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Os Anglo-Saxónicos

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Uma das razões pelas quais Informação Incorrecta sempre tratou da História é que…a História somos nós. E esta não é apenas uma frase bonita, é uma realidade. Ao nascer, ninguém é uma folha em branco que espera de ser escrita. Pelo contrário: já há letras, palavras, frases completas que devem apenas ser descobertas e que, quando as condições o permitem, surgem e podem ser lidas.

Os nossos antepassados não transmitiram apenas um código feito de x e y que determina a cor dos cabelos ou dos olhos: transmitiram outras características como a nossa forma de pensar, por sua vez fruto das adaptações sofridas ao longo dos milénios. A frase “a História somos nós” significa isso: que cada um de nós é o somatório de séculos e milénios de experiências acumuladas, elaboradas e deixadas como herança.

O que tem isso a ver com o presente? Tem tudo a ver.

Hoje interiorizamos o facto de que em todas as sociedades o pensamento dominante é aquele das classes dominantes, mas as classes dominantes também são uma superclasse desligada, aqui no Ocidente, das Nações. Existe um duplo nível de dominação, entre Nações e classes. As classes dominantes das Nações dominantes dominam (e passem a redundância) sobre as suas sociedades-Nações; através das suas Nações dominam também as classes dominantes de outras Nações. Isso é relativamente simples pois os interesses das várias classes dominantes no geral coincidem, pelo que as classes dominantes mas dominadas ajudam a expansão da classe dominante superior.

É um pouco confuso, não é? Parece uma matrioshka, uma daquelas bonecas russas no interior das quais há outra boneca e outra ainda. Talvez seja mais simples fazer um exemplo prático. Pensem no mundo anglo-saxónico: há a classe dominante inglesa e americana, da qual dependem outras classes dominantes menores, como aquela australiana, sul-africana, etc. Todas são classes dominantes nas realidades locais, mas apenas uma é a classe dominante, que podemos chamar de “superclasse”: é a classe inglesa e americana.

Mais no geral, no Ocidente, o que foi descrito até aqui tem a ver com o domínio indiscutível de uma classe dominante em particular que pertence a um grupo étnico bem definido: os anglo-saxónicos. Os anglo-saxónicos hoje somam cerca de 470 milhões de indivíduos, 6% do mundo mas 41% do sistema ocidental. A etnia anglo-saxónica domina os outros grupos étnicos também através da projecção do seu próprio poder nacional e associando-se com as classes dominantes dos grupos étnicos dominados. Pelo que, é a classe dominante anglo-saxónica que controla o Ocidente.

Tudo isso é possível por causa de um enorme PIB (os Países anglo-saxónicos, com 6% da população mundial, desenvolvem 31.5% do PIB mundial), do poder do Dólar e da Libra, de seus próprios bancos, empresas financeiras, Wall Street, City de Londres, o que resta dos acordos de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial); mas os anglo-saxónicos também podem contar com quase todos os paraísos fiscais, o domínio das suas empresas em todos os rankings de sector, as sua força militar hipertrofiada, a imposição da sua própria língua como língua internacional (como é tradição em qualquer império). E, consequentemente, também domina em termos de mentalidade, hegemonia da informação, da educação.

Nada daquilo descrito até aqui é uma anomalia: todos os impérios fizeram o mesmo ao longo da História. Mas se desejarmos entender melhor os nossos dominadores, então é mesmo nas páginas da História que temos que procurar.

Os anglo-saxónicos têm a sua própria religião, que existe em duas versões: a versão cristã no sentido protestante e a deísta, aquela própria das elites. Eles têm uma filosofia própria, nascida na Idade Média inglesa, portanto protegida do aristotelismo: e o resultado é uma filosofia sem sensibilidade ética e política. Lógica e racional por um lado, metafísica pitagórica do outro.

