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Young Global Leaders: as multinacionais constroem o futuro

Um grupo de líderes políticos e empresariais de nível mundial formados numa escola privada? Não é uma teoria da conspiração, é um facto. Falamos aqui da Young Global Leaders (YGL), uma instituição nascida no seio do World Economic Forum (WEF) de Klaus Schwab. E não há nada de “oculto”, ao ponto de existir uma página de Wikipedia que fala do assunto.

Segundo a enciclopédia online, os “estudantes”:

representam 70 nações diferentes, os Jovens Líderes Globais são indicados por ex-alunos para mandatos de seis anos e estão sujeitos a veto durante o processo de seleção. Os candidatos devem ter menos de 38 anos de idade no momento da aceitação (o que significa que os YGLs ativos têm 44 anos ou menos) e altamente talentosos nas respectivas áreas. Ao longo dos anos, houve centenas de membros, incluindo várias celebridades ao lado de reconhecidos grandes realizadores e inovadores na política, negócios, academia, media e artes.

A história começa com o Fórum Económico Mundial (WEF), a ONG fundada na Suíça em 1971 por Klaus Schwab, um economista e engenheiro mecânico alemão. O WEF é hoje mais conhecido pelas conferências anuais que realiza em Davos e que reúne líderes políticos e empresariais de todo o mundo. Actualmente, é uma das redes mais importantes do mundo para a elite do poder globalista, sendo financiada por cerca de mil empresas multinacionais.

Mas se o WEF fala às multinacionais, a YGL forma os futuros líderes. Quem foram no passado membros desta organização privada? A lista publicada por Wikipédia é a seguinte:

Nada mal. Mas esta é apenas uma lista parcial.

Segundo a publicação The Exposé, do grupo fazem parte também o Primeiro-Ministro do Canadá Justin Trudeau e o Primeiro-Ministro do Reino Unido Boris Johnson. Mais, sempre segundo a mesma publicação, o presidente do Foum Económico Mundial, Klaus Schwab, disse:

Devo dizer que quando menciono nomes como Merkel, Vladimir Putin, etc., todos eles foram Jovens Líderes Globais do Fórum Económico Mundial, mas aquele de que nos orgulhamos agora é a geração jovem como o Primeiro Ministro Trudeau, o Presidente da Argentina e assim por diante. Assim, penetramos nos gabinetes. Então ontem estive numa recepção para o Primeiro-Ministro Trudeau e sei que metade do seu gabinete são Jovens Líderes Globais do Fórum Económico Mundial.

E é preciso dizer que o The Exposé apresenta o vídeo com Schwab que faz estas mesmas declarações. Pelo que, à lista podemos acrescentar:

Todavia há um problema. Segundo Wikipedia, o programa YGL foi lançado em 2004. E naquele ano, por exemplo, a Merkel tinha 50 anos, Vladimir Putin já 52. Não propriamente “jovens”. A explicação é que o programa YGL já existia antes de 2004, mas com outro nome: Global Leaders for Tomorrow, fundada em 1992. É nesta primeira instituição que podemos encontrar outros nomes conhecidos, quais:

Doutro lado, a história começa com o jovem Klaus Schwab que fundou o WEF em 1971, quando ele tinha apenas 32 anos. O WEF, na altura chamado Fórum Europeu de Gestão até 1987, conseguiu reunir 440 executivos de 31 Países já na sua primeira reunião em Fevereiro de 1971, o que foi um feito inesperado considerado que Schwab tinha muito pouca experiência internacional ou profissional antes disso. Fica menos inesperado ao considerar Schwab durante os seus anos de universidade estudou com o antigo Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado Henry Kissinger. Curiosamente, enquanto Schwab estudava na Harvard Business School, a instituição encontrava-se empenhada no processo de planeamento dum seu próprio fórum de gestão: é possível que Harvard tenha acabado por delegar a tarefa ao aprendiz de Kissinger.

Hoje o programa YGL conta com cerca de 1.300 licenciados e, como vimos, a lista de estudantes inclui nomes daqueles que se tornaram líderes de numerosas instituições.

Há outros nomes que circulam na internet. Aliás, na internet é simples encontrar listas para todos os gostos, no final das quais ficamos com a dúvida de também nós ter frequentado a YGL… Mais bem fundamentada parece a pesquisa de Wikispooks, porque utiliza as páginas internet arquivadas de Web.Archive, que retêm as páginas já publicadas e agora retiradas do WEF/YGL. Então a coisa aqui fica interessante.

Eis apenas uns nominativos divididos por ano (não são repetidos os nominativos já presentes nas listas acima):

Como Global Leaders for Tomorrow 1993:

1994:

1995:

1996:

1997:

1998:

1999:

2000:

2001:

2002:

Como Young Global Leaders 2006:

2007:

2008:

2009:

2010:

2011:

2012:

2013:

2014:

2015:

2016:

…e as listas continuam até 2021. Para vê-las na integra:

Então, digam-lá: não são turmas bonitas?

Não há nada de mal em participar numa escola que ensine como alcançar o sucesso, ora essa. O problema é que é escola do World Economic Forum, o conjunto das maiores multinacionais do planeta que, desta forma, conseguem infiltrar os seus homens nos lugares-chave da sociedade. Não falamos apenas de economia mas também de política, de comunicação, de entretenimento, de saúde… O programa YGL é a verdadeira “universidade da elite”, o lugar onde é criado o network de influenciadores de hoje e do amanhã.

Pela enésima vez: não há nenhuma novidade por aqui. A função de YGL é aquela desenvolvida uma vez pelas “escolas do partido”. Mas há uma diferença fundamental: YGL é privada. Ao ficar nas mãos da maiores multinacionais globais, fica a dúvida: este network trabalha com qual objectivo final? Não é tão difícil responder.

 

Ipse dixit.