L’endettement (A dívida)

Dívida?

Um artigo simpático de Pierre Ivorra, publicado nas páginas de L’Humanité.

Nada acrescenta para quem costuma seguir Informação Incorrecta, a não ser os dados relativos à dívida francesa.

Todavia é um bom “ponto da situação” e lembra um factor importante: apesar de ter desaparecido das primeiras páginas dos jornais, a dívida constitui ainda um enorme problema que os Estados têm que resolver.

E ao dizer “Estados” dizemos “nós”…

Apesar da intervenção do Estado, a dívida continua a ser muito elevada

Ao contrário do que se costuma dizer, a gravidade da situação não é devida à importância da dívida pública dos principais países ocidentais. O perigo reside na natureza da dívida e da persistência de um cocktail explosivo constituído pelas dívidas, tanto públicas como privadas. Nos EUA, o nível de endividamento das famílias atingiu um pico em Março de 2008: 168,37% do rendimento. É obviamente muito elevado, embora tenha diminuído um pouco desde então.

A taxa de endividamento das empresas continua a ficar num nível elevado, quase 100% do próprio valor, ou seja, a riqueza que as mesmas empresas criam. Com a ajuda e os planos de resgate do governo, do sistema das bancas e financeiro, a dívida pública aumentou entre Dezembro de 2008 e Dezembro de 2009 desde 59,63% para 71,29% do PIB, o Produto Interno Bruto. Este equilíbrio financeiro instável ainda se mantém na medida em que os Estados Unidos detêm a pedra angular do sistema monetário internacional, o Dolar.

Para evitar que o sistema entre em colapso, e em parte porque têm os seus próprios interesses, Países como China, Japão e Alemanha financiam essas dívidas americanas.
Até quando?
Na zona do Euro há uma crescente diferenciação entre o Sul e Países como a Alemanha, a Holanda, a Dinamarca, que têm grandes superavit e um nível de dívida externa que aumentar, mas continua a ser inferior à maioria dos Países desenvolvidos.

Em Itália, onde a dívida das famílias é mais razoável, a das empresas e do governo é considerável.
A Espanha acumulou a dívida das famílias e das empresas. Estas últimas arrastam um peso enorme, uma taxa de endividamento igual a 247,59% do próprio valor acrescentado. Uma parte essencial desta dívida é detida por bancos franceses e alemães.

Na França, entre Dezembro de 2007 e Dezembro de 2009, a dívida pública aumentou quase 17 pontos percentuais, de 65,21% para 81,94% do PIB. Um aumento conectado ao apoio público da dívida privada durante a crise. Se os bancos estão a melhorar, a dívida das empresas continua a atingir níveis recorde, chegando a 128,13% do próprio valor acrescentado. Isto significa que a intervenção pública, sem dúvida, salvou os bancos, mas que as contas das empresa continuam a ser selados. No entanto existe uma diferença significativa entre os diferentes tipos de dívida, em França.

Se as famílias têm dívidas relacionadas com o crédito, este é também o caso de 70% das dívidas das empresas, 88% da dívida pública foi contraída com os mercados financeiros. E aqui reside o maior problema. Especialmente desde que essa dívida é detida por bancos e fundos estrangeiros.

Fonte: L’Humanité

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