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Mors tua, vita mea

Domingo, dia que desde sempre Informação Incorrecta dedica ao tema: “Como construir uma cerca eléctrica rural”. Mas hoje, enquanto preparava o capítulo nº 348, encontrei um documento interessante que, infelizmente, fala ainda de vacinas & Covid. Tenham paciência, apesar deste não ser apenas um artigo sobre a “pandemia”.

Trata-se duma apresentação da FDA, a Food and Drug Administration, a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos que trata da saúde do bom cidadão. O título é: “Planos para monitorizar a segurança e a eficácia da vacina Covid-19″ (Plans for Monitoring Covid-19 Vaccine Safety and Effectiveness no original) e pode ser encontrado neste link, sendo um documento público.

O documento, composto por um total de 27 páginas, é bastante aborrecido, pelo menos até a página nº 17 na qual são listados os “possíveis eventos adversos”. Eis a lista completa:

Sabemos que qualquer medicamento pode provocar reacções adversas e é por esta razão que é sempre melhor evita-los até não serem absolutamente necessários. E sabemos também que medicamentos aparentemente “inócuos” ou considerados como tais podem proporcionar efeitos devastadores: é raro mas podem. Nada disso é novidade.

Mas aqui estamos perante uma vacina que é subministrada de forma a prevenir uma doença (ou alegada tal, a Covid-19) e que será injectada em biliões de pessoas. Isso significa que os efeitos adversos, em percentagem raros, terão mais possibilidades de manifestar-se.

A lista dos efeitos é assustadora: contempla simples dores musculares mas também doenças que mudam por completo a vida duma pessoa. Só para esclarecer, eis alguns exemplos:

De Acidente Vascular Cerebral (o AVC ou Derrame), Doença auto-imune, Enfarte ou Morte nem vale a pena falar.

Repito: estes são efeitos adversos raros, não é lícito esperar milhões de casos e pessoalmente estou convencido de que a vacina da Pfizer será um “sucesso” neste sentido (ficaria muito surpreendido se acontecesse o contrário) porque 1) enfrenta um “pandemia” em muito sobrevalorizada e 2) tem que demonstrar ao público que enfiar no corpo pedaços manipulados de RNA não apenas é inócuo como até faz bem à saúde.

A dúvida é outra: temos o direito de matar pessoas para salvar outras pessoas? Se a vacina tem entre os eventos adversos elementos como AVC, enfarte ou morte, significa que alguém irá morrer. Poucos? Sim, mas sempre mortos serão.

Não esqueçam que as percentagens podem ser enganadoras. Quantos casos de morte irá provocar a vacina? 0.0001%? (é um mero exemplo, não uma previsão real) É uma percentagem baixíssima, ínfima. Mas se for o Leitor a morrer? Do ponto de vista do Leitor defunto, a possibilidade de morrer terá sido 100%. E isso pode não agradar ao Leitor.

Alguém estará a lembrar-se dos casos vividos nas terras de Bergamo e Brescia, Italia do Norte, no começo da “pandemia”: enfermeiros obrigados a escolher quais pacientes ligar aos ventiladores e quais não (e por isso destinados à morte segundo a versão oficial), depois reportagens, títulos nos jornais, duas investigações em curso. Foi preciso deixar morrer alguns para que outros pudessem viver.

Vacina: já antes de injecta-la (por enquanto a vacina da Pfizer está disponível só no Reino Unido), sabemos que alguns vacinados serão afectados pelos eventos adversos e irão morrer, enquanto outros, protegidos pela mesma vacina, irão sobreviver.

Neste caso o raciocínio é: “Mas a vacina protege muitas mais pessoas daquelas que mata”. Sim, mas o princípio é exactamente o mesmo: alguns têm que morrer para que outros possam viver. É o que os Romanos descreviam como Mors tua, vita mea, “Morte tua, vida minha”. Curioso, porque os Romanos eram primitivos em âmbito médico enquanto nós estamos à frente porque temos a Ciência. Mas o princípio permanece inalterado passados 2.000 anos: alguns devem perecer para que outros possam viver. Encontramos o mesmo nas vacinas, nos medicamentos das farmácias…

Tenho na minha frente a bula dum medicamento muito difundido, o Motilium: é um medicamento utilizado no caso de problemas leves, tais como refluxo gastroesofágico, náuseas, vómitos ou azia. Nada de grave, portanto. O princípio activo a domperidona, um fármaco modificador da motilidade gastrointestinal (10 mg. por cada comprimido), mais uma série de excipientes inócuos (amido, celulose, lactose, óleo vegetal, coisas assim).

Na bula do Motilium está presente, entre a lista dos efeitos adversos, uma voz preocupante que fica no grupo da “Reacção muito rara (ocorre em menos de 0.01% dos pacientes que utilizam este medicamento):

Distúrbios cardíacos: morte cardíaca súbita, arritmia ventricular grave; morte.

