Site icon

Não ponho a máscara, nem que seja obrigado a fazê-lo. Mas este sou eu. Nas ruas as pessoas estão cheias de máscaras. Ontem um diário português (um dos piores, o Correio da Manhã) ofereceu máscaras e houve pessoas que compraram não um mas cinco ou seis exemplares do mesmo jornal (assim podem ler ao longo da semana toda….). Hoje fui comprar uma torneira numa loja de feramentas e, curioso, perguntei à funcionária: “Desculpe, vocês têm máscaras”? Nem pensar, esgotadas e não desde hoje.

Quem produz as máscaras? Porque no mundo do Covid-19, aqueles que possuem máscaras de saúde e respiradores têm o poder. Para o presente e para o futuro.

Além da produção local, que é escassa e não especializada, não há muitos produtores de máscaras realmente efectivas, as PCP2 e as PCP3. Estes modelos são capazes de filtrar 95% das micro partículas, bem como de proteger o rosto. Nada a ver com as inúteis máscaras mono-uso: aqui falamos de máscaras para operadores sanitários, para quem realmente precisa proteger-se. Máscaras “sérias”.

Para produzi as máscaras PCP2 e PCP3 são necessárias linhas de montagem de alta tecnologia e, sobretudo, um material chamado “tecido soprado por fusão”: uma malha extremamente fina de fibras sintéticas de polímeros que forma a camada filtrante interna de uma máscara, permitindo ao utilizador respirar reduzindo o influxo de possíveis partículas infecciosas. Fibras cujos filamentos têm diámetros inferior a um micron: um milionésimo de milímetro. Estas fibras não só melhoram o conforto geral, como também proporcionam um isolamento avançado.

Em 2019, o volume de negócios total da indústria de tecidos de fusão soprados foi de 8 biliões de Euros. Os principais produtores de máscaras de tecido de fusão soprado são a China, a Índia e os Estados Unidos. Nenhuma surpresa. Vamos ver os nomes envolvidos.

Mas o principal fabricante de máscaras “sérias” é uma empresa chinesa: a BYD, acrónimo de “Build Your Dreams” (Construa os Seus Sonhos). A BYD é o sétimo maior fabricante de automóveis da China, bem como de telemóveis de gama alta. Em apenas três meses, tornou-se o maior fabricante mundial de máscaras de protecção contra o Coronavírus: 25 milhões de máscaras por dia. Os principais accionistas são, por ordem: o bilionário financeiro Warren Buffet, Vanguard e BlackRock. Em suma, trata-se de uma empresa americana. Na verdade, nas mãos de Wall Street.

Continuemos com a lista. Os outros grandes fabricantes de máscaras “sérias” são:

BlackRock, Vanguard e State Street são os nomes que aparecem com maior frequência. Na prática, o mercado das máscaras sanitárias está nas mãos deles. Mas quem são? Numa palavra: monstros.

BlackRock gere algo como 7.43 triliões de activos, Vanguard 5.6 triliões, State Street 2.511 triliões. Juntos perfazem mais de 15 triliões de activos. São a nata de Wall Street: não acaso, BlackRock e Vanguard ocupam respectivamente o primeiro e o segundo lugar entre as maiores empresas do mundo gestoras de activos, enquanto State Street fica ´”apenas” na quinta posição. É complicado descrever em poucas palavras tais realidades, assim como é complicado encontrar um sector comercial do qual estas corporações estejam ausentes. Investigate Europe, um conjunto de jornalistas internacionais, perguntava-se em 2018: BlackRock: The company that owns the world? (“BlackRock: a empresa que possui o mundo?”). E não é um exagero.

Dá para pensar numa conspiração de produtores de máscaras? Não, não foram eles que despoletaram a crise do Coronavirus, de certeza não para vender máscaras: as três corporações estão presentes em todos os sectores da produção e comercialização. E muitas das empresas acima citadas têm uma produção bastante vária que passa da electrónica aos automóveis. É apenas uma curiosidade observar como, também numa pandemia, a ganhar sejam sempre os mesmos. Caso ainda houvesse dúvidas, claro.

 

Ipse dixit.