Tem que ser Directa

Quando frequentava a escola básica (pouco depois da Revolução Francesa), sentava-me na pequena cadeira e gostava de ver as imagens contidas nos livros de História.

Na verdade gostava de mais de olhar para Irene, a menina que ficava duas cadeiras à direita, mas como o professor não pensava o mesmo, em certas alturas era melhor ficar parado e prestar um mínimo de atenção.

Fora a chuva e um dia cinzento, dentro o néon ligado e o professor que falava dos grandes reis do passado.

Pessoas em poses importantes, com trajes fabulosos, em contraste com o povo que, era explicado, tinha que obedecer à vontade do soberano: era ele que decidia, era ele que tomava as decisões. Guerra ou paz, tudo passava pela vontade dum homem e da corte dele.

Lógico, portanto, ver a Democracia como um dos maiores resultados obtidos pela Humanidade.

É assim que começa, desde a tenra idade, uma lavagem cerebral que tem como objectivo criar o perfeito Homem Democrático.

O Homem Democrático entende a Democracia como algo de monolítico: não há “várias democracias”, há “A Democracia”, única e indivisível. Outra forma não é admissível, não é verdadeiramente democrática, portanto está errada e deve ser combatida.

O que pode ser mais enganoso e falso do que a ilusão de um regime democrático? Somente o portador insano de Democracia que devorar a verdade, os eventos, as outras pessoas e as coisas com uma mão sobre o coração e outra na espada.

A Democracia é uma super-potência que torna o Homem Democrático invulnerável às críticas, só pelo facto de ser democrático automaticamente é politicamente correcto, moralmente superior, humanamente melhor, legalmente inquestionável. É Democrático e não há espaço para dúvidas. Quem duvidar é antidemocrático e, como tal, erra.

É a arma secreta dos bons que ganham sempre porque estão, invariavelmente, do lado correcto: traçaram uma linha, ou melhor, uma curva (para poder incluir os Países não democráticos que dão sempre jeito por causa do petróleo, por exemplo, ou da droga) que separa o Bem do Mal. E ainda bem que existe esta separação, porque sem ela seria bem complicado distinguir o Bem do Mal: sem a curva seria fácil pensar nos Democráticos como representantes do Mal.

Mas a Democracia não é uma aspiração social, não é um ideal igualitário, não é uma utopia; a democracia está viva e é possível explodir em mil pedaços quando ela rebentar ou quando chegar apitando sob forma duma bala enriquecida com urânio empobrecido: a Democracia é a bomba inteligente que consegue encontrar-te até debaixo da terra, é o rancor capitalista da globalização que obriga o pequeno agricultor a deixar de trabalhar porque já não compensa; é  a missão humanitária que derruba a porta, entra na tua casa, mata os teus familiares por causa dum princípio superior e dos inevitáveis danos colaterais; a Democracia é a falsidade que não concede o tempo para explicar a tua razão; é o drone de Deus (In God We Trust), ou melhor, do Senhor que vive em Washington com pele preta e alma escura (ou pele branca e alma escura, depende da safra), é o sonho americano que todos temos obrigatoriamente que ter.

Lenine estava errado: a Democracia não é o invólucro da ditadura, a Democracia é a pior das ditaduras, a forma mais evoluída, o ponto mais alto que qualquer ditador ou elite com tiques ditatoriais pode ter.
A ditadura utiliza a força bruta para obrigar as massas, a Democracia não utiliza a força contra o próprio povo: a Democracia fala com o povo, acarinha-o, convence-o.

Constrói provas falsas, deforma a informação, deturpa a realidade para que o Homem Democrático possa dançar ao redor do massacre étnico inventado, dos maus tratos causados ​​pelos seus mesmos criminais, antes que inicie o bombardeio e que um novo regime democrático possa ser implementado. Aconteceu já muitas vezes, mas o truque funciona sempre: Timisoara, Belgrado, Tripoli, Damasco, a história repete-se duas, três ou quatro vezes como tragédia, como farsa, como brincadeira, e como velho hábito. Só depois, passados alguns anos, surge a verdade, afinal sim, era tudo falso, mas que importa? Há já outro País que deve ser democratizado, não há tempo para chorar o passado.

