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A propaganda da Rússia

Um alucinado e alucinante comunicado foi divulgado pela Embaixada da Rússia em Moscovo via Twitter há uns dias (e um obrigado a Ricardo por ter partilhado o documento!).

Eis o texto:

A Rússia continua a sua operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia. O exército russo não ocupa o território ucraniano e toma todas as medidas para preservar a vida e a segurança dos civis. Os ataques têm como alvo apenas instalações militares, sendo realizados exclusivamente com armas de alta precisão.

Estamos a assistir a uma onda sem precedentes de mentiras, notícias falsas, factos distorcidos e fabricados com o objectivo de desacreditar as nossas acções. A propaganda ocidental ao estilo Goebbels era previsível. Não se pode confiar nela. O público no Canadá deveria compreender isso.

A verdade é diferente. Crimes contra a humanidade e violações do direito humanitário internacional são cometidos pelas Forças Armadas da Ucrânia e por grupos neonazis como “Azov”, “Sector Direito” e outros. As múltiplas provas são acessíveis a partir de fontes abertas.

O lado ucraniano está a instalar múltiplos sistemas de lançamento de foguetes e artilharia nos pátios dos edifícios, hospitais, escolas e jardins de infância dos residentes. As Forças Armadas da Ucrânia, grupos nacionalistas e neonazis usam infra-estruturas civis e população como escudos humanos.

É essencial compreender a lógica subjacente a estas acções. As autoridades ucranianas e os seus patronos ocidentais estão a cometer provocações monstruosas e desumanas a fim de atribuir todas as culpas à Rússia. De facto, a responsabilidade total pela destruição e vítimas inocentes recai sobre o regime de Kiev.

O exército russo não está a combater nem a Ucrânia nem os ucranianos. As tarefas de limpar a Ucrânia do nazismo e de desmilitarizá-la serão cumpridas. Os responsáveis pelo genocídio e pela guerra de 8 anos iniciada por Kiev contra o seu próprio povo, silenciosamente observado e frequentemente encorajado pelo Ocidente, serão levados à justiça.

A Rússia não está a iniciar guerras. A Rússia está a acabar com elas.

O texto não aparece no site da Embaixada da Rússia, apenas na conta Twitter: mas é a conta oficial e até agora não foi desmentido.

Faltava dizer que foi a Ucrânia que invadiu a Rússia e teria ficado perfeito. Mas nunca perder a esperança: se a guerra continuar, até poderia surgir esta versão.

Pelo que: pura propaganda, e da pior espécie. E é cada vez mais complicado entender o que realmente se passa na Ucrânia porque, se dum lado temos modo de verificar que a “operação militar especial para desmilitarizar e desnazificar” a Ucrânia é na verdade uma acção de guerra através da qual a Rússia invadiu um País soberano, do outro lado não temos muitos instrumentos para verificar a veridicidade das afirmações que aqui no Ocidente os meios de comunicação apresentam como “factos”.

Mais uma página triste numa guerra que todas as partes envolvidas, sem excepção, exigiram a qualquer custo.

 

Ipse dixit.