Eurostat Abril 2010: resumo

No post anterior falámos do report de Eurostat e também de Portugal. Partimos deste boletim para uma panorâmica acerca da situação da União Europeia. Na prática, um resumo do mesmo Eurostat.

A primeira notícia, como já referido, é que em 2009 o rácio médio deficit/Produto Interno Bruto (PIB) da zona Euro triplicou em respeito ao ano anterior. Vamos ver a situação mais pormenorizada.

Actualmente só 2 Países dos 16 que adoptaram o Euro ficam nos valores estabelecidos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC): A Finlândia e o Luxemburgo. Todos os outros ultrapassaram o 3% de rácio que representa o limite. Os casos mais graves, já sabemos, são o da Irlanda (-14.3%), Grécia (-14.1 segundo as última avaliações de Eurostat), Espanha (-11.2) e Portugal (-9.4). Estes são os assim chamados PIGS. Mas outros Países não têm razões para sorrir. A França, por exemplo, alcança um -7,5 %. Muito.

Se considerarmos os 27 Países da União a situação fica mais complicada com o Reino Unido que atinge um impressionante -11.5 e só 3 Países que respeitam os valores do PEC: Suécia -0.5, Estónia -1.7 e Dinamarca -2.7.

Passamos agora ao rácio entre Dívida e PIB; lembramos que o limite do PEC é fixado em 60 % (isso é: a dívida não pode ultrapassar o 60% do PIB).
Os piores? Italia (115.8%), Grécia (115.1), Bélgica (96.7), Portugal (76.8), França (77.6) e Alemanha (73.2). Todos Países que, segundo os antigos parâmetros de Maastricht, não poderiam ter entrado na UE. Aliás, os autorizados seriam mesmo poucos: Espanha, Chipre, Luxemburgo, Eslovénia, Eslováquia e Finlândia.

Só por curiosidade: ao cruzar as duas tabelas podemos reparar como só dois Países actualmente respeitam ambos os parâmetros, Luxemburgo e Finlândia. Os quais, provavelmente, estarão a perguntar-se que mal fizeram para ter sócios como estes…

Interessante notar que todos os Países que em 2009 apresentaram valores fora parâmetro já em 2006, 2007 e 2008 se encontravam nesta situação. Únicas excepções:  Irlanda, que viu a situação piorar drasticamente nos últimos 2 anos; Espanha, no último ano; e Holanda, nos últimos dois anos.
Todos os outros pioraram situações já negativas.
O que pode fazer reflectir acerca desta questão: na nossa economia um endividamento excessivo é tolerado pela simples razão que toda a economia se baseia na dívida. Os problemas surgem quando o mecanismo deixa de funcionar: nesta altura o drama de economias que já não respeitam os valores reais explode com toda a violência.

Falando da zona Euro em geral, além do pior rácio Deficit/PIB referido em abertura, podemos realçar os seguintes dados.

O Produto Interno Bruto de 2009 não está muito longe do valor pre-crise de 2007: 9.003.902 milhões de € há três anos contra 8.977.933 no ano passado.
O que piorou foi a dívida pública que passou desde 5.842.888 milhões de € para 7.062.625 milhões de €.
As receitas caíram enquanto as despesas dos Estados aumentaram. Situação lógica numa altura de crise.
Mas também aqui há de realçar que já há quatro anos o rácio Dívida/PIB era fortemente negativo (68.3%) e que entretanto piorou, atingindo 78.7% em 2009.

Não pode não sobrar uma pergunta: onde estava Bruxelas há 4 anos? Ou há 3? Porque não foi dada a máxima prioridade à contenção das despesas? À redução das dívidas públicas dos vários estados? Porque temos obrigatoriamente que ter dívida?

A resposta não é simples. Mas existe. E cedo ou tarde terá de ser explicada.

Ispe dixit.

Fonte dados: Eurostat

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