Eutopia

É Domingo, não sabem que fazer?
A Missa ainda não começou, é cedo para cortar a relva do jardim?
Ou não podem ligar a aparelhagem para não acordar a esposa que ainda dorme?

Parem!
Eis um bom artigo que irá entreter-vos. E que pode causar a que é conhecida como “reflexão”.
E se as moedas desaparecessem?
Ou, melhor ainda: se fossem substituídas por outra moeda, espelho do valor do ouro?

Ficção científica?
Não, normalidade. Ao longo de séculos a moeda outra coisa não foi a não ser uma representação do ouro verdadeiramente possuído pelo Estado.
Depois tudo acabou e a moeda tornou-se numa riqueza auto-representativa. Mas já não verdadeira.
E começaram os problemas.

Gerardo Coco é um empreendedor que trabalha com sucesso nos EUA. Além disso é um economista.
E neste artigo explica o que é a eutopia.

O fracasso do Euro e do Dólar

O Euro era suposto ser o herdeiro do Marco alemão. Depois da ajuda de um trilião de dólares à Grécia, ganhou a mesma reputação da dracma grega. Quem tinha entendido o que a Europa era, não deve ter ficado muito surpreendido com o que está acontecendo e sabe que o pior ainda está para vir. Quando os pacientes são “terminais” sabemos que vão morrer, mas não sabemos exactamente quando.
O Dólar não está melhor do que o Euro.
O facto de ganhar face ao “primo” apenas significa que este perde valor mais rapidamente. As futuras cotações das duas moedas irão reflectir as relativas velocidades de desvalorização, porque as economias das duas “Europas dos Estados Unidos” estão condenadas à depressão e à inflação (os aumentos dos impostos irão prejudicar o desenvolvimento).

Os EUA têm todo o interesse que o Euro não entre em colapso. Obama, o presidente mais endividado do Planeta, segue os eventos com nervosismo. Depois de ter patrocinado o resgate grego (uma parte do qual, a do FMI, é suportada pelos contribuintes norte-americanos) teve um suspiro de alívio. Um default e uma “reestruturação” da dívida grega significava uma perda para os detentores da mesma dívida, o que teria despertado a atenção dos credores americanos os quais, mais conscientes da própria vulnerabilidade e antecipando um destino semelhante para os seus títulos, teriam antecipado a Apocalipse obamiana final. Porque, depois do bail-out europeu, a intenção do Fed será para inflacionar ainda mais a base monetária para certificar-se de que a dívida do País continue a ser vendida.

O que Roubini não entende

É evidente que neste contexto a cotação do ouro só pode subir inexoravelmente. O ouro desenvolve o seu papel histórico como reserva de valor quando os governos se afundam em dívidas e expandem a base monetária. O chato economista à la page Nouriel Roubini e os outros como ele que não entendem o que o dinheiro é, falou recentemente sobre o perigo de uma bolha da “relíquia bárbara” lembrando-nos com a utilização desta expressão a sua verdadeira matriz cultural (porque não ser, por uma vez, mais originais e citar Lenine segundo o qual a função do ouro é a de embelezar os urinóis públicos?). Ele, o alegado precursor da crise financeira de 2008 (muitos economistas contemporâneos previram o mesmo antes dele e um, conhecido como Mises, quase 100 anos atrás), deveria saber que as bolhas são apenas manifestações de políticas monetárias frouxas e que sem estas as bolhas nunca poderiam surgir. O ouro é, ao contrário,o antídoto para as bolhas.

A bolha real, uma presença constante e ameaçadora, é a quantidade de moeda que os bancos centrais continuam a colocar em circulação. O ouro era e é o dinheiro real, porque escasso por definição, caro para produzir e não multiplicável ad libitum com os computadores dos bancos. É a protecção contra a desvalorização constante e inevitável das moedas. Os aumentos das suas cotações antecipam o risco de deflação da dívida bancária que deve ser evitado por uma inflação monetária contínua, pelo aumento das reservas bancárias, o que torna o ouro ainda mais escasso e aumenta o seu valor em relação às moedas.

A China um passo em frente

Os economistas que até hoje se riam dele deveriam perguntar porque a China, em 2008, estabeleceu o Shanghai Gold Exchange, que permite que todos os cidadãos possam comprar e vender ouro e que mesmo o governo(!) incentive a aquisição por parte da crescente classe média (agora igual à soma da população dos EUA e da Europa), que está na posição privilegiada de economizar até 40% dos seus rendimentos. É certamente uma mudança significativa na política chinesa (vem à mente, por outro lado, a apreensão de ouro para os norte-americanos, feita por Roosevelt nos anos ’30) e revela uma visão e um sentido de responsabilidade que os governos ocidentais não têm. São os ensaios gerais para acostumar as pessoas a re-monetizar o ouro no caso dum colapso das moedas. Desde 2003, o governo chinês aumentou os próprios bens em ouro 76% e possui agora 30 vezes mais que em 1990. Imagine se os gregos tivessem tido poupanças em ouro em vez em dracmas… Ao invés de surgir nas ruas, estariam em casa a sorrir.

Desde o início do século até à data o ouro foi reavaliado 350%. Alguns prevêem que até o final do ano chegue aos 2.000 Dólares e em poucos anos aos 5.000. Alguém afirma até mais dos 10.000. Previsão absurda?

Eutopia

Um momento: como podemos avaliar o valor intrínseco do ouro? Assumindo trocar os activos em ouro, com as passividades correntes, por exemplo da Fed, seria preciso simplesmente dividir o valor em dólares com a quantidade física de ouro, isso é, 2,5 triliões divididos por 8.100 toneladas métricas, com o resultado de 10.000. Este é assim o valor final do ouro. Mas se o mercado alcançasse este nível significaria também o colapso do sistema monetário internacional, de todo o sistema que se destina a ampliar os gastos públicos e as dívidas dos estados. O retorno ao padrão-ouro puro (baseado em 100% de reservas, complementado pela prata) significaria a eliminação de todas as moedas criadas do nada e a unificação num sistema monetário internacional, onde a unidade monetária é expressa em unidade física do metal e não numa unidade administrativa.

Significa o fim das desvalorizações competitivas, o fim das políticas de estabilização que desestabilizam, a formação de maior poupança e mais capital, o aumento da produtividade, a redução natural dos preços e o consequente aumento do poder de compra e portanto, por paradoxal que possa parecer, uma maior liquidez financeira, a obsessão dos economistas. Com efeito, num sistema em que a quantidade de dinheiro é medida em termos de poder de compra absoluto, seria como ter mais dinheiro disponível e assim ser proporcionalmente mais líquidos. Também significaria: a certeza das obrigações contratuais, agora incertas pela inflação contínua, e uma maior protecção dos direitos de propriedade; a impossibilidade de expandir os gastos públicos além das entradas fiscais e, com o fim dos governos e bancos centrais hipertróficos, o fim dos ciclos inflacionários e deflacionários.

Numa palavra, a re-monetização do ouro significaria uma eutopia, que em grego significa “o lugar bom” onde viver.

É Domingo, faça uma boa acção:
participe na sondagem (ver ao lado)
Obrigado!

Fonte: Chicago Blog

Obrigado por participar na discussão!

This site uses User Verification plugin to reduce spam. See how your comment data is processed.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.