Qual a diferença entre as elites económico-políticas de hoje e os reis dos tempos idos?
O rito eleitoral, com o qual o Homem Democrático consegue sentir-se importante e envolvido nas grandes escolhas. No fundo, o Homem Democrático conhece a verdadeira importância das urnas, mas é uma mentira que acalma a consciência dele: “Eu? Eu votei bem, são os outros que não percebem”. A urna é a panaceia que reforça a pandemia democrática, que convence que sim, que é precisa mais e mais Democracia.

Os livros de História mentem. Não há uma Democracia, há várias Democracias possíveis. E a Democracia Representativa, a nossa Democracia, é a pior delas. Desresponsabilizada, fora de controle (mas não de todos os controles), o terreno ideal para a mentira e a manipulação.

A alternativa? A Democracia Directa.
É esta a solução ideal? Não, está fora de questão. Ainda não foi inventado o regime ideal, e provavelmente nem existe. Ou, talvez, existe mas fica bem escondido em nós.
Todavia a Democracia Directa representa um passo em frente.
E, nestes tempos escuros, já seria algo. 
 

É este, meus amigos,
um jogo de bandidos
chamado de democracia
E.L. Masters, New Spoon River Anthology
Ipse dixit.

27 Replies to “Tem que ser Directa”

  1. Olha Max: os sentidos atribuídos a uma palavra também têm história. Acho que democracia está esvaziada do sentido original porque tem sido apropriada para todo tipo de "patifaria". Acabou desgastada, a coitada!Quanta coisa diferente das primeiras nomeações vem sendo atribuídas a democracia popular, participativa, parlamentar, representativa, direta…E essas metamorfoses de sentido são construídas justamente para produzir o que produzem: terem o dom mágico de santificarem realidades dantescas as quais o termo (sem história e sem contexto)é atribuído no contexto da sociedade de representação, onde uma característica marcante é construir a realidade no imaginário das pessoas em função do rótulo que lhe for interesseiramente atribuído. A pesquisa das origens da democracia, e em especial, da democracia direta, que parece que nos é cara, mereceria um post em ii. Seria interessante porque daqui a pouco democracia direta pode virar uma coisa que nem sonhamos de tão feia! Abraços

  2. clap clap clap clap clap! Aplaudo de pé, muito bom esse texto, serviu para validar e acentuar as dúvidas e inquietações que eu tenho sobre esse sistema político econômico grotesco e irracional em que vivemos.
    tive sorte ao encontrar este blog, pois sou brasileiro e se fosse esperar obter algum esclarecimento sobre qualquer assunto importante como os que são tratados aqui, definitivamente não poderia contar com qualquer meio de comunicação jornalístico (escrito, televisivo ou da internet) brasileiro.
    Em uma semana de "Informação Incorrecta" encontro mais conteúdo relevante do que em toda a minha vida (tenho 19 anos) recebendo informações filtradas, manipuladas, forjadas,etc. dessa mídia de mercado prostituída que impera em quase todo o mundo.

    Parabéns ao Max por este blog!

    Agora,Max, se estiver lendo este comentário, e já que estamos tratando de regimes político-econômicos, eu gostaria que você me desse a sua opinião ou quem sabe escrevesse um post sobre um documentário: Zeitgeist. Eu assisti às três edições de Zeitgeist e não sei se é porquê ainda sou incipiente, devido à minha pouca idade, nesse assunto complexo dos sistemas organizacionais humanos, mas eu achei muito pertinente o modelo proposto na terceira edição (Zeitgeist: Moving Foward).
    Ao meu ver o único obstáculo à implementação do modelo proposto em Zeitgeist é o despreparo intelectual da grande maioria da humanidade.

    Se você pudesse comentar sobre isso eu ficaria agradecido!

    Abraços.

