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EUA: à espera duma Presidente (business as usual)

Roberto Mazzoni é um jornalista e tradutor que há anos vive nos Estados Unidos. O site italiano Byoblu decidiu contacta-lo para tentar ter uma ideia de como poderia evolver a actual situação política norte-americana. Partindo das hipóteses extremas:

Pode chegar-se à lei marcial parcial, onde as eleições são refeitas sob a supervisão dos militares. Ou: se surgirem situações de traição (um acordo com países estrangeiros para alterar o resultado), então o assunto pode ser debatido em tribunais militares.

Claro, este é apenas o mais sensacional dos resultados possíveis nas controversas eleições presidenciais de 2020: aconteceria no caso de Trump activar a Ordem Executiva preparada em 12 de Setembro de 2018 para proteger a segurança nacional, no caso de surgir uma interferência estrangeira no voto americano. Só uma mera hipótese? Talvez. Ou talvez não: questionado pelo Parlamento do Michigan (Estado em que uma perícia forense determinou margens de erro até 68% através dos sistemas eleitorais electrónicos), o Administrador da empresa Dominion admitiu, pela primeira vez que os computadores eleitorais estavam ligados através da Internet. Isto corrobora as acusações do antigo Coronel Phil Waldron, especialista em guerra informática, de que os sistemas electrónicos da Dominion podem facilmente ser pirateados até do estrangeiro. De acordo com Waldron, a interferência de China, Irão e outros Países teria sido registada nas eleições presidenciais de 3 de Novembro.

esta hipótese poderia transformar-se numa acusação oficial dependendo do relatório de John Ratcliffe, Director dos serviços secretos nacionais.

Não é assim tão estreito o caminho de Trump para ser reconduzido à Casa Branca.

Mazzoni dá uma imagem precisa da situação nos EUA, acompanhada de perto: uma evolução rápida, mesmo que ignorada pelos grandes meios de comunicação social:

As sondagens de opinião confirmam que os cidadãos americanos, na maioria, convenceram-se de que as eleições foram manipuladas em benefício de Biden.

O candidato democrata, além disso, está a enfraquecer dias após dia dia devido ao escândalo que se acumula em torno do filho Hunter, acusado de tráfico internacional de dinheiro com a cumplicidade da China:

São os próprios Democratas, neste momento, que estão a exigir – em muitos casos – que a família Biden seja honesta perante essas acusações.

Não só isso: o Supremo Tribunal ainda não se pronunciou sobre os novos processos apresentados pelo advogado Sindey Powell por alegada fraude nos Swing States (termo utilizado para indicar os estados nos quais, durante uma eleição, nenhum partido ou candidato possui a maioria absoluta nas intenções de voto e, portanto, qualquer deles pode vencer), onde os resultados foram subitamente revirados de um dia para o outro em favor de Biden, após os funcionários terem suspendido a contagem dos votos para retoma-la algumas horas mais tarde.

O Supremo Tribunal também tem no seu registo a queixa de Rudolph Giuliani, que levanta acusações acerca do caso do Texas e de 17 outros Estados: os juízes tinham primeiro rejeitado a oposição do Texas, argumentando que um Estado não tinha o direito de contestar os outros Estados, mas agora a queixa (fraude extensa e decisiva, auxiliada por regras improvisadas) foi novamente apresentada com a agravante segundo a qual os Swing States teriam mudado os regulamentos eleitorais de forma arbitrária e inconstitucional, no último minutos.

Depois há a questão parlamentar:

No dia 6 de Janeiro serão abertas as urnas dos Grandes Eleitores que votaram em Biden a 14 de Dezembro, mas também as dos Grandes Eleitores que votaram em Trump. A palavra, nessa altura, passaria para o Parlamento: também aconteceu em 1960, quando Richard Nixon – apareceu vitorioso em Novembro mas foi derrotado em Janeiro por Kennedy.

