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Covid: a variante Omicron

Só uma curta actualização acerca da Covid: tenho uma infeção num dedo e custa-me escrever. Covid dedal? Muito provável.

Como alguns Leitores devem ter observado, existe uma nova variante. E, obviamente, é muito mais perigosa de todas as anteriores, mais transmissível, mais tudo.

A nova variante, antes conhecida como B.1.1.529 agora como Omicron, alarmou vários Países e as autoridades sanitárias mundiais, bem como provocou a queda dos mercados bolsistas na Ásia e novas tensões nos mercados europeus (Ásia: Tokyo -2.5%, Hong Kong -2.3%, Shanghai -0.5%, Shenzhen -0.2%, Seul -1.5%. Europa: Paris -3,4%, Frankfurt -3.1%, Madrid -3.2%, Londresa -2.9%, Milano -3.7%).

No espaço de poucas horas, a presença de Omicron foi identificada não só na África do Sul e Países vizinhos, mas também em israel, na Bélgica (pelo menos um caso) e agora na Alemanha também.

Segundo os relatos, a variante  Omicron tem um número muito elevado de mutações na proteína spike, aquela em que as vacinas supostamente actuam, e isso poderia dar ao vírus uma “vantagem” quer em termos de aumento da infecciosidade quer em termos da sua capacidade de contornar a protecção oferecida pelas vacinas. Mas vamos ver o que dizem os especialistas com o resumo do artigo do Corriere della Sera.

Origem

Os primeiros casos sequenciados foram encontrados separadamente (e quase simultaneamente) nos laboratórios no Botswana e Hong Kong (onde a variante chegou transportada por um viajante da África do Sul). A África do Sul seguiu de perto a 22 de Novembro, após análise das amostras recolhidas entre 14 e 23 de Novembro. O país de origem da variante não é conhecido, pois a detecção depende da capacidade de rastreio dos laboratórios: África do Sul, Botswana e Quénia têm uma capacidade de sequenciação mais elevada do que outros países africanos. Mais de 80% dos 5.4 milhões de genomas SARS-CoV-2 carregados na base de dados internacional da Gisaid provêm da América do Norte e da Europa.

Difusão

Ainda não sabemos. Em muitas partes do mundo as fronteiras estão abertas e as viagens foram retomadas: a identificação de casos pode ser apenas uma questão de tempo. Por agora sabemos que na África do Sul os positivos estão a aumentar rapidamente, particularmente em Gauteng (uma área urbana que inclui Pretória e Joanesburgo), mas também no noroeste do país e no Limpopo. As taxas de positividade em Tshwane (parte de Guateng) aumentaram nas últimas 3 semanas de menos de 1% para mais de 30%. A África do Sul comunicou 2.465 novos casos na Quinta-feira, um aumento de 321% em relação à semana anterior. Estima-se que 90% sejam devidos à nova variante, que suplantou a Delta no País. Oficialmente, existem 85 casos confirmados (por testes genéticos) a nível mundial (77 na África do Sul, 4 no Botswana, 2 em Hong Kong, 1 na Bélgica e 1 em israel), mas existem investigações sobre outras possíveis introduções (incluindo mais 2 em israel, bem como 990 casos a serem testados na África do Sul).

Sintomas

Os casos ainda são poucos e a vigilância só começou há poucos dias. O South African National Institute for Communicable Diseases (NICD), o instituto público de referência para as doenças infecciosas, escreve: “Actualmente, não foram relatados sintomas invulgares após uma infecção com a variante B.1.1.529 e, tal como com outras variantes, alguns indivíduos estão assintomáticos”.

Vacinas

Desde o início da pandemia, foram reconhecidas mais de 1.500 estirpes diferentes do vírus SARS-CoV-2, e até agora existem quatro variantes definidas como “de preocupação” pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Especialistas sul-africano disseram: “Com base na nossa compreensão das mutações nesta linhagem, é provável que haja uma fuga imunitária parcial, mas é provável que as vacinas ainda ofereçam elevados níveis de protecção contra a hospitalização e a morte”. Outros cientistas disseram que estavam mais alarmados porque o perfil genético da variante tem vários traços que consideram “desfavoráveis”. No entanto, dizem, as mutações trabalham frequentemente em conjunto, pelo que é impossível prever o que esta combinação específica pode significar. Houve casos de reinfecção por pessoas vacinadas (mesmo com a terceira dose). Do genoma da nova variante deduzem-se outros detalhes pouco tranquilizadores: sabemos exactamente quais as partes do vírus que reconhecem terapias baseadas em anticorpos monoclonais, e algumas delas mudaram na linhagem Omicron. Conclui o diário: “Obviamente que é demasiado cedo para conclusões, mas há motivos para alarme”. Alarme? Sempre!

Cientistas e peritos

O Ministro britânico da Saúde explicou que a nova variante “pode ser mais transmissível, pode ter um impacto diferente sobre os infectados, e as vacinas podem ser menos eficazes”. Acrescentou que é “altamente provável” que a variante já se tenha propagado a outros Países para além daqueles a partir dos quais os voos foram bloqueados, mas que, de momento, não foram identificados casos no Reino Unido.

De acordo com Jenny Harries, a chefe da Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido, a variante Omicron é “a mais significativa vista até agora”. Está em curso uma investigação urgente para compreender tudo o que precisamos de saber sobre a sua capacidade de transmissão, a gravidade da doença que provoca e a acção das vacinas contra ela”, bem como “acções de saúde pública que possam impedir a sua propagação”.

O Professor James Naismith, biólogo da Universidade de Oxford, disse à BBC que as vacinas actuais serão “quase certamente” menos eficazes contra esta nova variante, mas “continuarão a ser eficazes”. Segundo o Naismith, se a nova variante se espalhar mais rapidamente do que a Delta, chegará certamente aos países que estão a impor bloqueios aéreos.

O Corriere della Sera esqueceu-se dum único testemunho (eis o vídeo: minutos 00:33 – 00:55), aquele da Dr.a Angelique Coetzee, Chefe da South Afican Medical Association (“Associação Medical Sul-aAricana”), que reúne 70% dos médicos do País entre funcionários públicos e privados.

É como uma tempestade num copo de água […]  Você sabe que eu Pratico em praticar em Swanee, que é onde fica o epicentro e até agora o que temos visto é muito suave, não sei porque estamos todos preocupados.[…] Sabemos que há muitas mutações mas ninguém pode dizer nesta altura se isso significa algo ou se é algo que vai simplesmente desvanecer-se.

Isso enquanto o Ministro da Saúde sul-africano, Joe Phaahla, disse que novas restrições de viagem no meio de preocupações sobre uma variante Covid fortemente mutante são injustificadas: “Este tipo de reacção não faz realmente sentido”.

Pouco importa, o pânico está de volta. Também porque a Task Force da Covid no Botswana admite ter encontrado a nova variante em quatro pacientes até agora, todos “completamente vacinados”:

Portanto, eis a variante Omicron, que é mais agressiva da variante Delta, que era já mais agressiva da variante Beta, que era já mais agressiva da variante Alfa: um vírus que tem como única função tornar-se cada vez mais agressivo para matar o hospedeiro. Não tem qualquer intenção de tornar-se endémico, como fazem os vírus bem comportados: quer simplesmente eliminar todos. E, portanto, suicidar-se, porque uma vez acabados todos os hospedeiros o vírus já não saberá para onde ir. O vírus kamikaze.

O que fazer perante um vírus kamikaze? Simples: vacinas, mais vacinas, reforço da vacina, booster da vacina, etc.

 

Ipse dixit.