  3. Anônimo: único obstáculo… porém um graaaaaaaaaaaaaaaaaaaaande obstáculo…

    As visões desse documentários são demais… comunistas… demais… utópicos… demais… simples e românticos…

    Mas com certeza é uma excelente porta de entrada para o mundo alternativo, com um pouco menos de teoria de conspiração do que a maioria dos meios…

  4. Olá anônimo brasileiro satisfeito com ii: como tu, eu também vivo satisfeita com ii, que frequento faz tempo. Chego a considerar o Max o melhor blogueiro em língua portuguesa, dos que conheço, a tratar de assuntos de economia, geopolítica e relacionados.Mas, como ultimamente tenho tido tempo livre, além de ler e conversar,ando passeando pela internet em português e espanhol, de blog em blog, só para ter uma ideia do universo no qual insipientemente me movimento. Acredita que tem gente boa escrevendo em meio a milhares de porcarias e muitas porcarias disfarçadas de coisa importante. Portanto não desiste de procurar bons blogs e também, passa por aqui, é claro, mas com um porém que julgo importante: o que o Max escreve deve ser lido no mínimo duas vezes, apesar da "incomparável leveza". Abraços

  5. Falando da democracia e então do socialismo?! faltou essa hein?

    Uma breve definição:

    comunismo (socialismo de classe),

    nazismo (socialismo de raça) ou

    fascismo (socialismo de nação)

    Movimento Zeitgeist (socialismo tecnicista).

    Mas é bom que tenhamos sempre a utopia… é isso que faz o homem sonhar, mas mesmo assim, continuo a achar a democracia como a tirania contra as minorias.

    Como muito bem disse o Regime que é ideal para uns, será o pior para outros e assim se vê, que não é possível existir esse regime.

  6. Jacques Fresco, promotor do Zeitgeist é apoiado financeiramente pelas elites capitalistas do petróleo e da alta finança. Cuidado com o que parece muito bonito… e não se esqueçam, pior do que todos os outros socialismos irá ser o tecnicista.

  7. EU sou o anônimo que abordou Zeitgeist.
    E vou me cadastrar no ii para que saia meu nome nos comentários.
    "Anônimo" não é agradável. hehehehe!

    Ao Anônimo que me respondeu: muito bom o texto que indicou, eu não o tinha lido porque encontrei o ii em janeiro deste ano e aquele texto é do ano passado. Quem o escreveu especificou que já foi simpatizante da ideias contidas em Zeitgeist,
    mas que dissidiu por discordar de alguns aspectos ideológicos daquele movimento. mesmo assim ele faz basicamente as mesmas indagações e chega às mesmas conclusões sobre a questão da organização sócio-política-econômica da humanidade que vemos em Zeitgeist, o que me faz acreditar que todos os esforços para encontrar a melhor forma de organização da humanidade convergem para um mesmo ponto, o que falta é, como eu citei no comentário anterior, que as pessoas tenham formação intelectual apropriada para que tenham a capacidade e sensibilidade de enxergar as opções a seguir, essa é a parte essencial,decisiva e também a mais difícil de ser feita.Essa é minha opinião.

    Quanto ao ricardo, que também respondeu meu comentário, eu acho que você também está no início, como eu, mas continuemos a nos aperfeiçoar.

    Quanto à Maria, a flor cintilante sem a qual o ii não seria o mesmo:
    Obrigado pela atenção e pela dica, e pode ficar tranquila que eu tenho uma ótima base didática para me imiscuir nesses assuntos nos quais grande parte das pessoas se alienam ao tentar compreender. Não serei manipulado ou enganado facilmente. Estou no início (tenho 19 anos) mas pretendo ir a fundo nas entranhas da humanidade.
    E eu também acompanho diversos outros blogs e fontes de informações que julgo confiáveis, pórem ii é um dos meus favoritos.

    Abraços a todos.

    E que audácia a minha ao achar que Max iria responder a um reles comentário como o meu heim! hehehehehe. mas tudo bem desde que ele continue com o ótimo trabalho.

