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Coronavirus: em Italia desde Outubro

Lentamente, a história do Coronavirus começa a ser reescrita. E fica assim bem diferente da versão até agora oficial.

Em Italia entrou em acção uma task force da Região Lombardia que tem o tarefa de reconstruir a chegada da COVID-19. Os primeiros resultados indicam que o Coronavirus circulava em Milano desde o final de Janeiro, com mais de mil pessoas que teriam adoecido antes do “paciente zero”, o jovem de 38 anos de Codogno cuja positividade, descoberta em 21 de Fevereiro, deu oficialmente início à epidemia de Covid-19 em Itália. De acordo com a reconstrução do grupo de trabalho, no dia 26 de Janeiro, poderia ter havido um mínimo de 543 pacientes positivos em toda a Lombardia, mas os últimos dados falam em 1.200 casos positivos.

Como surgiu a data de 26 de Janeiro? Através da investigação epidemiológica realizada nos doentes que foram considerados positivos a partir de 21 de Fevereiro. Muitas das pessoas infectadas deram uma indicação precisa de quando tinham tido os primeiros sintomas, permitindo aos peritos reconstituir a história da epidemia.

Mas aqui há um pequeno pormenor: a pesquisa está a ser realizada “nos doentes que foram considerados positivos a partir de 21 de Fevereiro”. E os outros doentes? Aquele que tiveram sintomas antes daquele dia?

É a mesma pergunta que activou o grupo de pesquisa da Meleam, multinacional dos Estados Unidos com uma filial em Italia. Liderada pelo médico Pasquale Maria Bacco, a equipa conseguiu uma descoberta particularmente interessante: 35% da população italiana entrou em contacto com a COVID-19 desde Outubro, quando o vírus já circulava em Itália. No Norte, a sua letalidade tornou-se maior por causa de algumas escolhas infelizes da Região Lombardia (internar todos os casos suspeitos, criando assim enormes focos de infecção particularmnte nas províncias de Bergamo e Brescia), mas também no Sul os cidadãos desenvolveram anticorpos.

Afirma Bacco numa Entrevista ao diário La Stampa:

Pelo menos um em cada três italianos já tinha entrado em contacto com o vírus. Mesmo no Sul há percentagens muito elevadas. Nós próprios ficámos surpreendidos. Para além do nosso teste, utilizámos um teste chinês e um americano. Os resultados são os mesmos e nunca ninguém os negou. De uma amostra de 100 pessoas, 38 foram positivas em Nápoles e 36 em Bari [ambas no sul do País, ndt]. Depois, se estes dados devem ser escondidos ou se a vontade for contar outras verdades, a questão é outra.

Estes dados, segundo o que o médico disse, foram comunicados à Presidência do Conselho de Ministros, mas a Protecção Civil nunca contactou a equipa. É preciso especificar que a Meleam trabalha especificamente no sector da análise e da prevenção das doenças: a empresa produz também um teste serológico que já está no mercado, utilizado por empresas como Amazon e Ferrari, com encomendas que ultrapassam os 20 milhões de Euros.

O estudo fala de 35% da população nacional infectada, pelo que, para Bacco, é impossível que 90% dos italianos ainda sejam desconhecidos ao vírus.

Para nós que estudamos microbiologia, é uma loucura. Significa negar o elemento caracterizador, que é a forte propagação.

Mais de 5.000 pessoas saudáveis, divididas por região, sexo e idade, estiveram envolvidas na procura de anticorpos:

É uma clássica gota de sangue na ponta do dedo. Emergiram picos de 50%: uma em cada duas pessoas mostrou anticorpos. Uma confirmação da capacidade de infectar do Coronavírus e de ser predominantemente assintomático. Ao investigarmos os anticorpos, descobrimos as suas datas. É por esta razão que o nosso estudo é insidioso: o vírus estava em Itália desde Outubro.

Os resultados da Melean encontram uma confirmação indirecta num estudo assinado por cientistas da Universidade Estadual de Milano. Uma investigação epidemiológico-molecular efectuada em 52 genomas virais completos do agente patogénico, da qual emerge uma estimativa fundamental:

A origem da epidemia de Sars-CoV-2 [na China, ndt] pode ser colocada entre a segunda quinzena de Outubro e a primeira quinzena de Novembro de 2019, ou seja, algumas semanas antes dos primeiros casos de pneumonia identificados.