Os anglo-saxónicos são de origem tribal germânica, estavam divididos em clãs, e conseguiram impor-se como aristocracia nas populações dos antigos bretões e gaélicos desde o VI século d. C.. Mas a natureza tribal sobreviveu: aceitaram mal o monarca contra o qual rebelaram-se cedo (a Magna Charta é de 1215) e depois em várias ocasiões, até que cortaram a cabeça de um rei já em 1649, cento e quarenta anos antes dos franceses. Esse cenário de uma elite sem líderes, cujo interesse comum é não pagar impostos, foi descrito pelos mesmos anglo-saxónicos com o termo de “liberdade”. De facto, já em 1688 destronaram o monarca, colocando no lugar dele o poder parlamentar, com os seus próprios representantes. Ainda em 1832, o parlamento do Reino era votado por apenas 4% dos adultos homens, segundo um esquema que mais tarde foi chamado de “democracia liberal”.

Os anglo-saxónicos não inventaram o Capitalismo, mas gostaram dele e o tornaram o único sistema económico possível, único regulador da sociedade. Não admira: já vimos que o esquema de pensamento filosófico anglo-saxónico não tem sensibilidade ética ou política. A marcha em direcção ao Capitalismo teve início muito antes de Adam Smith, começou com o golpe de estado organizado em 1688, quando o poder económico da monarquia ficou refém dos representantes parlamentares. Somente depois de muitos anos, pelo menos dois séculos, o resto da Europa seguiu este formato, que é um formato de sucesso, mas nem sempre com resultados históricos igualmente brilhantes. E não podia ser de outra forma: as culturas são entidades complexas, como já vimos não dá para fazer um simples copia/cola, pelo menos não sem resistências.

O sistema anglo-saxónico, portanto, é guiado pelo livre desempenho económico, livre de qualquer vínculo: não pode existir aqui uma “mão invisível” que regula o mercado. Qualquer mão seria imediatamente amputada assim como foi feito com a cabeça de Carlos I: o mercado é vítima desta liberdade sem limites e não pode auto-regulamentar-se. Neste âmbito é fundamental para os anglo-saxónicos uma filosofia utilitária, que definida o útil como tudo o que produz vantagem, que minimiza a dor e maximiza o prazer. É claro que nestas condições a ética é reduzida a uma espécie de “álgebra moral” onde o máximo prazer deve ser algo quantificável, deve ser traduzido em moeda. E dado que o mercado anglo-saxónico tem como base a rejeição das regras, é o indivíduo que constitui o mercado, é ele que calcula o lucro esperado e que trabalha duro para ter a satisfação monetária. Desde que algo produza uma dinâmica económica, tudo é permitido acima e abaixo da linha moral.

Desde o final da Segunda Guerra Mundial até hoje, o farol da civilização ocidental (isso é: os Estados Unidos da América) produziu cerca de 30 milhões de mortes em várias guerras. Mas não são percebidas como mortes: são casualties, são baixas, são danos colaterais, são a inevitável consequência da principal actividade que é manter o mundo “livre, aberto, justo, ordenado pelo mercado e, obviamente, democrático”. Não há por aqui, nestas guerras, a antiga mitização dos confrontos entre os guerreiros, não há a honra em desafiar o adversário: no mundo anglo-saxónico tudo isso é inútil, não traz prazer. Até a destruição ambiental é uma simples baixa que ganha importância apenas na altura em que pode ser útil para iniciar um outro ciclo de “destruição criativa”. Esta é a vaga ambientalista, a cruzada contra o dióxido de carbono.

O resultado desta sociedade alucinada é o conhecido Homo oeconomicus, uma entidade imaginária criada na época do filósofo e economista John Stuart Mill com o propósito de actuar como chave para dar significado e justificação a toda essa construção anglo-saxónica. O Homo oeconomicus calcula racionalmente os seus benefícios, portanto a sua acção económica pode ser lida em forma matemática: o importante é observar qual será o resultado final elaborado a partir dos dados em entrada. Por cima do Homo oeconomicus foi fundada uma psicologia não menos bizarra, na qual mente e corpo são tratadas como duas entidades separadas: o contrário do que acontece no Oriente, por exemplo, onde não pode haver tratamento do corpo sem um equilíbrio mental e vice-versa. E depois da antropologia e da psicologia, eis a sociologia reduzida a uma competição selectiva na eterna corrida para alcançar uma alegada evolução infinita e não bem definida, chamada de “progresso”.

