Atenas queima (e Lisboa é muito quente)

Dia feio para a Grécia. Dia feio para Portugal.

Em geral, dia feio para toda a zona Euro.

Podemos estar perante um dos piores cenários para um País: o cenário do default, isso é, da bancarrota.
E não é uma mera hipótese: a Grécia está muito perto disso.

Hoje foi fechada a contratação dos títulos de Estado. A razão? O rendimento tinha atingido um inacreditável 7%.

Isso significa que por cada 100 € que o governo de Atenas consegue arrecadar no mercado financeiro, terá que pagar 7% de juros. Valores que pertencem ao mundo da usura, não da Bolsa.

Vamos ver os dados.
E começamos com os principais mercados do continente:

Reino Unido FOOTSIE -0,54
Alemanha DAX -2,73%
Italia MIB -3,38%
França CAC -3,82%
Espanha IBEX -4,19%
Portugal PSI20 -5,36%
Grécia ATHEX 20 -6,85% 

Não é preciso muito para observar que todo os valores são negativos. O que acontece?
Simples: as bolsas ficaram deprimidas porque toda a Zona Euro entrou em sofrimento. E o horizonte da moeda única não é nada prometedor.

A liderar esta corrida para baixo encontramos a Grécia que acabou de viver um dia dramático. Tão dramático que há quem veja nisso o prólogo do default.

Os factos:

O rating de Atenas cai até o BB+/B. […] Os títulos de estado helénicos perto do crack, os bond a 2 anos tratados ao 80% do nominal. (Fonte: Wall Street Italia)

Com causa na total incapacidade mostrada pela Europa na resolução dos graves problemas financeiros de casa, Standard & Poor’s baixou o rating (crédito de longo e curto prazo) dos títulos de estado da Grécia de bem 3 degraus consecutivos.

É assim: enquanto a Europa discute, duvida, avança e não avança (situação que Informação Incorrecta já tinha realçado), os mercados financeiros não querem esperar mais. O sinal é claro: ou existe esta ajuda ou não existe, não há outras soluções. E, por enquanto, o êxito é negativo: a ajuda não existe.

É claro que as primeiras a tomar medidas sejam as agências de rating as quais, é bom não esquecer, têm sede nos Estados Unidos. Porque deixar escapar uma ocasião como esta para desviar as atenções do mercado interno e focaliza-las nas desgraças do Velho Continente?
Só uma pergunta: mas ninguém na Europa tinha previsto uma situação como esta? Claro que alguém pensou nisso, certas coisas não acontecem por acaso.
Mas continuamos na nossa leitura:

O rating do País helénico é agora “lixo“. Standard & Poor’s, que foi criticada ao longo da crise de 2008 pela pouca velocidade no baixar os ratings, desta vez antecipou todos, sinalizando as insustentáveis lentidão, indecisões, dúvidas dos Países Europeus (Alemanha entre os outros) ao enfrentar o “quase-crack” helénico.[…]

“A Europa demonstra ser impotente perante as dificuldades dos Países mais fracos do Euro” afirma um banqueiro de New York. (Fonte: Wall Street Italia)

Segundo Bloomberg, os CDS da Grécia saltaram até o valor 814, novo recorde absoluto, em termos negativos obviamente.

Condensando estas notícias, a Grécia está muito perto da bancarrota e o dia de amanhã já pode ser decisivo.

O que significa bancarrota? Significa que, neste caso, a Grécia terá de admitir não ter dinheiro suficiente para pagar as dívidas. As consequências são facilmente imagináveis: seria a repetição de quanto acontecido na Argentina no começo do século.

Para o resto da Europa poderia implicar o fim da moeda única. Ainda é cedo para previsões neste sentido, mas os efeitos da crise grega já são evidentes. E não só da crise grega…

Alarme vermelho para os mercados com bolsas europeias em forte baixa e abalos sem precedentes […] após o duplo corte de rating para a Grécia e Portugal.

Pois.  Já falámos disso: quando acabar a odisseia grega alguém terá que ocupar o seu lugar. E o melhor candidato é o País do fado.

Standard & Poor’s cortou o rating de Portugal com base nas dúvidas acerca da gestão dos altos níveis de endividamento e as fracas perspectivas económicas.
A agência cortou o rating de longo prazo de dois notch, A- (quatro notch acima do nível “junk”)

“Isso reflecte a nossa visão dos riscos fiscais amplificados que Portugal tem que enfrentar” realça Standard & Poor’s.

“Com base no nosso cenário de crescimento económico achamos que o governo português possa ter dificuldades em estabilizar a questão da dívida até 2013.” continua a agência. (Fonte: Reuters)

Bastante claro. Resultado: Portugal passa a ter o segundo pior rating da Zona Euro, logo após a desastrada Grécia. 

Áustria AAA
Finlândia AAA
França AAA
Alemanha AAA
Luxemburgo AAA
Holanda AAA
Bélgica AA+
Espanha AA+
Irlanda AA
Eslovénia AA
Chipre A+
Italia A+
Eslováquia A+
Malta A
Portugal A-
Grécia BBB+

No próximo post mais notícias acerca de Portugal.

Ipse Dixit

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