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O topo do topo

Alguns números.

Pessoalmente odeio tudo o que é números, multiplicar e dividir são o equivalente matemático de Sodoma e Gomorra. Mas admito: os números têm uma certa utilidade. Por exemplo, poucos dígitos têm a capacidade de descrever uma situação melhor do que centenas de palavras.
Então vamos ver estes dados.

Nos últimos 40 anos, 0,1% da população dos Estados Unidos, absorveram 60% do aumento dos rendimentos. Isso significa que o crescimento favoreceu apenas 300.000 pessoas, numa Nação com 300 milhões de pessoas.

Por outro lado, cerca de 270 milhões de pessoas (90% do total) não tiveram um aumento os rendimentos em termos reais desde 1970. Como explicado pelo especialista David Cay Johnston, no New York Times, citando estudos recentes, durante 40 anos apenas o topo da sociedade beneficiou do sistema económico americano: há agora 15.600 famílias nos Estados Unidos que possuem 37% da riqueza nacional.

Desde 1970 apenas os 10% da população tiveram aumentos reais de rendimento: e neste 10%, 1% tem absorvido a maior parte do aumento). Ela está claro que não são sempre as mesmas pessoas e famílias desde 1970, alguns enriqueceram a partir do nada (tipo a boa alma Steve Jobs), outros perderam a sua posição: mas as contas não mudam, com 90% da população que durante quarenta anos deixou de beneficiar crescimento económico.

Parece um absurdo, mas no México, na Colômbia, no Peru ou na Guatemala a distribuição da riqueza é menos radical do que nos EUA hoje. E esta transformação ocorreu de repente, nos últimos quarenta anos, e está a acelerar a cada ano que passa. Não se trata de democratas ou republicanos, direita ou esquerda, é um fenómeno independente das cores.

Com o presidente Clinton, 1% da população (3 milhões de pessoas) absorvia 45% do aumento dos rendimentos.
Com Bush, 1% da população conseguia 65% do aumento dos rendimentos.
Com Obama, 93% do aumento no rendimentos foi para 1% da população. Isso significa que nos últimos anos já não é o 10% do topo que fica com o crescimento, é apenas 1%, o topo do topo.
A propósito: ainda dúvidas quanto ao facto do “primeiro presidente negro” ter sido orquestrado pelos bilionários como os Crown e os Prizker de Chicago? Ainda dúvidas quanto ao facto de Obama ser um fantoche?

Voltemos aos números.
Entre os homens brancos em particular, o rendimento per capita média dos trabalhadores caiu -25% em comparação com 1970. Em termos reais, para eles, a depressão económica existe há 30 anos. Todavia, o rendimento médio dos trabalhadores e da classe média aparece inalterado nas estatísticas porque as mulheres, os negros, os asiáticos e os mexicanos têm melhorado a própria posição económica, de modo que o agregado de 90% da população mostra o mesmo rendimento médio de 30 ou 40 anos atrás.

Essas estatísticas, que mostram que o País tornou-se uma espécie de Arábia Saudita do ponto de vista social, têm muitas implicações, incluindo na Bolsa e nos mercados.
Significam, por exemplo, que esta enorme concentração de riqueza no topo (algumas centenas de milhares de pessoas) cria a procura para os investimentos financeiros e os consumos de luxo: mas deprime o consumo em massa. E ao deprimir o consumo também deprime o investimento real, porque 90% da população manteve-se com os rendimentos reais de 30 anos atrás.

Na Inglaterra este mês houve um relatório segundo o qual, que pela primeira vez na história do capitalismo, as empresas da Bolsa estão a poupar. Coisa que normalmente não acontece pois para investir as empresas têm que procurar dinheiro (empréstimos). Em essência, as empresas e os gestores de topo, banqueiros, profissionais, médicos, consultores e burocratas que constituem 1% do topo estão agora mais ricos do que nunca.

Tão ricos e cheios de dinheiro que nem sabem como investir e gastar toda esta moeda.

Então acontecem coisas esquisitas.
David Tepper, bilionário de Wall Street, gastou 43 milhões de Dólares para comprar esta moradia de 6 mil metros quadrados:

Logo adquirida, deitou a moradia abaixo e construiu outra de 12 mil metros quadrados. E não riam: é uma forma de ajudar a economia. Talvez a única forma que ainda sobrou.

Ipse dixit.

Fonte: Cobraf