Tudo faz sentido se partimos das bases: é suficiente olhar para o passado e seguir a natural evolução dum povo para poder entender não apenas o presente mas até qual o futuro também. E o futuro já começa a ser escrito. Os anglo-saxónicos abriram a abominável caixa preta, o crânio, e decidiram que tudo o que circula ali é informação. Mas a informação também é quantificável, a informação traz uma racionalidade útil e que é possível calculável. E eis que nasce o projecto da Inteligência Artificial: a inteligência é reduzida a um mero cálculo, apenas uma série de algoritmo bem sincronizados.

Agora que o sistema económico do Ocidente parece ter terminado o seu impulso, os anglo-saxónicos estão a trabalhar duro para abandonar uma realidade que é sempre menos generosa e alcançar a realidade artificial. E por isso aplicaram uma nova versão de sua abordagem filosófica sem ética e sem moral: é assim que aparece o trans-humanismo.

O transhumanismo é anti-humanista, é tecnocientífico, não tem moral e é desprovido de ética; tem como objectivo fundir máquina, biologia e psique numa única construção que pode ser determinada e dominada. E no fundo há uma expectativa messiânica: encontrar a suposta singularidade que determinaria o Big Bang duma Nova Era. Este é o paraíso dos clãs anglo-saxónicos: indivíduos híbridos, hiper-poderosos e imortais. E tudo acompanhado pelo desenvolvimento de novas oportunidades de mercado, com investimentos nos futures, satisfação dos líderes militares, dos complexos tecnocientíficos.

Trata-se do poder absoluto, a capacidade de dominar a Natureza. Não deve admirar: estas são ainda as pulsões dos chefes dos antigos clãs. A classe dominante anglo-saxónica, que sempre foi intrinsecamente deísta e nunca verdadeiramente cristã (porque não é possível ser cristão sem uma verdadeira espiritualidade), odeia a natureza e adora a técnica que proporciona uma sensação de omnipotência, juntamente com dinheiro e aditivos químicos, dos quais são ávidos consumidores dado que o hidromel passou de moda. Abolida a filosofia, que para um utilitário é inútil, abolida a História, que afinal é apenas uma colecção de fracassos na estrada do progresso, no completo delírio reducionista o anglo-saxónico exalta a ciência, mas ainda mais a técnica e a produção de meios para atingir fins.

Vale a pena citar Zoltan Istvan , um americano transhumanista, jornalista, futurista e, obviamente, empreendedor e democrata. No seu livro The Transhumanist Wager , de 2013, Istvan afirma:

“O ousado código do transhumanista deve prevalecer. É um facto inevitável e inegável. É inerente à natureza não democrática da tecnologia e ao nosso progresso evolutivo tecnológico. É o futuro. Nós somos o futuro, que gostem ou não. E esse futuro deve ser moldado, guiado e gerido correctamente pela força e pela sabedoria dos cientistas transhumanistas e pelas Nações prontas para apoiá-los com os seus recursos “.

Não é difícil imaginar quais serão os clãs, desculpem, as Nações que irão apoiar a vaga transhumanista.

Destruir e ultrapassar o humanismo é um dever se o nosso objectivo for o transhumanismo. Então é preciso começar dos alicerces duma sociedade demasiado ligada ao passado. Destruir os antigos valores como a família, que desde sempre foi o tijolo da sociedade, é o primeiro passo, mas não é suficiente. É preciso remover as certezas de cada indivíduo, abala-lo nas suas convicções mais profundas e por em causa até o seu próprio ser como indivíduo. Bem vindos no mundo transgender, onde não há pontos de referência, onde até a nossa biologia pode ser mudada por completo e onde qualquer ser humano está pronto para um novo passo em frente.

