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Novo estudo: confinamento inútil, até perigoso

Um novo estudo realizado por especialistas da Universidade de Stanford na Califórnia demonstrou que as severas restrições, tais como o confinamento em casa (lockdown) ou encerramento das empresas, não produziram nenhum claro benefício na prevenção da Covid-19 e podem, em vez disso, aumentar o risco de contágio.

Os bloqueios nacionais ou individuais têm sido a táctica seguida pelos governos desde o início da “pandemia”, mas a nova investigação mostra que tais medidas draconianas são, de facto, totalmente ineficazes.

No dia 5 de Janeiro deste ano, o Dr. Eran Bendavid e o Professor John Ioannidis, em colaboração com Christopher Oh e Jay Battacharya, publicaram um artigo intitulado Assessing the Effects of Mandatory Home Stay and Business Closures Due to COVID-19 (“Avaliação dos efeitos do confinamento em casa e do encerramento dos negócios devido à COVID-19”). Os quatro professores leccionam em quatro departamentos diferentes na mesma Universidade, incluindo o Departamento de Medicina, o Centro de Saúde Pública, o Centro de Cuidados Primários e Investigação de Resultados, e o Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública; para este estudo decidiram juntar os esforços para analisar a situação.

Os autores pesquisaram o efeito das “intervenções não-farmacêuticas” (INF), distinguindo-as em “muito restritivas” (INFmr) e “minimamente restritivas” (INFpr). Os lockdowns e o encerramento das empresas foram definidos como “algumas das obrigações mais restritivas”.

Com base nos resultados obtidos nos Países onde as INFmr (as medidas “muito restritivas”) foram amplamente utilizadas, em comparação com os resultados dos países com INFpr (“minimamente restritivas”), o estudo demonstrou “a ausência de benefícios reais em termos de contenção do contágio como resultado de regras demasiado restritivas”.

Relativamente à hipotética diminuição da taxa de infecção devido aos lockdowns na Primavera de 2020, o estudo relatou que “não há provas de que as INFmr tenham contribuído substancialmente para a diminuição da infecção no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Irão, Holanda, Espanha, ou Estados Unidos no início de 2020”. Os autores admitiram que, embora “modestas diminuições no crescimento diário” não pudessem ser descartadas em alguns Países, a possibilidade de grandes diminuições devidas às INFmr é inconsistente com os dados acumulados.

Os oito Países que tomaram medidas drásticas para impedir a propagação do vírus (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Itália, Irão, Países Baixos e Espanha) foram comparados com Países que adoptaram regras menos restritivas, como a Suécia e a Coreia do Sul, e os autores observaram que “não há dados que demonstrem que em qualquer dos Países com regras restritivas a infecção tenha diminuído”.

Na verdade, em 12 das 16 comparações verificou-se o exacto contrário, ou seja: “o aumento diário dos casos foi uma consequência das INFmr”. Como afirmam os autores “É possível que a obrigação de permanecer em casa possa facilitar a transmissão do vírus nos casos em que aumente o contacto onde a transmissão é muito mais fácil, tal como em locais fechados”. Dito de outra forma: com o confinamento obrigatório é aumentado o contacto entre pessoas que vivem na mesma casa, facilitando desta forma o contagio (por exemplo através dos indivíduos assintomáticos).

As provas apresentadas mostram que as INFmr como os lockdowns não eram sequer necessários uma vez que “a redução das actividades sociais que provocava um abrandamento do crescimento estava a ocorrer antes da implementação do lockdown porque as pessoas nos Países afectados estavam a absorver o impacto da pandemia na China, Italia e New York e estavam a observar um crescentes conjunto de recomendações para reduzir o contacto social. Tudo isto aconteceu antes das INFmrs”. Ou seja: dado que as notícias circulavam, as pessoas já tinham começado a adoptar uma atitude mais cautelosa.

