Site icon

Coronavirus, 5G e censura

Uma das tentativas para explicar a actual “pandemia” de Coronavirus tem sido a contemporânea implementação da nova rede 5G.

Como reza a inoxidável Wikipedia:

O 5G (Quinta Geração de internet móvel ou Quinta Geração de sistema sem fio), representa a futura geração de telecomunicação móvel. O 5G já vem sendo estudado para substituir o 4G e ter a próxima geração lançada dentre os próximos 10 anos, seguindo o mesmo padrão de evolução das demais gerações anteriores.

De facto, a rede 5G substituirá a actual 4G para oferecer a Internet das Coisas (IOT, Internet Of Things), mas a modalidade de funcionamento preocupa. A banda operacional da rede 5G pode chegar àquela correspondente às microondas, entre 3 GHz e 300 GHz: será que isso pode influenciar negativamente a saúde humana?

Dado que o foco deste artigo não é a rede 5G mas a sua eventual interferência com a actual “pandemia”, vamos ver quais os argumentos utilizados por quem defende existir uma conexão entre os dois assuntos.

5G e sistema imunitário

A primeira hipótese é que a rede 5G enfraqueça o sistema imunitário dos seres humanos: a “pandemia”, portanto, seria o resultado deste enfraquecimento. Esta hipótese é facilmente desmentida: se assim fosse, nesta altura haveria uma autêntica explosão de doenças infecciosas porque o Coronavirus é apenas um da miríade de agentes patogénicos contra o qual o nosso sistema imunitário luta a cada dia.

E dado que o Coronavirus nem é o agente patogénico mais agressivo (tomara fosse…), nesta altura o número de óbitos já teria disparado até valores dignos de Dia do Juízo. Pelo que: a 5G não enfraquece o sistema imunitário.

5G e SARS-CoV-2

A única possível alternativa poderia ser o pensar numa interferência específica entre as ondas da rede 5G e o vírus SARS-CoV-2, o responsável da “pandemia”. Doutro lado, já a rede 3G tinha sido indicada como a responsável da SARS na altura e a sucessiva 4G foi culpada da Gripe Suína. Portanto cada rede tem a sua própria “pandemia”. Mas o que falta? Falta o elo. E não é um pormenor.

Não é suficiente afirmar “a rede 5G torna mais agressivo (ou até desenvolve) o SARS-CoV-2”, é preciso demonstra-lo. E é neste ponto que a teoria trava bruscamente: não há nenhuma demonstração neste sentido. Não é que falte apenas “a prova conclusiva”: é que não há maneira de demonstrar uma qualquer ligação entre as ondas utilizadas pela rede 5G e o vírus.

Pelo contrário: o que sabemos do ciclo de “vida” (entre aspas, pois falamos dum vírus) diz que em momento algum o SARS-CoV-2 depende ou reage perante à presença de energia electromagnética ambiental, o mesmo tipo que existe na atmosfera que nos rodeia.

Repito: o que está em análise aqui não é o perigosidade da rede 5G no geral, pois este é um assunto bem mais amplo e não pouco controverso. Aqui a atenção é focada exclusivamente no relacionamento entre rede 5G e Coronavirus.

5G, antenas e revolução

Uma outra explicação fornecida pelos apoiantes da teoria do 5G é que a “pandemia” seria uma operação de cobertura para a instalação das antenas 5G. Na prática, um chamariz para distrair o povo enquanto as empresas de telefonia plantam as antenas por cima das nossas cabeças.

Esta afirmação parte dum princípio: sem a “pandemia”, os cidadãos notariam os trabalhadores que instalam as antenas e, unidos por um sentimento de revolta, começariam a impedir os trabalhos e a abater as antenas. Suponho também que a seguir seriam atacados os Parlamentos, presos os políticos e, por fim, guilhotinados ao grito de “Liberdade, Irmandade, 1G!” (sendo esta última a única rede que não foi associada a nenhuma pandemia).

Mas também este princípio é facilmente desmontado: não é precisa nenhuma acção de cobertura, pois as antenas do sistema 5G começaram a ser instaladas antes da “pandemia” e não houve revolução nenhuma. Em vários Países os testes da rede 5G foram começados em 2018 e, a seguir, a rede está em fase de implementação e activação desde os primeiros meses de 2019: tudo decorreu sem problemas. Aliás, estou pessoalmente convencido de que se, houvesse um inquérito, a maioria dos utilizadores de internet móvel seria bem feliz de poder utilizar a 5G já agora.

