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Coronavirus: desmontando o “caso Italia”

Por óbvias razões, sigo com extremo interesse o “caso Italia”, a alegada”excepcionalidade” da Península em relação ao Coronavirus. O “caso Italia” é tomado como exemplo que demonstra a ameaça do vírus e justifica as medidas de contenção adoptadas no resto do Mundo. Na verdade, como iremos demonstrar com os dados, não existe nenhum “caso Italia”.

Metodologia

Antes de mais: a metodologia. Até hoje, as mortes positivas à COVID 19 em Itália são 21.645. Mas como é calculado este valor? A Italia aplica a directiva da Organização Mundial da Saúde, segundo a qual fala-se de “caso confirmado” quando uma pessoa é positiva ao teste laboratorial que individua a COVID 19, independentemente dos sinais e sintomas clínicos. Por conseguinte, é necessária uma confirmação laboratorial para definir um caso positivo: e o teste laboratorial é, na grande maioria dos casos, a zaragatoa.

O teste realizado é o chamado RT-PCR. Portanto, se este teste for positivo, as mortes são colocadas na bacia do Coronavírus, embora de acordo com as normas internacionais as causas de morte deveriam ser calculadas de outra forma: deveria ser identificada e mencionada a patologia mais importante que realmente causou a morte, para além das patologias colaterais como é o Coronavirus. E o cerne da questão está aqui mesmo. Para ser considerado válido, um teste deve ser comparado com o Golden Standard, ou seja, com o próprio vírus cuja presença deve ser provada. Isto significa isolar o agente viral e depois analisá-la.

A surpresa é que, em Itália, para a COVID 19 falta esta parte essencial do procedimento. Numerosos estudos internacionais concluem que a RT-PCR para a COVID 19 não foi validada, não está normalizada e parece fornecer numerosos falsos positivos e falsos negativos. Como afirma Maria Rita Gismondo, Directora do Laboratório de Microbiologia Clínica, Virologia e Diagnóstico de Bioemergência do Hospital Sacco em Milano, é necessário um estudo epidemiológico sério. A relação causal entre o vírus e a doença, em suma, ainda não está demonstrada da forma exigida pelas melhores práticas da Medicina, as quais continuam a ser válidas e estabelecem quatro pontos, entre os quais a seguinte: o vírus deve ser isolado em cultura pura a partir dos tecidos afectados.

Tal como referido no relatório de European Consumer em meados de Março:

Embora o RT-PCR seja um teste altamente sensível, a sua fiabilidade não é total. e é sabido que esta tecnologia, tal como todas as tecnologias moleculares utilizadas no diagnóstico, tem a possibilidade de falsos positivos e negativos, cujas percentagens devem ser cuidadosamente definidas durante a validação do teste. Os principais reagentes para realizar o teste RT-PCR, ou seja, primers oligonucleótidos e sonda, são desenhados em regiões preservadas do genoma viral SARS-CoV-2, mas os coronavírus mostram mutações e recombinações frequentes. A forma como estes acontecimentos podem afectar a sensibilidade do teste, especialmente ao longo do tempo, não pode ser conhecida. Além disso, as cargas virais baixas em doentes assintomáticos ou ligeiramente sintomáticos podem não ser detectadas de forma fiável pela RT-PCR. No que respeita à positividade, não se pode excluir a presença de outro coronavírus humano na zaragatoa, o que poderia levar a uma reactividade cruzada.

Muitos especialistas notaram a pressa com que o procedimento foi adoptado e relataram a discordância dos resultados. Ainda Maria Rita Gismondo:

É´preciso deixar de comunicar o número de pessoas positivas ao novo coronavírus. Cientificamente, trata-se de um dado “sujo. O número real de positivos só pode ser dado após um estudo epidemiológico sério. Hoje apenas podemos falar sobre a percentagem de mortes em doentes hospitalizados.

Portanto, o primeiro problema é aquele da metodologia utilizada na relevação do Coronavirus: os dados não estão cientificamente correctos, não são de confiança. O continuo fluxo de dados (os contágios, as mortes, os tratados) difundidos diariamente pelos órgãos de comunicação não reflectem a realidade.

É a mesma metodologia utilizada em outros Países? A resposta é positiva. Os testes dos quais muito se fala em todo o Mundo nestas semanas são, na maioria dos casos, os mesmos: RT-PCR, a clássica zaragatoa. E isso lança uma luz bastante sinistra sobre o assunto: pro qual razão dados não cientificamente não de confiança são assumidos como “reais”?

