A retoma não é para todos. E não é para já.

Continuamos esta panorâmica no mundo da economia dos Estados Unidos com alguns gráficos.
As palavras são bonitas, em particular as de quem afirma que “o pior já passou”, mas os dados são sempre a melhor fonte.

Gráfico 1

O primeiro gráfico não precisa de grandes explicações. Segundo os dados do Departamento do Trabalho dos EUA, as previsões para as horas de trabalho semanais são negativas: uma vez acabada a subida na primeira parte do ano, a situação no terceiro trimestre volta a piorar.
Mesmo assim estamos ainda longe da queda abrupta de 2009. O que preocupa neste caso é a tendência.

Gráfico 2

Ainda previsões a curto prazo: a procura interna deverá descer.

Gráfico 3

O segundo gráfico é assustador, pois não é uma previsão mas a fotografia da actual situação.
Este é o ratio entre a população e os trabalhadores. Na verdade o nível de emprego nunca recuperou desde a queda sofrida entre o período 2008/2009.

A fontes destes gráficos? Nada mais nada menos que Goldman Sachs.

Num relatório, Jan Hatzius, economista chefe da Goldman, alerta que “o abrandamento do segundo semestre já começou”.

Hatzius afirma:

Isso é consistente com nossa previsão dum crescimento significativamente mais lento, de apenas 1,5% no segundo semestre de 2010. Há alguns riscos de descida na previsão de um retoma gradual em 2011 (cerca de 3% em uma base Q4/Q4). […] Uma implicação é que a desaceleração deverá ser concentrada no sector dos bens de produção, que já gozava de um aumento desproporcional do ciclo de estoques.

A experiência histórica que aponte para uma queda no início de 2011.

O relatório do emprego de Junho também aponta para um abrandamento significativo da produção. Apesar das folhas de pagamento terem registado outro (pequeno) ganho, a semana de trabalho foi reduzida em ½ hora (gráfico 1).

Esta é uma queda muito grande em relação aos padrões históricos.
Este pode ser um sinal de que o sector manufactureiro pode estar perdendo a vapor ainda mais rapidamente do que o sugerido pelo relatório ISM de Junho.

Mesmo fora do sector manufactureiro, o relatório do emprego de Junho foi fraco.
Isto foi mais evidente na pesquisa domiciliar, onde a queda da taxa de desemprego de 9,7% para 9,5% deveu-se inteiramente a um grande declínio da força trabalho. Um indicador mais preciso é a diminuição do emprego / população de 58,8% em Abril para 58,7% em Maio e, em seguida, para 58,5% em Junho (gráfico 3).

Um dado a reter: agora a retoma ficou deslocada em 2011. E será “gradual”…

Fonte: ZeroHedge , Il Grande Bluff

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