Site icon

Covid: nova vacina (não mRNA!) disponível na Europa

Uma boa notícia: a EMA (a agência europeia do fármaco) acaba de aprovar uma nova vacina anti-Covid, o Nuvaxovid (NVX-CoV2373) produzido pela empresa Novavax.

Após a avaliação, a EMA concluiu que os dados sobre a nova vacina são “sólidos” e satisfazem os critérios da União Europeia em matéria de eficácia, segurança e qualidade. E isso é preocupante considerado que as vacinas da Pfizer e da Moderna satisfazem tais critérios… todavia o Nuvaxovid é, de facto, uma vacina diferente.

Tecnologia

Administrada em duas doses com 21 dias de intervalo, estável a temperaturas entre 2 e 8 °C, Nuvaxovid não utiliza a tecnologia mRNA mas aquela das nanopartículas recombinantes: contém uma proteína spike e um adjuvante à base de saponina.

A saponina em origem é uma substância produzida pelo metabolismo das plantas, presente naturalmente no alcaçuz, no ginseng ou no castanheiro-da-índia).

A proteína purificada é produzida em células de insectos, através da criação de um baculovírus artificial que infecta uma cultura de células das traças (os bichinhos dos armários), as quais criam a proteína spike concentrada nas suas membranas celulares.

Portanto, o Nuvaxovid pertence ao grupo das subunit vaccines, preparações que contêm partes purificadas do agente patogénico necessário para obter uma resposta imunitária protectora. Uma vacina subunit não contém todo o agente patogénico, ao contrário da vacina viva atenuada ou inactivada, mas apenas as partes antigénicas tais como as proteínas. Como a vacina não contém componentes “vivos” do agente patogénico, não há risco de introduzir a doença, é mais segura e estável. Outras vantagens incluem o facto desta ser uma tecnologia bem conhecida (utilizada há mais de trinta anos) e adequada para indivíduos imudeprimidos também.

Exemplos de subunit vaccines são a vacina contra a coqueluche e aquela contra a hepatite B.

Estudos e eficácia

A Novavax começou o estudo da vacina em Janeiro de 2020, tendo alcançado as Fases I e II em Maio do mesmo ano e a Fase III no sucessivo mês de Setembro nos Países de México, EUA e Reino Unido.

O primeiro estudo, realizado no México e nos Estados Unidos, encontrou uma redução de 90.4% no número de casos sintomáticos de Covid-19. O segundo estudo, realizado no Reino Unido, também mostrou uma redução semelhante no número de casos sintomáticos de Covid-19 em pessoas que receberam Nuvaxovid (10 casos em 7.020 pessoas): neste caso, a eficácia da vacina foi de 89.7%. No geral, os resultados dos dois estudos mostram uma eficácia vacinal para o Nuvaxovid de cerca de 90%.

Produção e autorizações

A 24 de Fevereiro de 2021, a Novavax associou-se à Takeda Pharmaceutical Company para fabricar a vacina no Japão, onde o produto é conhecido como TAK-019. A Novavax assinou também um acordo com o Serum Institute of India para produção em massa destinada a Países em desenvolvimento e de baixo rendimento, sendo que a vacina será também fabricada em Espanha e na Polónia pela empresa Mabion.

Actualmente, o Nuvaxovid  está autorizado na Indonésia, nas Filipinas e, para viagens, na Turquia e na Nova Zelândia. A 17 de Dezembro de 2021, a Organização Mundial de Saúde (OMS) validou a vacina para utilização de emergência enquanto é de hoje a autorização da EMA.

Para quem, como eu, não tem a mínima intenção de submeter-se a experiências médicas com vacinas mRNA, esta é uma boa notícia. Não vou precipitar-me até o mais próximo centro de saúde para implorar uma injecção de Nuvaxovid: tenciono continuar alegremente sem vacinas anti-Covid, sobretudo tendo em conta que em Portugal a variante dominante nesta altura é a Ômicron que, nos factos, não passa duma gripe.

A Novavax, infelizmente, é financiada pela Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (CEPI), a organização que, dados os nomes envolvidos (World Economic Forum, Bill and Melinda Gates Foundation, Wellcome Trust, GlaxoSmithKline…), mais parece uma associação do tipo mafioso. Todavia, caso a vacina se torne uma necessidade absoluta, a Nuvaxovid será a única candidata elegível entre os produtos actualmente autorizados no Velho Continente.

Obviamente, nos próximos tempos Informação Incorrecta seguirá as aventuras do Nuvaxovid, sobretudo em relação possíveis aos eventos adversos. Mesmo assim, de vez em quando uma boa notícia…

 

Ipse dixit.