Qual o jogo?

Há algo de errado.

Banco Central Europeu e o FMI aplaudem os duros cortes feitos pelos Países em situação de risco da zona do euro.

“Sacrifícios necessários”, feitos para o bem comum.

E uma pessoa aceita o sacrifício se houver um objectivo: aperta o cinto porque está convencida que as coisas irão melhorar.
Então no dia seguinte, olhamos para as reacções: queda das Bolsas europeias, Euro a pique.

Explicação: os operadores têm medo, medo que as medidas tomadas possam afectar a recuperação económica.

Mas isso não é novidade: escrevemos o mesmo ontem. É óbvio: ao tirar dinheiro das carteiras dos cidadãos, os consumos caem. E com os consumos a cair a economia sofre.
Não é preciso ser economista para entender um mecanismo tão simples como este.

As mentes pensantes de Bruxelas não tinham previsto isso? Impossível.

Numa situação já complicada, eis que aparece o génio da turma: Josef Ackermann, número um da Deutsche Bank, numa entrevista à ZDF, manifestou sérias dúvidas sobre a capacidade da Grécia para pagar a totalidade da sua dívida, acrescentando que Atenas deve ser estabilizada pois um “colapso” seria “definitivamente” desastroso para outros países e poderia causar um “meltdown” da Zona Euro.

Traduzido: “Sim, decidimos ajudar a Grécia mas não acreditamos nela. De facto deitámos o nosso dinheiro no lixo. Ah, ia esquecendo: também o Euro vai desaparecer”.

E os mercados reagem mal? Olha as coisas esquisitas que acontecem.

E uma dúvida aparece: mas estamos todos a remar na mesma direcção?

Se a resposta for “sim”, então não seria mal nomear um porta-voz oficial da área do euro, única pessoa capaz de fazer declarações. Os outros, por favor, calados.

Se a resposta for “não”, então podemos deixar tudo como está e permitir que cada um abra a boca para dizer a primeira coisa que passa pela cabeça. Com as consequências que já podemos observar.

Mas neste último caso vai ser complicado convencer as pessoas do que os sacrifícios são necessários para o bem comum.
Porque desde ontem ficou claro que a festa acabou. E quando uma festa acaba é fácil ficar com dor de cabeça e um pouco de nervosismo.
Quando isso acontece, a última coisa que queremos é encontrar alguém que fale, fale, fale…

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