  8. Caro Max, mais um excelente texto reflexivo, a ficha está quase caindo. Vejamos: a gansterista reptilianidade democraticamente absolutista que se apossou dos governos do mundo (com raríssimas exceções) não possui afeto, empatia ou amor. Muito menos amor incondicional. Vive de e da guerra. Não pode perceber em si e em tudo a energia do amor como a humanidade é capaz; e dela escarnece. A psicopata reptilianidade, não conseguindo compreender estes sentimentos humanos, se revolta contra essa nossa humanidade, não sem antes vampiresca e antropofagicamente alimentar-se de nosso medo e do horror que esta escravização e abuso gera em todos, do berço ao túmulo, e de cuja vibração negativa faz seu alimento primordial. Nós os sustentamos com a permanente vibração do nosso medo e ignorância distanciados de nossas reais ilimitadas capacidades de autonomia. Criaram este jogo chamado democracia, a farsa da alternância no poder em nome do povo. Que povo? Que poder? Somos escravos de uma elite que se intitula democrática desde a rainha da Inglaterra às Dilmas temporárias, tudo democraticamente bem organizado pelos seus reptilianos todo poderosos banqueiros na administração da escassez planejada de tudo. Drogado até a alma, o povo, inconsciente de seu milenar sonambulismo, continua (programado para não pensar fora da caixa) "votando democraticamente" na manutenção de sua perene escravidão em troca de pão e água, não tem o que comer mas tem celular e televisão. Mas, e o caviar, a champanha e as Ferrari? Muito pouco para chamarmos este "povo" de humanidade, não é não? E por falar em enganações democráticas sugiro http://infinitoaldoluiz.blogspot.com.br/2011/04/zeitgeist-o-4-reich.html
    Sinto muito, me perdoe, vos amo, sou grato.

  9. Poucas vezes tenho lido o que o Max escreve,principalmente pela falta de tempo, outras pela falta de interesse já que nem sempre os assuntos me parecem relevantes, talvez pela minha própria incompreensão dos fatos. Já que me termos de geopolítica ou economia é sempre a mesma cantilena, mas quando se fala em democracia, isso me lembra de um texto que escrevi quando tinha vinte anos e que tem o mesmo teor do que li hoje. Se eu ainda tivesse o texto, com certeza iria reproduzí-lo aqui.
    Certamente que a democracia como temos hoje nada mais é do que uma ditadura travestida para fazer crer que se vive em um estado de liberdade e de livre escolha. A democracia é um sistema falido e que ainda sobrevive como se fosse o canto das sereias já que atinge o ser humano naquilo que mais acredita que é a ingênua possibilidade de que o sistema é honesto.

    Existe alternativa para a democracia? É claro que sim, temos o Anarquismo como uma possibilidade, não o anarquismo deturpado como sinônimo de esculhambação.

    Se alguém tiver interesse em dar uma olhada sobre o assunto democracia não no aspecto ideológico, mas no aspecto matemático, deixo o link:

    http://prezadocarapalida.blogspot.com.br/2012/02/demostracao-matematica-da-impossivel.html

  10. Olá Anônimo que "continuo a achar a democracia como a tirania contra as minorias" Esta tua perspectiva da democracia coincide com a de várias vertentes anarquistas, com as quais pessoalmente nutro uma certa simpatia. A bem da verdade, tive a sorte de cruzar com grandes sujeitos que, se dizendo ou não anarquistas, vivem o seu ideário de tal forma, que me causam respeito e admiração (meu avô, um entre eles).Nas práticas sociais anarquistas, o pensamento-ação diferentes não demarca as desigualdades, que leva ao exercício da tirania, de nós sobre os outros, mas apenas marca a diferença, cujo convívio funciona a base de democracia direta( consensual) e federação.Mas há uma questão que nunca resolvi ou vi resolvida: o convívio com os antagônicos, aqueles que a convivência é só o exercício do poder de mando e dominação ou a subalternidade e aceitação passiva de uns sobre os outros. Nessa relação os anarquismos tem fracassado, enquanto revolução social, e só prosperam em pequenos grupos isolados.Resta a democracia direta como exercício da política, da sociabilidade, da educação para uma sociedade menos truculenta e hipócrita, é o que me parece plausível. Abraços

  11. "Nestas Democracias industriais e materialistas, furiosamente empenhadas na luta pelo pão egoísta, as almas cada dia se tornam mais secas e menos capazes de piedade."
    Eça de Queirós

    http://www.citador.pt/frases/nestas-democracias-industriais-e-materialistas-f-eca-de-queiros-19823

    Esta é uma opinião obviamente muito pessoal, mas acho que onde existem pessoas não existem soluções ideais… não temos pessoas "ideais" para que se consiga obter uma solução "ideal".

