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A bio-caixa de Pandora

Não vamos entrar directamente na questão dos laboratório biológicos da Ucrânia. Apesar da Rússia ter pedido uma reunião da ONU acerca do assunto, apesar da OMS hoje ter recomendado à Ucrânia que destrua “agentes patogénicos de elevada ameaça” alojados nos laboratórios do País, a verdade é que faltam provas conclusivas (os documentos que Moscovo afirma ter mas que ainda não divulgou). E, em qualquer caso, não podemos esquecer que aqui fala-se apenas do Ocidente, enquanto nada é sabido acerca das homólogas actividades da Rússia neste campo.

A principal razão é que, contrariamente ao que acontece em Moscovo, a Defense Threat Reduction Agency, ramo do Pentágono que lida com a defesa biológica, externalizou grande parte do seu trabalho militar para empresas privadas, que não são consideradas responsáveis perante o Congresso e podem operar mais livremente e assim contornar as regras internacionais. Estas empresas funcionam essencialmente como intermediários com as actividades das empresas multinacionais de medicamentos, incluindo, obviamente, Pfizer. Moderna e os outros, que estão particularmente interessadas neste tipo de experiência e que em troca fornecem tecnologias para a manipulação de agentes patogénicos.

Entre estas empresas, as mais conhecidas são a CH2M Hill, que recebeu 341.5 milhões de Dólares em contratos ao abrigo do programa do Pentágono para bio-laboratórios na Geórgia, Uganda, Tanzânia, Iraque, Afeganistão e Sudeste Asiático; a Battelle, que trabalha neste campo há décadas e tem 2 mil milhões de Dólares em contratos com os militares dos EUA; e Metabiota.Inc, que recebeu 18.4 milhões de Dólares em contratos federais ao abrigo do programa DTRA do Pentágono na Ucrânia para serviços de consultoria científica e técnica.

Pegamos no caso da Metabiota, por exemplo: os seus serviços incluem investigação global sobre bio-ameaças, descoberta de agentes patogénicos, resposta a surtos e ensaios clínicos. No passado foi alvo de acusações de manipulação de dados e de criação de testes que diagnosticavam doenças em sujeitos saudáveis.

Nesta altura é lícito perguntar quem é que financia a Metabiota: assim descobrimos que, além de receber dinheiro do Departamento do Pentágono através da empresa Black & Veatch, foi financiada pela Rosemont Seneca Partners, uma empresa de fundos de investimento propriedade de Hunter Biden, filho do Presidente e conhecido especulador na Ucrânia, enteado de John Kerry.

O dinheiro chegou através de uma filial da Rosemont Seneca Technology Partners (RSTP), subsidiária da Rosemont Seneca Technology Partners. Tudo isto foi agora apagado da rede, mas subsistem vestígios da relação com a Metabiota, e não é por acaso que o antigo CEO e co-fundador da RSTP, Neil Callahan (um nome que aparece muitas vezes no disco rígido de Hunter Biden), também faz parte da direcção da Metabiota.

É tudo? Não. Esta empresa está desde 2014 em parceria com a EcoHealth Alliance no âmbito do projecto “PREDICT” da Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que procura “prever e prevenir as ameaças globais de doenças emergentes”. E como sabemos, a Eco Alliance tinha sido financiada por Anthony Fauci para estudos de ganho de funções em Wuhan, actividade que tinha começado em 2014, quando tinha havido uma moratória sobre tais estudos nos EUA. .

Tudo isso é só para ter uma vaga ideia do que estamos a falar. Vamos ver se a questão dos laboratórios biológicos irá para frente, porque, no caso, o risco é aquele de levantar a tampa duma autêntica Caixa de Pandora. E o interesse de muitos (mas não o nosso) é que certas coisas permaneçam bem fechadinhas.

Bom bio-fim de semana.

 

Ipse dixit.