A filosofia sem moral tipicamente anglo-saxónica adoperou-se duma realidade lícita como aquela homossexual para transforma-la em algo útil, um novo degrau para a sucessiva etapa evolutiva. O fascismo LGBT funciona em sincronia com a cruzada anti-dióxido de carbono: o fim é empobrecer o indivíduo, tirar-lhe as suas origens, a sua história, todas as suas certezas e deixa-lo como massa sem forma, pronta para ser moldada.

Aparentemente multiplicam-se as oportunidades de escolha por cada um de nós, mas na verdade as escolhas desaparecem e são substituídas por um percurso obrigatório, utilitarista, que tem um único fim determinado desde o princípio. Não acaso falamos de fascismo, porque está e uma ditadura.

Abandonemos a teoria e falamos da prática, da realidade no mundo anglo-saxónico sem esquecer que o que acontece nos Estados Unidos hoje é uma antevisão daquilo acontecerá aqui, nas província do império, passado pouco tempo.

Em Lexington, nos Estados Unidos, os professores foram incentivados a utilizar um “boneco de neve” durante as aulas de educação sexual nas escolas primárias. Mas não um boneco de neve clássico: este boneco tem vários sexos, homem, mulher e gender, tudo junto. O condicionamento psicológico tem que começar cedo, ainda antes que o indivíduo tenha atingido a sua completa maturidade sexual.

Há uns dias, um tribunal de Dallas, no Texas, decidiu contra um pai que estava a tentar bloquear o plano da sua ex-mulher para submeter o filho a um tratamento com bloqueadores da puberdade e, finalmente, as hormonas sexuais para facilitar a transição de género. A criança tem sete anos de idade e a mãe acusou o pai de “abuso infantil” porque ele não reconhece que o filho de sete anos seja uma criança transgénero. A corte proibiu ao pai de vestir a criança ou de compartilhar ensinamentos científicos sobre a sexualidade ou a biologia.

Sempre este mês, a marca Always do grupo Procter & Gamble cedeu perante os protestos LGBT e decidiu retirar o símbolo feminino dos seus produtos, nomeadamente dos absorventes femininos. Uma escolha que irritou profundamente a activista feminista Julie Bindel: lembramos que o símbolo feminino foi sempre utilizado pelas feministas para reivindicar os direitos das mulheres, mas agora, segundo a activista, “Estamos no caminho para a eliminação total da biologia feminina”.

Mas a notícia mais importante, no meu entender, chega deste lado do Atlântico, precisamente de Reading, na Inglaterra: a cadeia de restaurantes americanos Chick-fil-A, perderá a sua primeira subsidiária no Reino Unido após a pressão da comunidade LGBT.

A cadeia de restaurantes de propriedade familiar é conhecida pela sua filosofia cristã e pelo suposto apoio a causas socialmente conservadoras, possui cerca de 2.400 lojas nos Estados Unidos, e o centro comercial Oracle Center anunciou que não renovará o contrato de locação, isso apenas uma semana após sua abertura.

Se é verdade que a família que gere Chick-fil-A é conservadora, também é verdade que a empresa nos Estados Unidos dá trabalho a brancos, pretos, mexicanos, asiáticos, gay, não gay… mas isso não tem importância: é a mesma ideia de “conservadorismo” que tem de ser erradicada, qualquer obstáculo ao longo do caminho que leva ao “novo homem” deve ser apagado. E paciência se tudo isso é antidemocrático, paciência se todos deveriam poder externar e viver os seus princípios; paciência se este afinal é um verdadeiro fascismo.

O caminho para o Novo Homem não pode ser um passeio, haverá resistências, haverá danos colaterais de vário tipo e a perda de liberdade é um destes danos. Os clãs anglo-saxónicos não pararam quando a questão foi o extermínio das tribos que habitavam a Britânia, imaginem se vão parar agora perante algo sem utilidade como “ética” ou “moral”.

 

Ipse dixit.

Fontes: Summit News, BreitBart (1, 2, 3)

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