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O êxodo dos CEO’s

Alguém sabia a chegada da pandemia? Se assim fosse, defender a sua origem natural (morcegos, pangolins e outros possíveis exemplos da fauna), seria complicado.

Podemos observar que, para já, a COVID-19 está  a tornar-se muito útil às elites financeiras: volta-se a imprimir dinheiro em grande quantidades, muitos Países ficarão terrivelmente endividados. E, provavelmente, as perdas do sistema bancário serão socializadas. Mas tudo isso é “depois”. O que houve “antes”?

Nos meses imediatamente anteriores ao episódio pandémico, houve um brutal êxodo de administradores e chefes, os chamados CEO’s. E biliões de acções foram vendidas.

Paranóia conspirativa? Não: é a emissora americana NBC News que, em Novembro de 2019, fazia as contas. Entre Janeiro e Outubro de 2019 houve 1.332 CEO’s despedidos, 172 nas últimas semanas de acordo com a agência que trata da procura de emprego desta categoria, a Challenger, Gray & Christmas. Um total de 1.480 managers que deixaram os seus lugares em 2019. Porquê?

Aqui estão alguns dos nomes mais em vista atingidos pelo êxodo:

E o êxodo continua. Em Janeiro de 2020, 219 grandes gestores foram demitidos naquela que tem sido uma verdadeira redução do volume de negócios. É como se bancos e multinacionais estivessem conscientes da dimensão duma crise que ia muito além dos limites de uma emergência sanitária. Gestores que percebiam emolumentos astronómicos foram despedidos como trabalhadores “normais”.

Andrew Challenge, vice-presidente da agência:

Você espera uma alta rotatividade durante um período de recessão, ver mais rotatividade durante um período em que as empresas estão a ir bem é muito surpreendente.

O artigo da NBC tenta explicar o êxodo de várias formas: problemas ligados aos abusos sexuais, a pressão do ecologistas… mas os números analisados pela agência Challenger, Gray & Christmas mostram que ao aproximar-se do final de 2019 os despedimentos sofreram uma forte aceleração: em Outubro do ano passado, o último dos meses analisados, o total dos CEO’s removidos atingiu 172 unidades, o valor mais alto de qualquer mês ao longo dos últimos 15 anos.

Menos significativa a questão das acções, pois acontecida já durante a pandemia, quando um qualquer bom analista de mercado poderia ter previsto eventuais recaídas negativas da doença: desde o início de Fevereiro os executivos das empresas listadas na Bolsa de Valore dos EUA venderam um total de 9.2 biliões de Dólares das acções das suas empresas, com perdas potenciais de 1.9 biliões de Dólares; isso enquanto o índice S&P 500 caia cerca de 30% entre 19 de Fevereiro e 20 de Março. Ou seja: até Wall Street ter fechado as suas portas.

Mas o que mais interessa aqui é a questão dos CEO’s pois os nomes envolvidos são impressionantes: falamos dalgumas das maiores multinacionais do planeta. E aqueles acima são apenas alguns dos 1.480 CEO’s despedidos até agora.

Tentamos imaginar um cenário. Vocês são os accionistas de maioria duma grande empresa, sabem que está a chegar uma crise económico-financeira terrível: o quê fazem? Cortam. Começam a cortar o ordenado astronómico do CEO porque sabem que “depois” ele não fará falta e que “depois” o volume de negócios será redimensionado. Servirá um outro tipo de CEO, menos acostumado a mercados “grandiosos” mas especializado na relance duma empresa num mercado de recursos mais limitados.

O cenário faz sentido? Acho que sim. Mas sobra uma dúvida: como sabia a Vossa empresa da pandemia em chegada?

 

Ipse dixit.