Entre as hipóteses, também a escolha de ter o Presidente eleito pelos parlamentares, fazendo-os votar “Estado por Estado”:

Nesse caso Trump provavelmente ganharia, dado que os republicanos controlam a maioria dos Estados.

(nota:  o sistema eleitoral dos EUA não é tão linear como seria´possível imaginar. Além de existirem regras diversificadas nos vários Estados, há também a questão dos Grande Eleitores. Estes são os delegados que compõem o colégio eleitoral e número total é 538, igual à soma dos Senadores (100, dois para cada Estado), dos Deputados (435, atribuídos proporcionalmente ao número de habitantes que vivem em cada Estado) e dos três Representantes do Distrito de Colúmbia onde se encontra a capital Washington. Para se tornar Presidente é necessário obter a maioria absoluta dos votos dos Grandes Eleitores, ou seja, 270, mas esta não é uma condição suficiente. Além do citado caso Nixon, lembramos as eleições presidenciais de 2000, nas quais o candidato democrata Al Gore obteve cerca de meio milhão de votos mais do que o candidato republicano George W. Bush; mas dada a diversa distribuição dos votos no territórios, o resultado foi que o número dos Grandes Eleitores democratas foi inferior ao obtido pelos republicanos).

Segundo Mazzoni, a viabilidade destes cenários surgirá dia após dia, forçando até os meios de comunicação social a assumir o que a opinião pública já adivinhou: as eleições presidenciais de 2020 teriam sido fortemente poluídas por fraudes, possivelmente tão extensas a ponto de inverterem literalmente o resultado.

Uma fraude com a intervenção de Países estrangeiros? Esta é, de longe, a opção mais perigosa, que desencadearia um estado de emergência estabelecido por lei. O especialista em cibersegurança, o Coronel Phil Waldron, tem vindo a examinar os sistemas da Dominion nos últimos dois anos: problemas tinham surgido já nas eleições intercalares de 2018, ao ponto de estados como o Texas terem-se recusado a adoptar o Dominion. Para Waldorn, o sistema é muito fácil de penetrar a partir do exterior: “Posso provar”, disse ele, “que nas eleições presidenciais de 2020 houve acessos por parte da China, Irão e outros Países”. De acordo com o funcionário, portanto, houve interferência estrangeira.

Lembra Mazzoni:

Até anteontem, a Dominion tinha afirmado que as máquinas eleitorais não estavam ligadas à Internet, pelo que não podiam ser penetradas a partir do exterior. E em vez disso, o CEO da Dominion, John Poulos, que apareceu a 15 de Dezembro perante o Parlamento do Michigan que o interrogou sobre o assunto, confirma agora que as máquinas estão ligadas, embora por curtos períodos, através de um smartphone.

Assim, segundo Mazzoni, Poulos confirmou indirectamente o que disse Waldron: com uma ligação, mesmo que durante um punhado de minutos, é possível manipular uma eleição.

Além disso, existem provas que confirmam que os votos foram tabulados pelo sistema Dominion, e depois transferidos para um servidor no estrangeiro (diz-se que foi em Frankfurt), onde os dados eleitorais foram processados posteriormente.

Intermezzo: Frankfurt

Pausa: um salto atrás. No começo de Dezembro surgiu do nada uma notícia “anómala”: a Alemanha, precisamente a cidade de Frankfurt, teria sido o cenário dum confronto sem precedentes entre forças especiais do exército americano e homens da CIA, no contexto de uma apreensão de servidores e material informático. Noutros tempos, ter-se-ia dito que nem mesmo a mais ousada das histórias de espionagem teria ido tão longe.

Em vez disso, este cenário é descrito por Thomas McInerney, que não é propriamente um zé Ninguém. General da aviação militar, agora reformado, protagonista de uma longa carreira (incluindo o conflito no Vietname), serviu na NATO, foi Comandante do 11th Air Force na Alaska, do 3rd Tactical Fighter Wing, da 313th Air Division, da 3rd Air Force para depois acabar no Comando da Air Force em Washington, não antes de ter coleccionado uma longa série de medalhas.

