto a chegar a Espanha (depois de entrarem em PT) como está a demorar connosco em relação à Irlanda, vejo isto como uma espiral.

    Abraço.

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