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Vacina anti-Covid? Johnson & Johnson: “É para sempre”

A vacina é para sempre: este é o aviso do Rei dos Detergentes, Alex Gorsky, CEO da Johnson & Johnson.

As pessoas podem precisar de ser vacinadas contra a Covid-19 todos os anos, tal como as vacinas contra a gripe sazonal, nos próximos anos. Infelizmente, quando [o vírus] se espalha, também pode sofrer uma mutação. De cada vez que se altera, é quase como mais um clique no mostrador, por assim dizer, onde podemos ver mais outra variante, outra mutação que pode ter impacto na sua capacidade de rejeitar anticorpos ou ter um tipo diferente de resposta não só terapêutica, mas também a uma vacina.

O comentário de Gorsky veio depois da J&J ter afirmado que tinha solicitou uma licença de utilização de emergência à Food and Drug Administration para a sua vacina contra o Coronavírus. Ao contrário das vacinas da Pfizer e da Moderna, que requerem duas doses administradas com cerca de três a quatro semanas de intervalo, a J&J requer apenas uma dose, tornando a logística mais fácil para os profissionais de saúde.

Os analistas de Wall Street aguardam ansiosamente a aprovação da vacina da J&J, o que poderá acontecer já este mês. O Presidente ZomBiden procura acelerar o ritmo das vacinações nos EUA.

O Departamento de Saúde e Serviços Humanos anunciou em Agosto ter chegado a um acordo com a Janssen, a subsidiária farmacêutica da J&J, no valor de cerca de mil milhões de Dólares em troca de 100 milhões de doses da sua vacina. O acordo dá ao governo federal a capacidade de encomendar mais 200 milhões de doses, de acordo com o anúncio.

Mas Gorsky não é o único a prever uma vacina sem fim: o primeiro a dizê-lo tinha sido Stephane Bancel, CEO da Moderna, numa reunião da JPMorgan Healthcare:

Vamos viver com este vírus, pensamos nós, para sempre.

Ao mesmo tempo, funcionários da saúde pública e especialistas em doenças infecciosas disseram que existe uma elevada probabilidade de que a Covid-19 se torne uma doença endémica, o que significa que estará sempre por perto, embora provavelmente a níveis mais baixos do que actualmente.

Vamos esquecer os alarmismos e raciocinamos: não há coisa mais normal de que a presença endémica dum vírus e os exemplo são abundantes. Doutro lado, não deve ser esquecido que um vírus endémico (residente numa população, com baixos níveis de letalidade mas facilmente transmissível) é um sucesso da evolução, enquanto um vírus com altos níveis de letalidade é um fracasso do ponto de vista evolucionista, porque, ao matar o hospedeiro, limita fortemente a sua capacidade de instalar-se numa população.

A coriza (o comum resfriado), a escarlatina, o sarampo e a rubéola são doenças endémicas. A Revista Brasileira de Saúde Ocupacional já em 2010 reconhecia o vírus da Gripe H1N1 como endémico na suinicultura: na altura o vírus, que provocou o estado de pandemia declarado pela OMS, já tinha causado entre 43 e 89 milhões de casos com 18.000 mortos mas nem por isso os criadores ou a população foram obrigados a pôr máscaras ou a ficar isolados.

Todos os vírus da família A/H1N1 continuam a circular entre os humanos de forma endémica: e será bom lembrar que A/H1N1 significa Gripe Espanhola. Só que hoje não falamos de “Gripe Espanhola”, falamos de gripe. O mais provável é que o SARS-CoV-2 com o tempo se torne como uma nova gripe ou até um esfriado: em particular, foi observado que este vírus, apesar de partilhar os sintomas da MERS e da SARS, parece mais próximo dos quatro vírus que provocam o resfriado (a tal coriza).

Depois, claro está, se o desejo for espalhar o medo para convencer todos a vacinar-se, então as declarações destes “especialistas” são bem vindas. Então sim, a Covid veio para ficar, o vírus muda e resiste a tudo, as vacinas serão sempre necessárias, etc., etc.

 

Ipse dixit.

Imagem: NurPhoto / Colaborador/Getty Images