    Mais uma vez uma opinião muito pessoal, para mim a democracia directa será o melhor caminho, agora conseguir chegar lá… neste rectângulo cheio de sol e boa comida, cada vez me convenço mais que sem uma liderança decente e muito mais conhecimento do que significa democracia directa, e da responsabilidade que isso implica para cada um… sem isso, não vai lá.

    É ver até que ponto temos de democraticamente enterrar-nos todos para que a maioria perceba que podem até existir muitos caminhos, mas o actual.. não é para nós, nem para ninguém.
    Não passa de mais e mais do mesmo. Os mesmos a especular e roubar e os mesmos a pagar.

    Abraço
    Rita M.

  12. Democracia? só mesmo de nome, podem chamar-lhe democracia, mas nos não vivemos numa democracia, devia-se chamar outra coisa qualquer.

    A "pseudo-democracia" em que vivemos, parecem aqueles anúncios das tele-vendas, que nos conseguem convencer que aquilo é mesmo muito bom e temos que comprar.

    Mas nos fim de contas temos o que merecemos, os humanos gostaram sempre da ideia do Messias que iria defender os seus interesses, chutamos sempre para o canto nesta matéria, esperamos que os outros decidam e defendam os nossos interesses, como é óbvio isso nunca irá acontecer.

    Democracia directa acho que devia ser o próximo passo, para colocar nas mãos do povo alguma responsabilidade.
    Convenha-se dizer que tem sido bastante cómodo para nós até agora, basta lá meter a cruz, e já temos uns indivíduos(quanto mais corruptos, melhor) em que podemos descarregar a frustração de não conseguirmos viver em sociedade igualmente.

    Saudações

  13. Queria dizer ao Anónimo que insinuou que Jacque Fresco é financiado pelas elites financeiras que pode estar descansado pois ninguém das "elites" está interessado no seu trabalho e é graças a donativos e contribuições de pessoas anónimas como eu e você que o Projecto Vénus continua vivo.
    O Movimento Zeitgeist deixou de estar intimamente ligado ao Projecto Vénus e hoje é um dos maiores movimentos sociais no planeta que advoga a transição para um novo modelo social igualitário onde deixaremos de pensar nas coisas pelo seu valor monetário e estaremos livres para fazer o que é possível fazer com os recursos que existem hoje e só não se fazem porque não há dinheiro que chegue.
    Os sistemas não são bons ou maus intrinsecamente, são as pessoas que o constroem que o definem e se todos participarmos nessa construção podemos tornar-lo no que nós quisermos.

  14. Sempre com alguns problemas de odontologia (na minha vida anterior devo ter sido um verdadeiro vilão), vamos postar algumas respostas.

    @ Zeigeist: vi um vídeo Há bastante tempo e gostei. Mas já lembro pouco dele, por isso hoje vou vê-lo outra vez, assim serei capaz de dizer alguma coisa.

    @ "E que audácia a minha ao achar que Max iria responder a um reles comentário como o meu heim!"

    A questão das respostas aos comentários sempre foi um grande (e grave) problema deste blog. Um pouco por questões de tempo, um pouco por preguiça, um pouco porque muitas vezes há comentários de Leitores que já respondem, um pouco porque os temas já tinham sido tratados, a verdade é que participo muito menos de quanto deveria.
    Não é por causa duma suposta "superioridade" minha ou porque considere "escassos" determinados comentários, as razões são apenas aquelas que citei antes. Nos últimos tempos (e já são meses), como se não bastasse, há também sérios problemas de saúde (dentes) pelos quais passo os dias quase drogado por causa de todos os medicamentos. Não é uma cárie ou uma extracção, é algo mais complexo. Por isso, como já escrevi, o blog perdeu também alguma regularidade nas publicações. Mais uma vez, lamento e conto retomar a "normalidade" no prazo de alguns dias (pelo menos, espero, pois estou bem farto desta situação…).