A epidemia de Coronavírus teve uma super aceleração desde Dezembro: desde então, cada pessoa infectada produziu mais 2.6 casos e o tempo para duplicar a epidemia foi de quatro dias:

A estimativa do número reprodutivo (o número de casos gerados por cada caso individual), ou seja, o parâmetro que mede a velocidade com que o vírus é transmitido, implementado utilizando modelos matemáticos e evolutivos permitiu destacar uma aceleração real da capacidade de propagação do vírus, um impulso expansivo desde Dezembro de 2019. De um número reprodutivo muito baixo, inferior a 1, em Dezembro o vírus passou de facto para 2.6, uma observação que nos permite colocar a hipótese de uma aquisição rápida de maior eficácia na transmissão do vírus.

Outro aspecto fundamental detectado pelos investigadores, “ligado ao anterior, é o período de tempo em que a epidemia é duplicada”, ou seja, o período durante o qual o número de pessoas infectadas é duplicado: a partir de Dezembro, este período foi de quatro dias.

O trabalho dos investigadores italianos foi aceite para publicação no Journal of Medical Virology (aqui o estudo Early phylogenetic estimate of the effective reproduction number of SARS‐CoV‐2) e os resultados já foram enviados pela revista à Organização Mundial de Saúde (OMS).

Apesar do estudo tratar do desenvolvimento do Coronavirus na China e não em Italia, sempre houve algo que não batia certo: Wuhan, como repetidamente lembrado, é uma das principais cidades industriais da China e os intercâmbios comerciais com a Italia são diários. É portanto incrível a versão segundo a qual o vírus teria sido introduzido por um casal de turistas chineses (ou por um comerciante alemão, segundo outra versão) só em Janeiro: muito mais realístico pensar num vírus que apanhou boleia antes, numa rota comercial. E faz todo o sentido, portanto, que o Coronavirus tenha desembarcado desde Outubro.

A tese dos turistas chineses só é apoiada porque consegue enquadra-se na teoria do vírus terrível que chega e começa a matar inocentes. Mas a análise da task force da Lombardia e a pesquisa da Melena desmontam pro completo esta reconstrução. E mais: o estudo da Universidade de Milano confirma que o vírus já poderia ter chegado antes em Italia, com uma capacidade de contagio limitada numa primeira fase mas particularmente elevada a parti de Dezembro.

Então algo não bate certo. A história do terrível vírus que chegou do Oriente e começou a chacina? Como é que o “massacre” não teve início já no final de 2019? Será que antes era visto como uma normal gripe até a Organização Mundial da Saúde ter decretado a “pandemia” espalhando a paranóia global?

Para já temos a certeza de que a COVID-19 estava presente em Italia desde o dia 26 de Janeiro e não desde 21 de Fevereiro. E isso é muito interessante porque, segundo as estatística oficias, entre os dias 17 e 23 de Fevereiro só houve três mortos “por” Covid-19. Considerado o tempo de incubação e a grande capacidade de propagação do vírus, temos um “buraco” temporal de quase um mês, durante o qual o Coronavirus já teria contagiado milhares (dezenas de milhares?) de indivíduos sem provocar óbitos ou sendo encarado como uma gripe normal, com relativos óbitos “normais”.

Dúvida: como é que nenhum médico ou hospital lançou o alarme? Não era esta uma doença bem mais grave e mortal do que uma gripe normal?

Se depois tivermos em conta a pesquisa da Meleam, então a situação parece não ter sentido: ao longo de três meses a COVID-19 contagiava um terço dos italianos (expandindo-se também no estrangeiro, como é óbvio) sem que ninguém desse por nada. Temos acreditar que os cadáveres continuavam a acumular-se aos milhares nas câmaras mortuárias, particularmente desde o final de Dezembro, sem que ninguém em Italia e no estrangeiro tivesse a mais pequena dúvida?

Informação Incorrecta vai tentar seguir esta história, mas é preciso avisar desde já que vai ser tarefa muito complexa: há uma vacina que está a chegar, certas notícias têm que desaparecer e com uma certa presa também. Não que não se fale de Outubro: fala-se mas como começo da segunda vaga

 

Ipse dixit.