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Caso George Floyd: a “raiva” de Trump, o outsider

A manchete é do Telegraph, o jornal inglês “moderado de Centro-Direita”, mas essencialmente ultra-liberalista e globalista, mais de 300 mil exemplares vendidos diariamente:

Quanto mais tempo durarem estes tumultos, mais a raiva de Trump seduzirá a América.

Por acaso, a mesma conclusão à qual tinha chegado o vosso miserável blogueiro, que por isso vai apresentar um pedido de assunção imediata ao Telegraph. Ou talvez não, porque há mais para ler.

O Telegraph identifica no The Donald como um outsider. Interessante. Ser democraticamente eleito não é suficiente para ser aceite no grande espectáculo da política internacional, é preciso ser um Democrata ou um Republicano. Trump pode ser grosseiro, ignorante, fanfarrão, e de facto é isso tudo e mais ainda: mas tem uma ideia política muito clara, tipicamente conservadora. Não é um outsider, é a melhor expressão duma certa América, aquela que não frequenta os convívios radical chic, aquela que não falta uma missa, aquela que nem sabe ler um mapa: é a América maioritária. Não é simpático admiti-lo? Paciência, é o que há.

Trump, continua o diário, é um inimigo dos “mercados”. Inimigo dos mercados?!? O que fumam na redacção do Telegraph? A riqueza de Trump é toda fruto dos mercados, sem mercados não haveria Trump. A diferença reside no tipo de mercado: o mercado globalista é o mercado das multinacionais, onde os mais pequenos são esmagados pelos maiores que gozam de leis ad hoc, projectadas para limitar cada vez mais o poder democráticos dos Estados e que permitem a continua expansão das corporações. Vice-versa, o mercado de Trump é aquele clássico, que já conhecemos, com todos os defeitos já vistos: um mercado onde o conceito de Estado ainda tem algum sentido. Não é um paraíso aquele proposto por Trump, muito longe disso: simplesmente não consegue ser tão mau como a globalização.

Aquela de Trump, continua o Telegraph, é apenas “raiva”, sem valor político. Por acaso,  a mesma definição sem sentido que dão os Democratas. Mas aqui o jornal britânico avisa: a explosão de motins começa a jogar contra os mesmos Democratas e isso apesar de todos os meios de comunicação social estarem contra o Presidente.

Estes, os meios de comunicação social, falam de um Trump fechado no bunker subterrâneo pelos seus Serviços Secretos. Em vez disso, os americanos viram um Trump caminhar pela Praça Lafayette, até ontem o epicentro dos confrontos até ontem e entretanto limpo pelas forças de segurança. Um Trump que vai até a vizinha igreja dedicada a Dom Bosco, incendiada durante os motins. Um Trump que é fotografado enquanto levanta a Bíblia: votos colectados em vista de Novembro.

Com a caminhada, é claro, Trump despoletou o ódio dos seus adversários e extasiou os seus seguidores. O Telegraph avisa: cuidado, não são apenas os quatro gatos da extrema-Direita, os supremacistas brancos; é a “maioria silenciosa” do eleitorado que está a formar-se e pode fazer-lhe ganhar as eleições.

E é assim mesmo: Trump, que é um animal político, compreendeu a essência radical da tragédia política que está a ter lugar no mundo. “Quando se desafia o poder global, o nível de hostilidade a que se expõe é tal que já não é possível parar. Porque não há opção gradualista” (cit. Frédéric Lordon).

Afinal, os media globalistas passaram os últimos quatro anos a promover a narrativa segundo a qual a maioria dos americanos são “supremacistas brancos”, seguidores do eleitorado de um Presidente nazi que transformou o País numa ditadura racista. Agora recolhem o que semearam.

Palavras de ordem incessantemente espalhadas pelos principais meios de comunicação social, a intellighentia neoliberal, a indústria cultural, os Democratas e os seguidores do Antifa, segundo os quais Donald ganhou as últimas eleições graças aos hackers russos. Pois, porque como hábil conspirador, Putin alegadamente deu uma mão a fim de “destruir a democracia”, de modo que o “Presidente Nazi” encorajasse os seus seguidores brancos supremacistas a lançar o RaHoWa (a sagrada guerra racial) ou o Boogaloo (movimento extremista da Direita americana), para poder depois declarar a lei marcial, dissolver a legislatura e nomear-se Führer. A seguir, como é óbvio, seria só começar a matar judeus, negros, mexicanos e outras minorias.

Esta foi a narrativa ao longo de quatro anos. Quatro anos de propaganda constante, no final da qual milhões de americanos acreditaram neste conto de fadas. O poder da propaganda mediática, no tempo da guerra há muito travada entre globalistas e soberanistas, mas nenhum dos dois realmente revolucionário, apenas liberalistas.

E agora os efeitos da propaganda fazem-se sentir, os protestos e os tumultos nacionais transformaram-se numa espécie de revolta internacional, aclamada pelos meios de comunicação social de vários Países, empresas e pelo establishment liberal. A Covid-19 desaparece? Eis o substituto: o Reich de Donald.

Até as empresas participam nesta revolução colorida (a “Revoluçaõ Negra?”). Por exemplo, a Nike publicou um anúncio que incita as pessoas a quebrar as montras das suas próprias lojas e a roubar os calçados em exposição. Música de piano, anúncio que dura um minuto e exibe texto branco em fundo negro:

Faz e basta. Por uma vez, não finja. Não finja que não há nenhum problema na América. Não vires as costas ao racismo. Não aceite que sejam tiradas vidas inocentes. Não tens mais desculpas. Não pensar que isto não te diz respeito. Não relaxar-te. Não pensar que não pode fazer parte da mudança. Somos todos parte da mudança.

