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A inutilidade das sanções e o possível suicido europeu – Parte II

Mais uns pormenores acerca das sanções. A simpática Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, numa nova declaração:

Pela primeira vez, a União Europeia financiará a compra e entrega de armas e equipamento para um País sob ataque. É um momento de viragem

Sim, é um momento de viragem: o dinheiro dos contribuintes europeus a partir de hoje financiam directamente a guerra com a adquisição de armas. E nem acaba aqui:

Num movimento sem precedentes, vamos proibir a máquina de meios de comunicação do Kremlin da UE. Russia Today e Sputnik, que são controlados pelo governo, e os meios de comunicação social a eles ligados deixarão de poder espalhar as suas mentiras para justificar a guerra de Putin e criar divisões na UE. Estamos a desenvolver instrumentos para proibir esta desinformação tóxica e nociva na Europa.

Em plena tradição democrática, eis que chega a censura: há espaço apenas para uma versão dos factos, aquela ocidental, pois as outras são todas “mentiras”.

Atingida a partir de agora a Bielorrússia também que, de facto, apoiou a invasão russa:

Parar a exportação de produtos tais como combustíveis minerais, tabaco, madeira, cimento, ferro e aço.

A proibição será alargada “para os sectores em que a Rússia tenha sido sancionada” também:

Todos os bielorussos que apoiam esta guerra serão sancionados.

Uma frase idiota, digna da simpática Ursula. O que significa isso? Que a União Europeia vai distribuir um questionário na Bielorrússia do tipo “Você apoia a invasão da Ucrânia?”. Pensamos de verdade que o Presidente Lukashenko será o primeiro a sofrer por causa destas medidas? Ou será que a crise será paga pelos do costume, nomeadamente os que irão perder o trabalho?

O nosso espaço aéreo será fechado a todos os aviões russos, incluindo os jactos privados dos oligarcas.

Nada a apontar quanto a isso.

Atingir a Bielorrússia era indispensável? Sim. E não.

“Sim” porque, de facto, Lukashenko apoiou a invasão russa de todas as maneiras e a medida é coerente.

“Não” porque, curiosamente, as sanções contra a Bielorrússia chegam no mesmo dia em que foi anunciado que Lukashenko preparou tudo para o encontro de amanhã entre a delegação ucraniana e aquela russa em território bielorrusso, na tentativa de abrir negociações. Assim fica a dúvida: as sanções contra Minsk são consequências disso ou estamos mais uma vez perante a falta de jeito de Bruxelas?

Caso tivessem existido ainda umas dúvidas, fica aqui claro como esta guerra seja um bom negócio tanto para Moscovo quanto para Washington e os mentecaptos de Bruxelas. A União Europeia pela primeira vez tornar-se oficialmente actor no mercado internacional das armas (os produtores americanos agradecem) e aproveita para introduzir a censura mediática e limitar a liberdade de informação dos cidadãos.

Lembram-se de Putin estudante na escola para futuros líderes no World Economic Forum? Ora bem: parece-me que tudo está a proceder segundo os planos.

 

Ipse dixit.