Yellowcrude

Quem não conhece Zé Colmeia?
O simpático urso que com o amiguinho Catatu vive no Parque de Yellowstone?
No meio das árvores, da natureza e do petróleo?

Do petróleo???

O quê? Ainda não sabiam?
Ah, pois é: um pequeno acidente, nada de grave, só 160 mil litros de ouro negro que acabaram no Rio Yellowstone. Que, como o nome deixa entender, passa no meio do Parque.

Mas como é que o petróleo terá chegado até aí? Não é uma área protegida?
É, protegida é. Mas não contra a estupidez.
Caso contrário não se entende como foi possível construir uma pipeline perto do rio que atravessa a zona protegida. Um pequeno problema e, ops!, o crude foi para o parque.

Pouco mal faz saber Gary Pruessing, Presidente da Exxon Mobile Pipeline, segundo o qual as pesquisas têm mostrado apenas um dano limitado numa área de 16 quilómetros.
E, de facto, pensamos nisso: o que são 1.000 barris de petróleo num rio que atravessa um parque?

Mas o governador do Montana, Brian Schweitzer, que deve ser uma pessoa muito negativa, diz que não, que não é nada disso:

Esta zona é muito selvagem, e eles não fazem ideia se forem 5, 50 ou 100 milhas, apenas fazem suposições. O Rio Yellowstone é importante para nós. Temos de realizar inspeções no rio com barcos de pequeno porte, o mais rapidamente possível.

Pessimista. Alarmista. E trágico. É o mínimo que se pode dizer dum indivíduo assim. A Exxon Mobile ia mentir? E por qual razão? Que ganha com isso? Aliás, deveria apresentar um cenário bem pior: é sempre publicidade, e de borla também.

Não esquecemos depois que esta empresa desenvolve um papel de todo o respeito. Com o pipeline Silvertrip pega no petróleo extraído das areias betuminosas do Estado de Alberta, no Canadá, e transporta tudo até as refinarias de Billing, no Montana.

Além disso, e para boa sorte, o rio está a trabalhar bem: com uma velocidade de 10 km/h e um nível acima do normal, está a transportar o vazamento nas zonas mais calmas bem no interior do parque.

Aí o petróleo poderá depositar-se nas pequenas áreas tranquilas, no meio da vegetação, e desaparecer da vista.
E, como sabemos, o que os olhos não vêem o coração não sente (que tomem nota na BP, com a mania dos esvaziamentos no meio do mar).

Os únicos a reparar serão os castores, animais sem nenhuma utilidade pública que passam a vida a abater árvores. Estes sim que são os inimigos da Natureza.

O verdadeiro problema é outro: por qual razão a pipeline Silvertrip explodiu? Ainda hoje, passadas 72 horas, a causa do acidente é desconhecida.

Alguns pensam que o problema seja uma consequência das fortes chuvas na região ao longo dos últimos meses, e lembram que já em 2009 e 2010 duas inspecções tinham declarado a estrutura não confiável. Apesar disso, a Exxon decidiu continuar a trabalhar, pois todos sabemos que os inspectores são pessoas pessimistas, alarmistas e trágicas.

Por isso: uma fatalidade.
Ou uma justa punição: a Natureza minou a estabilidade do pipeline com as fortes chuvas, agora será a mesma Natureza a pagar as consequências.

Afinal há justiça neste mundo.

Ipse dixit.

Fonte: Il Cambiamento

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