Então porque é que uma alegada revolução social em defesa dos direitos e da justiça é patrocinada como uma equipa de futebol? E porque é que a sublimação da violência se tornou um tema tão fundamental, enquanto toda a imprensa liberal de Esquerda se concentrou na violência de uma forma quase fetichista e certamente não para a condenar?

Os mesmos jornalistas liberais entraram no Twitter, convidando os rebeldes a “queimar essa merda“… até que os rebeldes começaram a queimar os Starbucks locais.

E depois todas as celebridades de Hollywood estão a empenhar-se em massa contra a brutalidade da polícia: Blake Lively e Ryan Reynolds anunciaram no Instagram terem doado 200 mil Dólares ao fundo de defesa legal da NAACP; Chrissy Teigen também doou 200.000 Dólares para salvar os manifestantes detidos. Chelsea Clinton ensina às crianças a história de David e Golias Racista.

A sociedade multicultural americana sempre foi racialmente discriminada, mesmo depois das lutas dos direitos civis de Martin Luther King, nos anos ’60. Mas o capitalismo global devora tudo o que possa ser encontrado no seu caminho, usando todas as revoltas possíveis para ganhar, neste caso para ganhar as próximas eleições presidenciais em Novembro.

Fomentar a divisão racial tem sido a estratégia da resistência democrata globalista desde o início: desde o momento em que Trump ganhou a nomeação republicana, os meios de comunicação globalizados disseram que o homem é um nazi e que o seu plano é fomentar o ódio racial entre a sua “base supremacista branca” e o resto do mundo. Já o disseram vezes sem conta, na televisão, na imprensa liberal, nas redes sociais, em livros, filmes, etc., etc.

Agora surgem vídeos que mostravam pilhas de tijolos ao longo das ruas, em locais de protesto mas onde não há construções em andamento. Os líderes dos grupos organizados são frequentemente homens brancos, todos vestidos de preto, que usam auriculares e radiocomunicações de grau militar. Estes e os vários vídeos com as pilhas de tijolos nas esquinas das ruas foram completamente ignorados pela maioria dos meios de comunicação social. Depois surgiram outros vídeos dos chefes brancos do Antifa que pagam os revoltosos, dando-lhes ordens e fomentando a revolta.

O antigo Comissário da Polícia de New York, Bernie Kerik, solicitou uma investigação do FBI sobre quem financia o terrorismo doméstico orquestrado pela Antifa e por alguns agitadores da Black Lives Matter:

Penso que o FBI deveria investigar, especialmente desta vez, pois parece haver uma coordenação clara entre o que está a acontecer em Minneapolis, depois Los Angeles, Houston, Atlanta. Quando se olha para algumas destas pessoas que estavam em Minneapolis… percebe-se que alguns dos líderes do grupo eram jovens brancos todos vestidos de preto, que usavam radiocomunicações de nível militar e auriculares.

Basta olhar para o terreno e perceber que em cada uma das cidades onde os tumultos eclodiram, está-se a ver a mesma coisa. Estás a ver o mesmo tipo de liderança. Estás a ver os mesmos antagonistas. Estes são grupos radicais de esquerda como o Antifa, Black Lives Matter e uma série de outros que são financiados por pessoas como Geroge Soros e outros. Eles erguem-se e fazem-no por razões políticas.

Então eis as perguntas: o que querem realmente os apoiantes desta violência, as pessoas que muitas vezes dizem que a esta violência é a única maneira possível? Qual é o objectivo a atingir? Existe algum? Ou será que a violência ainda não identificou um objectivo preciso e pode ligar-se e desligar-se à vontade? Será que a violência, os saques, os tumultos, vão realmente resolver os problemas sociais na América? Porque é que estão a ser encorajados por muitos quadrantes?

Enquanto os recolheres estão a ser introduzidos em todo o País, os guardas nacionais estão em alerta e os meios de comunicação social continuam a lançar histórias alarmistas que alimentam o conflito. Quem irá beneficiar deste caos?

A verdade? A polícia dos Estados Unidos sempre tem morto mais negros do que brancos, não há novidade nenhuma neste sentido. A América de hoje não é mais racista do que era com a presidência de Barack Obama, não mudou desde o dia em que Donald Trump tomou posse: é a narrativa oficial que parece ter mudado. E vai mudar outra vez, assim que Trump deixar a Casa Branca (o que não será no próximo Novembro) e a classe dirigente do Deep State globalista retomar a Presidência. Os polícias poderão voltar a matar alegremente membros das minorias sem tantos vídeos irritantes, sem que por causa disso a raiva (dos cidadãos) ocupe as ruas de tantas cidades americanas, sem tantos tijolos abandonados nas esquinas.

A guerra actual não é uma guerra pela defesa dos direitos das minorias, mas uma guerra oligárquica globalista que utiliza a revolução pseudo-sistémica para retomar o controle das operações, para defender os paradigmas dominantes.

E não acaba aqui: esperem mais tumultos e “revoltas” em Novembro, após a reeleição de Trump.

 

Ipse dixit.

Imagem: AP via The Telegraph