Os autores analisaram de perto as lacunas de um estudo bem conhecido e altamente considerado, publicado em Junho do ano passado, que afirmava que as INFmrs, e especialmente os lockdowns, “eram particularmente eficazes na limitação da infecção”. O Professor Bendavid e o Professor Ioannidis observaram que, no estudo de Junho, os efeitos dos lockdowns na transmissão foram “assumidos em vez de avaliados”. De facto, o estudo de Junho atribuía falsamente “quase toda a redução na transmissão à última intervenção, seja ela qual for”.

As conclusões de Bendavid e Ioannidis foram confirmadas, quase de forma involuntária, pelo Grupo Consultivo Científico para as Emergências (SAGE) da Inglaterra. Em Setembro de 2020, um documento em que a SAGE apelava a outro bloqueio nacional e ao encerramento das empresas, declarava que “a eficácia e os danos destas medidas são geralmente fracos”.

Portanto, apesar de ser fortemente favorável ao encerramento, a SAGE admitia que as medidas que tinha pedido teriam um efeito relativamente menor. O grupo acrescentou que “poderia haver efeitos sinergéticos (ou mesmo antagónicos) da tomada de múltiplas medidas e que os impactos benéficos para a saúde seriam apenas modestos”.

Para além da falta de benefícios das INFmr, Bendavid e Ioannidis alertaram para os graves danos que poderiam resultar para além do aumento das infecções: as “intervenções não-farmacêuticas” (INF) podem provocar mais danos do que benefícios, e alguns danos são mais pronunciados com algumas INFs do que com outros.

O estudo salienta o efeito que o encerramento das escolas teria tido nas crianças americanas, estimando os danos em “um equivalente a 5.5 milhões de anos de vida para as crianças nos Estados Unidos durante o encerramento de escolas na Primavera de 2020”. A este número acrescenta-se uma estimativa de “168.000 mortes adicionais de crianças” que um outro estudo afirmou poder ocorrer nos Países mais pobres até 2022.

Bendavid e Ioannidis mencionaram uma série de outros efeitos significativos e prejudiciais das INFmrs, incluindo fome, overdose de opiáceos, falta de vacinação, aumento de doenças não Covid devido a saneamento inadequado, abuso doméstico, saúde mental e suicídio, bem como uma série de consequências económicas com implicações na saúde.

Também são importantes os números que mostram que as mortes em lares de idosos foram mais elevadas em áreas onde havia medidas mais restritivas do que em áreas onde as medidas eram menos restritivas. Estes números “sugerem também que as medidas restritivas não vão suficientemente longe para proteger totalmente os grupos de risco”. De facto, o estudo apontou outras evidências para sugerir que durante as INFmr “as infecções podem ser mais frequentes em ambientes onde residem pessoas em risco do que em ambientes frequentados por pessoas saudáveis”.

As provas apresentadas neste novo estudo não têm falta de precedentes, uma vez que mesmo a OMS em 2019 aconselhava não utilizar medidas altamente restritivas como o encerramento de empresas e fronteiras. Relativamente ao encerramento de empresas para evitar a propagação de vírus semelhantes à gripe, a OMS escreveu: “existe uma qualidade geralmente muito baixa de provas de que as medidas e os encerramentos no local de trabalho reduzam a transmissão do vírus”.

As conclusões finais apresentadas no estudo de Bendavid e Ioannidis são dignas de serem republicadas na íntegra:

E dado que mesmo hoje o governo de Portugal tem estabelecido o fecho de todas as escolas, lembramos quanto escrito pela UNESCO:

Consequências adversas do encerramento de escolas

O encerramento de escolas acarreta elevados custos sociais e económicos para as pessoas em todas as comunidades. Contudo, o seu impacto é particularmente severo para os rapazes e as raparigas mais vulneráveis e marginalizados e para as suas famílias. As perturbações resultantes exacerbam as disparidades já existentes dentro do sistema educativo, mas também noutros aspectos das suas vidas. Estas incluem:

Mas tudo isso interessa? O Presidente quer o fecho, os médicos querem o fecho, o povo quer o fecho: portanto que se feche e que os jovens aprendam a desenrascar-se.

 

Ipse dixit.