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Covid: a conspiração dos patos

No Domingo de manhã entro num restaurante-pastelaria na Cova da Piedade, em Almada. Vejo no menu: “Arroz de Pato 6.5 Euros”. Ok, bom preço e tenho pressa. Sento-me, chega o funcionário.

– Deseja?

– Uma dose de arroz de pato

– O senhor tem o certificado?

– Não, não tenho.

– Então lamentamos mas para comer é preciso o certificado…

Levanto-me, vou falar com o gestor. Este, constrangido, confirma: sim, o arroz de pato é considerado refeição e para consumi-lo é necessário o certificado que demonstre a vacinação ou um teste feito nas últimas 48 horas. Pelo que: o arroz de pato está fora de questão. Mas posso comer outra coisa.

– Como assim?

– O senhor poder comer um folhado com queijo e alface, umas croquetes de carnes, um doce…

– E onde como?

– Na mesma mesa.

E assim foi: não comi o arroz de pato mas encomendei um folhado com queijo e alface, uma fatia de tarte de maçã, um sumo e um café. Tudo consumido na mesma mesa onde não foi possível encomendar o arroz de pato por razões sanitárias. E até poupei uns trocos.

Enquanto comia, pensava que: isso cria uma situação sem sentido. Uma pessoa que se senta para consumar uma refeição quente demora mais tempo do que uma pessoa que, como eu, tem pressa e opta para algo frio e rápido. Então, enquanto uma pessoas consome uma refeição quente, outras duas ou três podem ocupar a mesma mesa em sucessão. As probabilidades de contagio aumentam para a pessoa com certificado e, no geral, para o estabelecimento todo.

Desprovido de qualquer sentido: se a ideia fosse limitar a propagação do vírus, todas as pessoas deveriam poder entrar no estabelecimento com certificado. Aliás, com um teste feito na hora porque o certificado não demonstra que o portador não esteja infectado: demonstra que fez a vacina (mas pode bem ter contraído o vírus e espalha-lo) ou que na altura em que fez um teste (até 48 horas antes) ainda não tinha sido infectado. Pelo que: a pessoa com certificado pode ter Covid também e espalha-la entre todas as pessoas que consomem comida rápida. E ainda mais entre o pessoal do estabelecimento, com o qual fica em contacto mais tempo.

Tudo isso parece-me bastante estúpido. Mas o resumo é simples: não sendo vacinado, em Portugal agora há uma lei que, de facto, proíbe-me o consumo de arroz de pato. Dois anos de pandemia, de profundos estudos virológicos, de protocolos e vacinas para determinar que eu não posso comer arroz de pato.

Estúpido ou talvez não, pois surge uma suspeita: o que está escondido por aqui? O que há de errado no arroz de pato afinal? Será pato chinês? Isso poderia ter um certo sentido. Mas se for pato europeu? Talvez possa ser um pato europeu mas com patos chineses como amigos. Mas se assim não for? O que é que o nosso governo sabe acerca dos patos europeus? Está a par de algo que nós, comuns mortais, ignoramos? Há por aí actividades secretas dos patos?

Uma questão bicuda que Informação Incorrecta continuará a investigar.

 

Ipse dixit.