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A UE e os whistleblowers

Whistleblower: termo inglês (mais propriamente norte-americano) que indica uma pessoa que expõe uma má conduta, uma actividade desonesta ou ilegal que ocorre numa organização pública ou privada. Um “espião”? Absolutamente não: um cidadão corajoso que defende o interesse de todos. É por isso que o whistleblower denuncia publicamente os factos ou às autoridades. Uns exemplos de whistleblowers? Edward Snowden, Julian Assange, Chelsea Manning, Frank Serpico, Mark Felt (Watergate). Sem este informadores, o jornalismo praticamente não existiria: pensamos nos casos Panama Papers, Datagate, Cambridge Analytica…

Simples entender como aquela de whistleblower seja uma actividade extremamente perigosa, onde em jogo é posta a vida para o bem de todos. Podia a União Europeia ficar insensível perante um tal comportamento heroico? Não, claro que não. Portanto, eis a Directiva para a Proteção dos  Whistleblowers.

Eis os pontos “quentes”

Casos práticos: imaginemos uma Chelsea Manning ou um Edward Snowden que decidem confiar na nova directiva europeia.

Chelsea Manning, você tem provas de atrocidades militares americanas contra civis iraquianos e afegãos? Bem, comunique isso ao seu empregador (que é o exército dos Estados Unidos), depois espere 3 meses; se nada acontecer, você pode falar com o Pentágono, depois espere mais 6 meses; se nada acontecer e estiver ainda vivo, fale com Julian Assange de Wikileaks, depois pensamos nós a fazer-lhe a vida negra.

Edward Snowden, você descobriu a espionagem global da NSA? Bem, comunique isso ao seu empregador (que é a NSA), espere 3 meses; se nada acontecer pode dizer às autoridades, então espere mais 6 meses e se nada acontecer e estiver ainda em vida, pode falar com The Guardian ou com o New York Times, depois pensamos nós em arrasta-los para o tribunal.

Não é preciso acrescentar mais nada: fica muito claro qual a verdadeira função da nova directiva. É para isso que foi criada a União Europeia, é para apoiar um sistema como este que seremos chamados a votar no mês de Maio. Mas disso voltaremos a falar em breve.

 

Ipse dixit.

Fonte: European Commission, Paolo Barnard