Uma vez reformado, tornou-se comentador de televisão mas continuaram as ligações às Forças Armadas: ainda em 2008 foi revelado que McInerney recebia comunicações por e-mail do Pentágono com pontos de discussão que deveria utilizar para defender a Administração Bush nas suas aparições televisivas. E, segundo ele, teriam sido as suas “fontes” a revelar-lhe que homens das forças especiais do exército americano, provavelmente pertencentes ao corpo especial da Delta Force, realizariam uma rusga num grupo de servidores geridos pela CIA em Frankfurt.

O meu entendimento é que não passou sem incidentes. Houve soldados americanos que morreram na operação.

Outras fontes escreveram que cinco soldados morreram no combate, bem como um paramilitar da CIA. Depois disso, sempre de acordo com o testemunho de McInerney, o exame dos servidores teria revelado vestígios de intrusão estrangeira.

Problema: apesar de haver outras “vozes” acerca do incidente de Frankfurt, aquela do antigo General é a única pormenorizada. Mas dá para confiar num homem que nas suas intervenções públicas enquanto civil utilizava o guião escondido do Pentágono? E nem podemos esquecer que  McInerney não pode ser definido como uma pessoa desinteressada: no passado mês de Setembro, foi um dos 235 Generais e Almirantes reformados que apoiaram a reeleição do Presidente Trump.

Pelo que, por falta de ulteriores evidências, a “Batalha de Frankfurt” deve ser considerada com uma dose de razoável dúvida.

Segunda parte: Biden? Um fantoche. O verdadeiro novo Presidente tem saia (e o apoio de Wall Street).

Waldron também descreveu outras funções do software, que permitem o acesso ao servidor a partir do exterior de forma invisível, ou pelo menos não controlável pelo administrador oficial, e através do servidor também permitem o acesso a máquinas individuais de recolha de votos locais.

Para um hacker, a Dominion é como o Pai Natal: todas as portas estão abertas, é possível manipular a informação remotamente. Veremos se agora as agências de inteligência confirmam oficialmente a análise de Waldron, incluindo a inteligência militar.

O Director-Geral das 16 agências de inteligência dos EUA, John Ratcliffe, já antecipou ter “visto” a interferência estrangeira. Os relatórios da inteligência, neste aspecto, serão provavelmente atrasados em comparação com o prazo inicialmente previsto (18 de Dezembro, hoje):

Mas já estamos na rampa de lançamento da ordem executiva, que tem a ver com a segurança nacional: a conversa já não se limita apenas a saber se um partido teria feito batota, fazendo votar até pessoas mortas e pessoas inexistentes ou contando até 8 vezes os mesmos boletins de voto.

A questão aqui é perceber se um País estrangeiro, de forma premeditada e demonstrável, interferiu realmente com as eleições. Interveio no sistema e alterou os resultados? Já em si a possibilidade de acesso ao sistema constitui um risco.

É evidente, acrescenta Mazzoni, que uma tal decisão (a ordem executiva) desencadearia fortes reacções:

Por isso, é necessário tomar primeiro todas as medidas possíveis, legais e políticas, para resolver a questão de outra forma.

Por outro lado, Mazzoni continua na análise, Trump parece totalmente determinado a não baixar os braços:

Numa altura em que as sondagens dizem que mais de metade da população está convencida de que se tratou de eleições falsas, ninguém nos garante que a próxima não será igual. De facto, se esta foi assim, o próxima poderia ser ainda pior: é portanto necessário reafirmar a credibilidade do sistema democrático nos EUA, e também reafirmar a eficácia do mesmo sistema judicial.

Até agora, os vários juízes não fizeram outra coisa senão dizer “não é a minha jurisdição”, “é demasiado tarde”, ou seja, evitaram pronunciar-se sobre o mérito, sobre qualquer fraude. Para Mazzoni “é necessário reconstruir a confiança nas instituições, no tecido democrático do país, dado que mais de metade da população está convencida de ter sido enganada”.