Uma frequência muito baixa, sem dúvida: 0.01%. Mas não insignificante.

O diário português Observador relata (num artigo de 2015) as aventuras do Motílium na França:

O Motilium, um medicamento para as náuseas e vómitos produzido pelos laboratórios Janssen-Cilag, pode ser o responsável pela morte de mais de 200 pessoas em França. Este é o resultado de um estudo publicado na revista académica Pharmacoepidemiology and Drug Safety que concluiu que a domperidona, fármaco à base do qual o medicamento é produzido, aumenta a probabilidade de paragem cardíaca fatal, escreve o jornal francês Les Echos. A substância é sobretudo usada no tratamento de vómitos e náuseas, mas pode também ser utilizada para tratar inchaços, azia, ou mesmo para estimular a lactação.

De acordo com o estudo, “o uso de domperidona aumenta 2.8 vezes o risco de morte súbita por paragem cardíaca tendo causado a morte de 231 em França, em 2012, na população com idade superior a 18 anos”, explica a epidemiologista Catherine Hill que coordenou a investigação.

Um outro estudo, publicado na revista médica independente Prescrire, conduziu a resultados semelhantes. Baseando-se em dados fornecidos por seguros de saúde, a Prescrire revelou que cerca de 3 milhões de pessoas consumiram domperidona em França no ano de 2012. Com números mais conservadores, o estudo independente apurou que o consumo do medicamento terá causado entre 43 e 189 mortes em 2012.

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) verificou que a domperidona estava “claramente associada a um pequeno risco de ataques cardíacos potencialmente fatais”. E, como escreve ainda Les Echos:

A publicação Prescrire defende a retirada do medicamento do mercado alegando que o “perigo mortal que a domperidona constitui não justifica a sua eficiência”. Segundo o estudo, o seu efeito é “incerto” e pode mesmo estar associado a um “efeito placebo“.

Interessante a resposta da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde portuguesa (Infarmed), sempre nas páginas do Observador:

Embora siga as recomendações feitas no ano passado pela EMA, o Infarmed decidiu que apesar de se confirmar a “existência de um pequeno aumento do risco de reacções adversas cardíacas graves relacionadas com a utilização de domperidona”, a “relação benefício/risco da domperidona permanece positiva no alívio dos sintomas de náuseas e vómitos nos adultos, adolescentes e crianças”.

“A relação benefício/risco da domperidona permanece positiva”. Muito interessante porque é exactamente o mesmo princípio que encontramos num dos produtos mais recentes, a vacina da Pfizer: “Sim, alguns morrem, mas outros sobrevivem (e sem azia no caso da domaperidona)”. E, de facto, o Motilium continua a ser vendido nas farmácias por um preço bem razoável (pouco mais de 4.00 Euros a embalagem de 20 comprimidos).

Também neste caso o fármaco deve apresentar percentagens de mortalidade particularmente baixas, quase zero, caso contrário não poderia ser comercializado. Mas, mais uma vez, no caso dos 231 franceses a percentagem de mortalidade foi de 100%. E tenho quase a certeza que se fosse possível falar com um dos falecidos, ele acharia esta percentagem um pouco elevada.

E isso deve dizer algo.

Diz que as casas farmacêuticas são bandos liderados por criminosos cujo único objectivo não é a saúde dos pacientes mas o lucro? Óbvio, alguém ainda tem duvidas? É o mercado que dita as regras e num mercado assim não a saúde mas o paciente (com morte incluída) é o business.

Mas diz também outra coisa: diz que nós aceitamos a morte provocada como algo normal. Numa sociedade normal, ao ler numa bula que um remédio contra a azia pode provocar mortes (e provoca, como vimos), deveríamos pegar no remédio, voltar para a farmácia e dizer “Desculpe, mas não quero tornar-me cúmplice dum homicídio, troque isso s.f.f.”. Na nossa sociedade fazemos o quê? Lemos a bula e pensamos “Epá, esperemos que não seja eu”, assumindo assim que alguém “tem” que morrer para que a nossa tarde não seja arruinada por uma molesta azia.

Com a vacina o discurso é idêntico. Até um pouco mais perverso porque a ideia é “alguém tem que morrer agora para que eu eventualmente amanhã não apanhe um vírus que depois poderia provocar complicações”. Podemos tentar aliviar a nossa consciência com discursos como “É para o bem da maioria”, mas o Morte tua, vida minha fica em todo o seu esplendor (e no caso do Motilium torna-se Morte tua, nada de azia).

Nós aceitamos tudo isso como “normal”. Se calhar é, mas o que acha o Leitor? É simplesmente uma Lei da Natureza (o tal “bem da maioria”, que de facto podemos observar aplicado entre algumas espécies animais), e como tal é justo que assim seja interiorizada, ou há algo que não bate certo nesta visão?

 

Ipse dixit.