5G e focos de infecção

Em internet é possível encontrar (entre outros) este mapa:

No mapa acima os lugares onde é operativa a rede 5G, no mapa abaixo os focos iniciais de Coronavirus. Muito impressionante, não é? Pena que não signifique nada, porque ao confrontar os mesmos tipos de mapa de outros Países não conseguimos encontrar a mesma correlação, bem pelo contrário.

Pegamos no exemplo aqui do burgo: Portugal. Onde está activa a rede 5G na terra de Camões? A rede 5G está a ser testada em Lisboa pela operadora MEO mas o principal foco do Coronavirus fica no Norte, onde a rede nem se encontra em fase de teste.

Em Italia a rede 5G está disponível em várias cidades italianas, entre as quais Milano e Brescia. Mas não Bergamo. Doutro lado, a 5G está já disponível em Genova (no Norte), em Roma (Centro) e Napoli (Sul), realidades que de certeza não podem ser consideradas “focos de infecção”.

E que dizer da Irlanda? Tem um das mais desenvolvidas redes 5G da Europa mas está quase a ser ignorada pela “pandemia”.

Mais: a notícia segundo a qual a cidade de Wuhan foi a primeira a ter uma cobertura 5G é falsa. O governo de Pequim tem implementado a rede em várias localidades em simultâneo: Wuhan é apenas uma delas, ao ponto que hoje a China tem a maior rede 5G em funcionamento.

5G como arma

Encontrei isso também, mas não consigo imaginar a ligação entre 5G e “pandemia”. Qual a necessidade de implementar uma falsa pandemia? Para esconder o potencial da nova arma? Esconder aos nossos olhos? Qual o sentido? Nos laboratórios militares deve haver milhares de armas que desconhecemos, o facto da rede 5G poder (eventualmente) ser utilizada como arma não justifica uma pandemia.

Esconder o facto de que a rede 5G pode (eventualmente) provocar doenças? Então é criada logo uma pandemia? Isso é estúpido.

A rede 5G é uma arma utilizada para provocar doenças que requerem perigosas vacinas? Mas aqui voltamos a quanto afirmado antes: em momento algum o SARS-CoV-2 depende ou reage perante à presença de energia electromagnética ambiental. Para apoiar a teoria da 5G como arma contra o nosso DNA (ou contra o RNA dum vírus) é preciso antes demonstrar que a rede 5G consiga alterar o DNA (ou RNA) nas frequências e potências nas quais é utilizada. E até agora ninguém conseguiu este resultado, porque não é correcto bombardear um DNA (ou RNA) com potentes doses de microondas: é preciso utilizar as mesmas frequências e potências utilizadas pela normal rede 5G, aquela que alcança os nossos smartphones.

Lamento, mas não consigo encontrar nenhuma ligação entre 5G e Coronavirus. Se os Leitores tiverem conhecimentos ou dados que demonstrem o contrário, então façam o favor de envia-los. Mas, por favor, não enviem artigos do tipo “o Dr. Xin Pop Corn no seu laboratório atirou um feixe de microondas contra os ratos e estes sofreram mutações incríveis” porque não faz sentido: experimentem ligar o microondas no máximo e enfiar no forno a vossa cabeça, vão ver se sofrem alterações ou não. As comparações apenas são possíveis utilizando as frequências e as potências em jogo numa normal rede 5G.

Antes de concluir, vou repetir mais uma vez: este artigo não pretende apresentar a rede 5G como inócua mas demonstrar que não existe nenhuma ligação entre esta tecnologia e a actual “pandemia” de Coronavirus.

5G e Censura

Uma curiosidade.

Para redigir este artigo procurei vários termos com o motor de pesquisa Google. A intenção era obter dados que apoiassem a correlação entre 5G e Coronavirus. Mas algo “estranho” aconteceu.

Por exemplo, ao inserir no campo de pesquisa a frase inglesa 5g causes coronavirus (“5G provoca coronavirus”), os resultados fornecidos vão exactamente no sentido oposto: são listados artigos que desmontam esta teoria. Intrigado, procurei coronavirus is a flue (“coronavirus é uma gripe”) e o misterioso fenómeno repetiu-se.

Mudando para o motor de pesquisa e utilizando DuckDuckGo, o fenómeno desaparece.

Estamos entendidos, não estamos?

 

Ipse dixit.

Nota: Para consultar o estado da rede 5G nos vários Países é possível utilizar o portal nPerf.