Site icon

Macron, Benalla e o elefante gay

E vamos ver um erro de comunicação que é bem evitar. Quando o Leitor tem que negar, nunca deve usar a negação porque o subconsciente tende a negligenciar o “não”. O grande linguista americano George Lakoff explicava isso de forma magistral no seu famoso livro “Não pense num elefante”. Ele convidava a não pensar sobre aquele animal, o que é exactamente o que está a fazer o Leitor neste momento (exemplo também citado no excelente filme Inception. Ainda não viram?!? Vejam).

Vamos transportar esta regra (“nunca negar com um não!”) para a vida real. O banqueiro de casa Rothschild e, ocasionalmente, Presidente da França, ontem afirmou o seguinte: Alexandre Benalla n’a jamais été mon amant (“Alexandre Benalla nunca foi o meu amante”). Com esta declaração, Macron cometeu não um mas dois erros colossais.

O primeiro: ninguém na França, nos media ou mundo político, tinha formulado a suspeita de que o chefe do Elysee tivesse tido um relacionamento homossexual com a sua guarda pessoal. Sim, as vozes circulava na internet e nos círculos privados, mas uma coisa é uma voz, outra coisa é uma posição oficial. Incrivelmente foi o mesmo Macron a trazer à tona o assunto e, portanto, a partir de agora o tema já não será tabu: as vozes serão coros.

O segundo erro: como explicava Lakoff, se você disser “Benalla nunca foi o meu amante”, as pessoas pensam que Benalla foi o amante o, em qualquer caso, poderia ter sido. É o mesmo erro cometido por Nixon nos dias de Watergate, quando negou qualquer responsabilidade na televisão, ao vivo, no âmbito do famoso caso de espionagem para prejudicar o Partido Democrata (ainda não tinham inventado Hillary Clinton…). Nixon também recorreu à negação. Ele deveria ter dito: “Sou inocente”. Em vez disso, milhões de americanos pensaram que ele era culpado ou poderia ser culpado. A dúvida tornou-se plausível.

No caso de Macron estamos perante aquela que os Romanos chamavam de excusatio non petita, accusatio manifesta: uma desculpa não pedida é uma clara acusação.

Certo que esta elite “progressista” está mesmo a bater no fundo: o Presidente francês apanhado numa relação gay com uma sua guarda radical-islâmica…

 

Ipse dixit.

Fonte: Le Parisien