Italia: os dados

A situação é a seguinte: em Italia até agora foram registrados 165.155 casos dos quais 21.645 acabaram com o óbito da vítima. Estes números fornecem um quadro aterrador: 358 mortos por milhão de habitantes, recorde ultrapassado apenas por Bélgica (419 mortos/milhão) e Espanha (409).

O que estes dados (Il Sole 24 Ore) não dizem é que 62.153 (37%) dos casos de contagio totais foram registrados numa única região, a Lombardia; e que 11.377 (52%) das mortes aconteceram na mesma região. Evidentemente em Lombardia houve algo que fez disparar os totais. Mas foi o quê?

A resposta está escondida nas medidas adoptadas pelas várias Regiões italianas. Contrariamente ao que acontece em Portugal, a saúde em Italia é administrada com base regional: cada Governador de Região, em casos de emergência, pode implementar medidas sanitárias excepcionais. A resposta da Região Lombardia perante os primeiros casos de COVID-19 foi aquela de internar os pacientes sintomáticos em estruturas hospitalares. Alguns dias depois, quando a capacidade de recepção por parte das estruturas sanitárias atingiram o limite, a escolha foi aquela de devolver às famílias is casos menos graves. O problema é que esta atitude multiplicou os números dos contágios: indivíduos com sintomas dum resfriado entraram em contacto com múltiplos pacientes infectados e, uma vez voltados para casa, facilmente espalharam o vírus.

Dado que nenhuma outra Região adoptou esta medida, é simples explicar a diferença entre os números de infectados e/ou óbitos “de Coronavirus” em Lombardia e nas restantes Regiões. O Veneto, por exemplo, foi a segunda Região onde foi observado o vírus, logo nos primeiros dias da “pandemia”: aí a escolha foi a de deixar as pessoas em casa e trata-las aí. Resultado: o Veneto 14.624 casos de contagio e 940 óbitos. Estes são os números típico duma gripe sazonal.

A segunda Região mais atingida pelo vírus, a Emilia-Romagna, teve até hoje 21.029 casos de contagio e 2.788 óbitos, mesmo assim valores particularmente longe dos lombardos.

É dito nos órgãos de informação que o Sul de Italia foi poupado por causa da distância do Norte e por via das medidas de contenção entretanto adoptadas pelo Governo nacional. Esquece-se de referir que entre as Regiões menos atingidas há também o Friuli Venezia Giulia (2.544 contágios e 212 óbitos), que confina com o Veneto dum lado e com a Áustria e a ex-Jugoslávia do outro. O Friuli V.G. apresenta dados bem abaixo das médias duma gripe sazonal.

O “caso Italia”, na verdade, deve ser reduzido à realidade da Lombardia que sozinha acumula mais de metade dos óbitos nacionais. Em particular, como é sabido, foram as Províncias de Bergamo e Brescia as mais fustigadas. O que apresentam de particular estas duas cidades?

Bergamo e Brescia: a comorbidade

Como vimos, uma escolha prejudicial da Região Lombardia contribuiu de maneira substancial à difusão do Coronavirus naquela região. Nesta altura seria preciso filtrar os dados para considerar quanto afirmado até aqui: a não fiabilidade dos testes ou a dúvida quanto às reais causas das mortes. Afinal quanto dos óbitos registrados em Lombardia estiveram relacionados com a COVID-19 de verdade? E quantos, pelo contrário, foram indevidamente atirados para o caldeirão do Coronavirus?

Não tendo a possibilidade de efectuar a tal filtragem, tomamos como verdadeiros os dados oficiais: 11.377 óbitos na Região Lombardia, com uma particular incidência nas Províncias de Bergamo e Brescia, todos relacionados à COVID-19. Acerca da idade das vítimas, a média é elevada: situa-se entre 70 e 79 anos, enquanto no resto de Italia a média fica na casa dos 80 anos.

No caso de Brescia, apenas 159 das 1.521 vítimas não tinham patologias anteriores: todas as outras tinham doenças oncológicas, metabólicas, cardiovasculares ou respiratórias. Mas isso não explica o recrudescimento nas duas províncias. Aconteceu algo naquelas zonas?

Entre Dezembro e Janeiro, nas duas províncias houve a distribuição de vacinas contra o meningococo C. Na província de Bergamo, a vacinação foi feita a 21.331 cidadãos, enquanto em Brescia foi feita a 12.200 pessoas. Antes, tinha havido a vacinação contra a gripe, ainda mais abrangente: as doses de vacina contra a gripe, adquiridas de acordo com os dados do Departamento de Higiene e Prevenção Ats Bergamo, foram de 185.000. E estes são dados que temos que considerar.

