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Os Russos invadem a Italia!

Pessoal, anda por aqui algo estranho. Não sei o que é, mas algo está a passar-se.

Notícia: os militares russos entraram em Italia. Fardados.

Moscovo enviou aviões de carga IL76, vários médicos dos departamentos especializados do exército, unidades móveis para a contenção de ameaças bacteriológicas, meios de saneamento do solo e um número não especificado de técnicos (leia-se soldados). Ontem, o contingente russo percorreu a Península por seiscentos quilómetros, desde Pratica di Mare até Bergamo, a primeira área operacional. À frente da operação está o General Sergey Kikot, comandante adjunto do departamento de defesa química, radiológica e biológica do exército russo. Kikot não é um parvalhão qualquer: é um dos especialistas que, ao longo dos anos, esteve envolvido na tentativa de “limpar” o nome de Bashar al Assad (Presidente das Síria) acusado de utilizar armas químicas contra os seus cidadãos. pelo que: homem de confiança do Kremlin.

O facto é que existem dúvidas sobre as reais capacidades e utilidades dos meios russos. Assim como sobre o objectivo da operação. Um dos aspectos controversos: quantos militares chegaram à Itália vindos da Rússia? O número não está disponível e ainda não está claro se será ou não comunicado. Perplexidade que aumenta ao considerar que os meios russos para higienizar o terreno funcionariam de acordo com uma prática que o Ministério da Saúde italiano não considera válida na luta contra o COVID-19: então por que foram chamados?

A última vez que o exército russo pôs os pés na Península foi em 1799, à sua frente estava Aleksandr Suvorov, a guerra entre a França Napoleónica e a Segunda Coligação estava em curso e a Itália ainda não era um Estado unitário. Hoje, um dia após a inconclusiva reunião no Eurogrupo e a evidente fractura no seio da União entre o bloco dos Países do Norte (Alemanha, Holanda…) e os Países do Sul (França, Italia, Espanha, Portugal, Grécia…), eis os Russos. Mas como chegaram aqui, num País da NATO?

A chegada dos militares foi decidida por Vladimir Putin, que convenceu o Primeiro Ministro Giuseppe Conte durante um longo telefonema. O Presidente do Conselho italiano, uma vez acabado o telefonema, teria avisado o governo: primeiro a Defesa, depois os Negócios Estrangeiros. No entanto, a decisão já tinha sido tomada, portanto uma decisão só de Conte, não do governo e nem do Parlamento. (nota: os brasileiros queixam-se de como é tratada a democracia no Brasil? Em Italia um mini-parlamento reúne-se uma vez por semana e no topo do governo está Conte, um gajo que ninguém alguma vez elegeu).

Um salto até Portugal: o Primeiro Ministro do burgo aqui, António Costa, usou palavras muito fortes contra o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Holanda, que foi definido como “ignóbil”. Em causa estão as declarações do Ministro, segundo o qual a Espanha não tem folga orçamental para enfrentar o Coronavirus. Pelo que: nada de Títulos de Dívida europeia para Espanha, onde se fossem pela Holanda todos poderiam morrer, possivelmente sem perturbar.

Agora, o que admira não é a declaração do porta-voz holandês (o seu predecessor tinha dito que na Europa do sul ninguém quer trabalhar, pelo que confirma-se que na Holanda para o lugar de Ministro escolhem entre os idiotas da aldeia), quanto as palavras de Costa: uma pessoa cujo lema de vida parece ser acalmar os ânimos, encontrar um acordo, atirar água para a fogueira.

E, nas mesmas horas, Donald Trump escreve no Twitter que conversou com o homologo chinês, Xin Ping Pong ou como raio se chama, que este é um grande gajo, que tudo está bem. Mas como assim? Não estão no meio duma guerra comercial, com trocas de acusações acerca da origem da pandemia? E a seguir um segundo tweet: “Vamos ganhar”.

Sigam o raciocínio do humilde blogueiro: no meio duma pandemia global, cuja origem é desconhecida, com os media que não param de difundir o pânico entre os cidadãos (Países inteiros fechados em casa), militares russos (quantos?) entram num País da Nato à medida que a União Europeia (da qual é a terceira economia) está paralisada e profundamente dividida, ao ponto que membros notoriamente calmos utilizam palavras fortes para definir outros membros. Reaparece o Papa: “Uma espessa escuridão tomou posse das nossas praças, ruas e cidades. Você nos pede para não ter medo. Mas a nossa fé é fraca e temos medo”. E Trump manda beijinhos à China: “Vamos ganhar”, diz ele. Mas está tudo doido?

Pessoal, repito: anda por aqui algo estranho. Diz o Anónimo: “Me parece que o Max tem a capacidade de ver através de um copo sombriamente para encontrar as nuances e correntes sutis que ondulam através da história”. Agradeço as boas palavras, mas talvez a confiança seja mal direccionada: perante todos estes acontecimentos já não sei o que pensar. Aliás, sou eu que peço aos Leitores: o que acham disso tudo? Conseguem ter uma ideia, um palpite daquilo que se está realmente a passar?

A única coisa que me passa pela cabeça… bom, é melhor não falar disso. Não já.

 

Ipse dixit.

Imagem: tropas russas em Roma, ontem.