Quanto a Joe Biden:

Nínguém acredita que ele irá governar, mesmo que se tornasse Presidente: sabemos que Kamala Harris iria decidir, tal como Dick Cheney governou quando George W. Bush era Presidente.

As investigações que irromperam casa Biden (lavagem de dinheiro, com a cumplicidade da China) colocam Joe Biden numa situação de grande embaraço. As reportagens da imprensa sobre Hunter Biden, o filho, até podem ter sido uma auto-rede. Podem ter feito parte do plano inicial para desacreditar Biden e abrir as portas da Casa Branca a Kamala Harris, a candidata de Barack Obama apoiada por Wall Street, mas a operação pode ter corrido mal por uma questão de tempos: teriam desistido demasiado cedo, achando Trump politicamente morto.

Mas não é de forma alguma uma conclusão inevitável que Biden será certificado como vencedor: o caminho para Trump não é tão estreito como os grandes meios de comunicação tendem a retratar.

Se, por outro lado, Biden fosse eleito, “após algum tempo Kamala Harris assumiria oficialmente o cargo, tornando-se presidente, com Nancy Pelosi como Vice-Presidente”. Mazzoni, no entanto, mostra-se perplexo com esta possibilidade: as acções de Trump estariam em contínuo crescimento:

No Partido Republicano, uma parte cada vez maior de expoentes está do lado do Trump, incluindo políticos que não estavam inicialmente alinhados com o Presidente: estão a compactar-se, na convicção de que podem alcançar a vitória.

Entretanto, acrescenta Mazzoni, surgiu o caso Zuckenberg: o fundador do Facebook gastou 500 milhões de Dólares para criar uma infra-estrutura eleitoral paralela à dos Estados Unidos:

Clamoroso, significa que as eleições são “privatizadas” e, além disso, utilizam dinheiro ilegal pois isento de impostos, uma vez que Zuckerberg o retirou do orçamento para as doações de caridade.

Basicamente, Facebook alegadamente forçou os funcionários eleitorais a seguir as suas regras nos Swing States, onde as regras eleitorais já tinham sido alteradas sob o disfarce da Covid. Um espectáculo que, no Pentágono, deve ter sido avaliado como muito pouco edificante:

Estamos, portanto, perante uma situação em que uma boa parte das forças armadas está alinhada com Trump, apesar de quererem evitar ao máximo a intervenção dos militares.

Pensamentos finais

Roberto Mazzoni será um óptimo jornalista mas não considera um ponto: Trump é basicamente um empreendedor, sempre foi. Temos a certeza de que o seu único interesse seja o Triunfo da Verdade?

Vamos formular uma hipótese alternativa. Perdidas as eleições (com fraude, isso parece claro), Trump tem duas possibilidades:

A primeira é esperar que as investigações concluam os trabalhos. E esta é uma incógnita porque a coisa pode demorar meses: é óbvio que os Democratas farão tudo e até mais para pôr Biden-Kamala na Casa Branca. Se for verdade que pediram a ajuda externa, qual o problema em eventualmente “lubrificar” a máquina da Justiça interna para que tudo acabe da forma melhor?

A segunda é acelerar o processo e, à primeira ocasião, pôr em marcha a Ordem Executiva, apelar-se aos tribunais militares… o caos.

Mas pode haver uma outra possibilidade também, aquela que não me admiraria ver realizada. E soa mais ou menos assim:

Trump estica a corda até obrigar os Democratas a apresentar uma oferta… que não se pode recusar: ao tratar com um empreendedor, temas de discussão não faltam e de certeza pode ser encontrada uma sólida moeda de troca.

Todos ganham: beijos, abraços, felicidade e os que Estados Unidos voltam a ser “o farol da Democracia”.

Os norte-americanos chamam isso de business as usual, algo como “as coisas do costume”.

 

Ipse dixit.