    @ Maria: Há óptimos blogues em língua portuguesa. O problema é que ficam submergidos no oceano da porcaria. Talvez não seja tão mau, afinal é como procurar diamantes: no meio de tanta lama, encontrar um é razão de grande alegria.
    Mais: nunca falámos deste assunto, mas acho que consultar vários blogues ao mesmo tempo é fundamental para conseguir construir uma ideia que seja nossa. Já aconteceu comigo: tinha uma ideia, discuti isso com um colega blogueiro e consegui ver um ponto de vista que antes não tinha considerado.

    "Chego a considerar o Max o melhor blogueiro em língua portuguesa, dos que conheço, a tratar de assuntos de economia, geopolítica e relacionados" Lolol, muito obrigado Maria, mas não posso deixar de sorrir: sou italiano e nem escrevo bem em Português!
    (continua)

  15. @ Democracia e Socialismo:

    – comunismo (socialismo de classe). Em teoria, pois os exemplos práticos foram até hoje Capitalismo de Estado e/ou culto da personalidade.

    – nazismo (socialismo de raça)
    Absolutamente não. O aspecto racial era instrumental na doutrina nazista: não caiam na infantil retórica dos vencedores. Tentem ler o livro Mein Kampf (sei que em alguns Países é proibido).

    – fascismo (socialismo de nação)
    A corporações, meus amigos, as corporações!

    – Movimento Zeitgeist (socialismo tecnicista).
    Tenho que rever o filme.

    @ Aldo Luíz.

    Aldo e eu não concordamos acerca dos reptilianos: eu continuo a pensar que precisamos de reconhecer as nossas culpas, os nossos erros, a nossa não-acção sem introduzir um elemento de desculpa como os reptilianos.

    É triste, mas o mal que existe tem a mesma origem do bem: nós.

    Mas, apesar deste pormenor, as análises coincidem e é sempre um prazer ler as reflexões deles.
    "Drogado até a alma, o povo, inconsciente de seu milenar sonambulismo, continua (programado para não pensar fora da caixa) "votando democraticamente" na manutenção de sua perene escravidão em troca de pão e água,!".
    Nada mais, Aldo, nada mais.

    @ Tibiriçá.

    "Poucas vezes tenho lido o que o Max escreve".
    Horror, catástrofe e blasfémia!!!
    Tibiriçá: -100 pontos.

    "Existe alternativa para a democracia? É claro que sim, temos o Anarquismo como uma possibilidade, não o anarquismo deturpado como sinônimo de esculhambação".

    Pois. O Anarquismo nunca será apresentado como uma possibilidade: permanecerá como sinonimo de "caos, confusão, falta de regras".
    É precisa boa vontade para procurar os textos, informar-se e descobrir o que realmente é o Anarquismo.

    Enquanto o Comunismo ou o Socialismo são aceites (e hoje desenvolvem um preciso papel na nossa sociedade), o Anarquismo será sempre combatido pelas elites políticas.

    Haverá uma razão, não é?

    @ "Parece que o Max deixou escrito que este texto não é dele, mas sim de E.L. Masters, New Spoon River Anthology".

    (!!!)

    Na verdade o texto é meu, só a última frase é deste E.L.Masters, um blogueiro americano.

    @ Maria:
    "Mas há uma questão que nunca resolvi ou vi resolvida: o convívio com os antagônicos, aqueles que a convivência é só o exercício do poder de mando e dominação ou a subalternidade e aceitação passiva de uns sobre os outros. Nessa relação os anarquismos tem fracassado, enquanto revolução social, e só prosperam em pequenos grupos isolados."

