Em terras desconhecidas

Além de todas as dúvida acerca do ultra-plano de 1 trilião de dólares, a droga em suma está fazendo o seu trabalho, mesmo que num contexto como este a mudança de humor possa ser repentina e radical.

Tudo como antes?

A Bolsa drogada está pronta novamente para correr ao longo de 7-8 sessões consecutivas em subida?
Dentro de alguns dias terá lugar a remoção psicológica do costume acerca do abismo perto do qual dançamos (o que foi mostrado em toda a sua profundidade assustadora nos últimos dias)?

Difícil de dizer, assim como é difícil fazer avaliações e previsões em contextos pesadamente adulterados.
Tudo é possível agora, mesmo que Títulos primários percam 40% em seis minutos ou que recuperem 20% numa sessão.

Mas sabemos algumas coisas com certeza:

  1. O jogo foi ainda mais descoberto: mesmo quem antes era cego agora não pode evitar de ver.
  2. Estamos lidando com o mercado de acções-centavos: se não tivesse chegado uma ajuda de um trilião já teria desmoronado segundo natureza.
  3. Reina a especulação, a que deita abaixo e tenta descobrir o jogo, e a boa que cavalga triliões e tenta esconder o mesmo jogo.
  4. Agora os mercados estão quase inteiramente nas mãos de poucos grandes jogadores que usam High Frequency Trading, Dark Pools e outros mecanismos, transformando as Bolsas (e não só) num verdadeiro videogame de risco que pode até fugir de mão: porque agora dominam os mecanismos não-humanos (apesar de inicialmente serem programados por seres humanos).
  5. Neste contexto, se no Domingo não sai um trilião a garantia, na Segunda-feira os mercados podem até não reabrir.

Interpretar os dados macro-económicos segundo esquemas tradicionais já não tem nenhum sentido. É preciso re-interpretar de forma totalmente nova.

Que importa se o PIB cresce pouco, se o índice de produção atinge o máximo, se num mês são 200 mil as pessoas que encontram emprego (após 8,5 milhões terem sido despedidas ) ou se são vendidos mais alguns carros ou batedeiras:

A economia real, o sistema financeiro e os mercados estão num recipiente maior e hierarquicamente superior, as Contas Públicas dos Estados. Se estas explodirem tudo o resto não conta.
E se não tivessem colocado um dique de 1 trilião de dólares, tudo já teria desmoronado. Não por culpa da famigerada especulação (que sempre existiu, deste que os mercados existem), mas porque as contas públicas não batem certas perante um esmagador excesso de dívida.

Desta vez é diferente: nunca na a história todas as dívidas públicas das economias avançadas tinham disparado simultaneamente.

Observem as seguintes imagens (click para aumentar):

Dívida/PIB ano 2000

Dívida/PIB 2009

E faltam os dados de 2010…

Estamos em territórios desconhecidos e muito, muito perigosos … como todos entenderam facilmente nos últimos dias, porque o jogo foi definitivamente descoberto.

Não há nenhuma maneira de evitar o colapso final de um boom impulsionado pela expansão do crédito. A escolha é só se a crise deve acontecer antes como resultado do abandono voluntário da expansão da dívida ou depois com a total catástrofe do sistema monetário em causa   

Ludwig von Mises

Fonte: Il Grande Bluff , Wikipedia,

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