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Gastos militares: os mais altos desde 1988

Como a cada ano, o Sipri, Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, fez as contas: 1822 biliões de Dólares foram gastos no mundo com armamentos, + 2.6% do que em 2017. É a única coisa que cresce mais que a fome e até Países secundários, com menores ambições políticas e geopolíticas, investem mais.

Entre os mais importantes, eis os gastos militares:

Entre os Países que mais aumentaram as despesas militares, a reter:

 

EUA

Os gastos militares dos EUA cresceram, pela primeira vez desde 2010, em +4.6%, chegando aos 649 bilhões em 2018. Os EUA continuam a ser, de longe, o maior consumidor de armas do planeta e gastaram quase quanto os restantes oito Países mais gastadores juntos. Impressionante. O aumento da despesa militar foi impulsionada pela implementação, a partir de 2017, de novos programas de aquisição de armas sob a administração Trump.

China

A China, o segundo maior gastador do mundo, aumentou as despesas em 5.0%, para 250 bilhões em 2018. Esse foi o 24º ano consecutivo de aumento nos gastos militares chineses: a despesa de 2018 foi quase 10 vezes mais elevadas de quanto tinha sido gasto em 1994 e representa 14% dos gastos militares mundiais. O crescimento dos gastos militares chineses segue o crescimento económico geral do País: a China alocou 1.9% do seu PIB às forças armadas todos os anos desde 2013.

Rússia

E a Rússia? Está a reduzir as despesas para o exército, entre a surpresa geral. Em 2018, o País chegou a desaparecer dos cinco primeiros com os maiores gastos, dos quais fazia parte desde 2006, relegado ao sexto lugar e superado pela França.

De facto, os gastos com defesa na Rússia foram reduzido em 3,5% num ano, o que significa 61.4 bilhões de Dólares. Muitos? Sem dúvida, mas sempre menos do que os 250 bilhões dos chineses ou os 649 dos norte-americanos.

Moscovo gasta menos porque é mais pacifistas ou porque armam-se de forma mais inteligentemente? Explica a agência de imprensa Sputnik:

A partir do relatório publicado pelo SIPRI e das tendências globais destacadas pelo instituto, fica claro que os investimentos feitos pela Rússia no sector de Defesa são muito mais eficazes do que os dos seus parceiros e concorrentes no cenário internacional.

Bom, é uma agência de imprensa russa, portanto não é neutral. Mais dois factos têm que ser observados:

  1. os actuais volumes de gastos militares do Pentágono tornaram-se hiperbólicos.
  2. as reduções feitas pela Rússia no orçamento da Defesa parecem quase fenomenais.

Também porque as forças armadas russas são hoje consideradas as mais poderosas e eficientes do mundo. Pontos fortes da Armada Vermelha: guerra electrónica, área onde a Rússia é reconhecida pelos especialistas ocidentais como a mais avançado e eficiente do mundo; as armas inovadoras (como as supersónicas) no sistema de dissuasão nuclear; Ártico, região onde já no passado tinham implementado instalações defensivas.

Ásia e na Oceânia

Os gastos militares na Ásia e na Oceânia aumentaram todos os anos desde 1988. Com 507 bilhões de Dólares, os gastos militares na região representaram 28% do total global em 2018, em comparação com apenas 9% em 1988.

Em 2018, a Índia aumentou os seus gastos em 3.1%, até 66.5 bilhões. As despesas militares do Paquistão cresceram 11% (o mesmo nível de crescimento de 2017), atingindo 11.4 bilhões. As despesas militares sul-coreanas foram de 43.1 bilhões em 2018, um aumento de 5.1% em comparação com o já notável aumento de 2017.

As tensões entre os Países da Ásia, assim como entre a China e os EUA, são os principais impulsionadores do contínuo crescimento dos gastos militares na região.

Europa

Vários Países da Europa Central e Oriental aumentaram consideravelmente os seus gastos militares em 2018. Os gastos da Polónia aumentaram 8.9% até 11.6 bilhões, enquanto os gastos da Ucrânia aumentaram 21%, até 4.8 bilhões. Bulgária, Letónia, Lituânia e Roménia também cresceram entre de 18% a 24%.

Os aumentos na Europa Central e Oriental são em grande parte devidos à crescente agitação entre a Ucrânia e a Rússia, com a consequente tensão na zona central do Velho Continente, pesar do facto de que os gastos militares russos terem caído nos últimos dois anos.

No resto da Europa os gastos mantiveram-se bastante estáveis, sem grandes variações.

Outros desenvolvimentos notáveis

Os gastos militares na África caíram 8.4% em 2018, a quarta queda anual consecutiva desde o pico dos gastos em 2014. Houve grandes reduções na Argélia (–6,1%), na Angola (–18%) e no Sudão ( –49 %).

Os gastos militares dos Estados do Oriente Médio (para os quais há dados disponíveis) caíram 1.9% em 2018.

O total de gastos militares de todos os 29 membros da Nato foi de 963 bilhões de Dólares em 2018, o que representou 53% dos gastos mundiais.

O maior aumento absoluto nos gastos em 2018 foi dos EUA (+ 27.8 bilhões), enquanto a maior queda foi da Arábia Saudita ( – 4.6 bilhões).

Os gastos militares na Turquia aumentaram em 24% em 2018, o maior aumento percentual anual entre os 15 maiores consumidores de armas do mundo.

Seis dos 10 Países com a maior carga militar (gastos militares como proporção do PIB) no mundo em 2018 ficam no Médio Oriente: são Arábia Saudita (8.8% do PIB), Oman (8.2%), Kuwait (5.1%), Líbano (5.0%), Jordânia (4.7%) e israel (4.3%).

Os gastos militares na América do Sul aumentaram 3.1% em 2018, principalmente devido ao aumento dos gastos brasileiros (5.1%), o segundo aumento consecutivo.

Feitas as contas, os 1822 biliões de Dólares representam o nível mais alto de despesas militar desde 1988; e significam 2.1% do PIB mundial. Ao longo do ano passado, cada indivíduo no planeta gastou 239 Dólares para comprar armas.

 

Ipse dixit.

Fonte: Sipri