    A escola anárquica italiana tinha começado a enfrentar este problema no começo do século XIX. Só que depois acabaram as balas…

    @ Rita: Definitivamente tenho que começar a ler este Eça de Queirós…

    @ Carlos Janeiro:
    Bem visto, continuar a chamar "Democracia" o nosso regime é fundamentalmente um erro. Nem "Democracia representativa" consegue ser uma definição apropriada, pois já estamos além desta fase.

    @ Helder:
    Tenho que rever o filme. Acho que vou fazer isso mesmo após o jantar.

    Para todos: Grande Abraço e obrigado!!!

  16. helder mc:

    nos comentários do texto acima "linkado" está referido que sim, zeitgeist e fresco já não nada a ver e fresco está agora associado à exemplar zero. Porta-voz: um actor. onde discursou já? nações unidas. isto não cheira bem.

  17. Olá Max:"Lolol, muito obrigado Maria, mas não posso deixar de sorrir: sou italiano e nem escrevo bem em Português!" Tu és italiano e eu sou brasileira, e daí? Para escrevermos em português (castiço) deveríamos ter nascido/vivido em Portugal?Eu, quando comento aqui, e escrevo uma palavra em inglês, escrevo errado, louquinha para que um colega comentarista me corrija, e eu possa discutir a questão. Pena (ou felizmente) que os colegas não dão importância ao fato. Em certos momentos,te escapa uma palavra em italiano, ótimo, me permite perceber onde o texto mais te afeta, mais do que o teu desconhecimento da língua portuguesa. Pelo visto, tuas justificativas aqui são insuficientes para mim. Então te proponho que me apontes os melhores blogs, na tua opinião, que eu vou adorar saber. Abraços

  18. ZEITGEIST REFUTADO nesses 2 vídeos:

    Eu ainda fico na opinião de que o Zeitgeist possui segundas intenções, pois direciona e mostra apenas 1 caminho e apenas as sujeiras que acham pertinentes para seus objetivos. Foca muito no cristianismo e usa autores ocultistas para difamá-lo, mostra apenas a Nova Ordem dos EUA, esquecendo do plano Eurasiano do império Russo-Chinês. Fala em um plano de governo global mas no final propõem exatamente isso, a união dos povos e a extinção das soberanias e dos exércitos.

  19. Que texto magnífico! Parabéns Max! Eça de Queirós é um boa escolhas; As Farpas são particularmente actuais. Eu sugeria o anarco-sindicalismo na linha de Noam Chomsky…

  20. Já não sei em que livro foi, que o Eça escreveu:

    "Este governo não cairá porque não é um edifício. Sairá com benzina porque é uma nódoa."

    Quantas e quantas nódoas desde então…

  21. A propósito de transformação do modelo democrático em uso, para um realmente representativo e acima de tudo participativo, recomendo a leitura de "A Revolução que falta fazer" de Saturnino Monteiro.
    Devido à limitação de exemplares disponíveis – edição de autor com 500 exemplares, já pedi autorização ao autor para a sua divulgação digital. Caso a obtenha partilharei uma cópia em pdf.

  22. @ Anónimo
    A associação do sr Fresco à Exemplar Zero foi abusiva e ninguém do Venus Project pretende estar asociada a essa iniciativa privada com fins obscuros. O sr. Fresco foi também convidado para fazer projectos para a Masdar City e recusou quando soube que esse projecto tinha fins comerciais.

    @ Max
    O Movimento Zeitgeist não se resume aos 3 filmes que Peter Joseph criou. Os filmes apenas descrevem o ponto de vista pessoal do realizador.
    Quando falas em ver o filme deves estar a referir-te ao 1º filme que é o mais controverso e que é o de que menos gosto pois é só no segundo e mais no 3º que se apontam alternativas ao sistema actual.
    O 3º filme (Moving Forward) é aquele que mais representa o sentimento geral do movimento actual mas como o movimento é plural alguns membros ainda se fixam pelas conspirações e portanto adoram o tal 1º filme.
    Para quem quer conhecer melhor o movimento aqui fica o site http://www.zeitgeistportugal.org/
    E aqui o documentário 'O dinheiro à grande e à portuguesa' produzido pelo movimento http://www.youtube.com/watch?v=EfKX1DQhJVY

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