Muitas hipóteses têm sido feitas sobre a correlação entre Coronavirus e vacina contra a gripe. Uma vacina contra a gripe cobre algumas estirpes, mas há centenas delas em circulação. E um fenómeno de interferência viral é possível quando uma vacina é administrada, ou seja, o sujeito pode adoecer com estirpes para as quais não tem protecção. Não apenas pode como tem 36% mais probabilidade de adoecer. No jargão técnico esta é definida como comorbidade de infecções virais do mesmo grupo: a comorbidade ocorre quando duas ou mais doenças estão etiologicamente relacionadas. Mais concretamente, a comorbidade prognóstica ocorre quando houver doenças que predispõem o paciente a desenvolver outras doenças. A hipótese de comorbidade tem particularmente sentido nas províncias de Bergamo e Brescia pois são áreas onde a idade média dos residentes é elevada, mais que em outras regiões italianas.

Um estudo de 2019 publicado nas páginas de Science Direct, Influenza vaccination and respiratory virus interference among Department of Defense personnel during the 2017–2018 influenza season (“Vacinação contra a gripe e interferência do vírus respiratório entre o pessoal do Departamento de Defesa durante a época da gripe de 2017-2018”) mostra que os indivíduos vacinados contra a gripe têm 36% mais de probabilidade de desenvolver doenças originadas pelo Coronavirus (nota para quem deseja interpretar o artigo original: é preciso observar as tabelas, em particular a nº 5; a coluna OR apresenta o valor 1.36 no caso do Coronavirus e 1.36 significa +36%).

A subministração da vacina contribui para um significativo aumento do risco de contrair outras infecção respiratórias porque os sujeitos vacinados não adquiriram a imunidade genética, não específica, contra outros vírus.

A estudar a potencial ligação é também Cristian Atzori de Auret, associação de investigação e terapias do autismo. Uma auditoria nacional que Atzori está a realizar mostra dados de obtidos através de médicos de hospitais e do 118 (o número telefónico das emergências sanitárias) sobre os pacientes hospitalizados. Até agora, das 60 auditorias realizadas, 58 dos pacientes entubados tinham recebido vacinas contra a gripe. Como explica Atzori: “Todas as estirpes contidas nas vacinas contra a gripe deste ano foram indicadas pela OMS no início de 2019 e contêm duas estirpes de coronavírus definidas como inactivas”. As vacinas analisadas pela Auret são Fluad 2019-20, Influvac’s Tetra, Influvac S e Vaxigrip Tetra.

Conclusões

Pelo que: teste de rastreio com um nível de confiança inadequado; uma metodologia para enfrentar a doença que cria artificialmente focos de infecção; uma catalogação de dados que não analisa as principais e reais causas de morte ma classifica tudo como “Coronavirus”. Se alguém utilizasse estes instrumentos para publicar em internet um artigo, seria imediatamente acusado de difundir fake news e de ser um “conspiracionista”. Dado que são instrumentos explorados por instituições públicas, magicamente tornam-se verdade absoluta.

É isso que se está a passar no resto do Mundo também? A suspeita é que a resposta seja “sim”, mas não temos os dados para afirma-lo. Doutro lado, o foco neste artigo é o caso italiano: então não podemos esquecer de mencionar o problema das vacinas subministradas abundantemente nas Províncias de Bergamo e Brescia, cidades cujas imagens deram a volta ao Mundo. Uma população com idade média elevada mais um 36% de possibilidade acrescida de contrair uma infecção podem bem explicar a excepcionalidade daquela área. “Daquela área” porque no resto do País não existe uma emergência de COVID-19: os dados, até aqueles oficiais, confirmam a absoluta normalidade da situação.

É preciso notar como, durante uma vaga de gripe sazonal de baixa intensidade, a Italia costuma registrar uma média de 17.000 óbitos (dado calculado por defeito), com picos que podem ultrapassar as 50 mil ou até 60 mil mortes no caso de gripes mais agressivas (como durante o Inverno 2016/2017). O Coronavirus, após três meses, provocou talvez 21.645 mortos. Podemos concluir que as medidas de “distanciamento social” tomadas pelo Governo italiano impediram os efeitos duma vaga de gripe mais forte do que o costume? Não, não podemos: porque, considerada a falta de fiabilidade dos dados ate´hoje apresentados, nem sabemos ao certo quantos dos óbitos foram realmente provocados pelas consequências da COVID-19.

Resumindo: nunca houve um “caso Italia”.

 

Ipse dixit.