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Revolução Digital e Liberdade

JF traduziu um artigo de Paul Craig Roberts. Lembramos: economista americano, formado pelo Instituto de Tecnologia da Geórgia, Universidade da Califórnia em Berkeley e Universidade de Oxford, entre 1975 e 1978, Craig Roberts estive empregado no Congresso para depois tornar-se, no início dos anos ’80, Subsecretário do Tesouro na Administração Ronald Reagan. Hoje é uma das vozes críticas mais importante sobre as questões americanas, colunista de sucesso em CounterPunch e RT.

Aqui o artigo de Craig Roberts traduzido por JF, que agradeço e muito!

 

A Revolução Digital é inconsistente com a Liberdade

Muitos já expressaram preocupações de que o coronavírus será usado, como o 11 de Setembro e a farsa da “guerra ao terror”, para expandir ainda mais a distopia do estado policial Americano. Mas fomos condenados pela revolução digital a uma existência controlada, independentemente do 11 de Setembro ou do Covid-19.

A revolução digital fornece ao governo e às corporações uma capacidade ilimitada e inexplicável de espiar e controlar populações. Cada palavra, acção ou movimento de pessoas podem ser rastreados e um dossier de “crédito social” (ou então credibilidade social, ndt.) construído para o efeito. A China já tem esse sistema de controle em vigor. Aqueles cujos perfis estão fora dos parâmetros aceitáveis são incapazes de funcionar na sociedade normal, sendo bloqueados os passaportes, cartas de condução, emprego e actividades que ficam reservadas àqueles com pontuação de crédito social aceitável.

A tecnologia agora disponível permite que vídeos sejam criados com pessoas dizendo palavras que nunca disseram. Isto pode ser usado para arruiná-las nos médias sociais e condená-las falsamente em julgamentos. A privacidade não existe mais apesar de intermináveis “avisos de privacidade”, e as pessoas não têm controle sobre a sua persona [ou identidade, ndt.].

Até os pensamentos não ditos de uma pessoa estão sendo atacados por tecnologias de leitura da mente. Uma vez que o dinheiro foi reduzido a dinheiro digital, o acesso de uma pessoa aos seus rendimentos pode ser cortado a qualquer momento. A independência financeira deixa de existir para aqueles que não cumprem.

O resultado da revolução digital é completamente diferente da crença ingénua de que a Internet abriu uma liberdade comunicativa que garantiria a liberdade. Essa crença acabou por se tornar numa piada. As próprias empresas de tecnologia e os médias sociais envolveram-se na censura de explicações, chamadas de “teorias da conspiração”, que diferem de explicações oficiais ou admissíveis ou que usam palavras consideradas “ofensivas” pelos grupos privilegiados. A verdade em si tornou-se uma “teoria da conspiração”. A história factual é inaceitável para a Política de Identidade e está sendo substituída pela história falsa, como o Projeto 1619 do New York Times.

É certamente verdade que a doutrinação faz parte da enculturação, e todas as eras tiveram que lutar pela verdade. Sempre houve interesses cujas agendas são servidas pela falsidade. Mas para os determinados, era possível desafiar e expor as falsidades. Essa possibilidade é o que é extirpado pela revolução digital.

A tecnologia já está em vantagem em relação ao que foi retratado na distopia de George Orwell, 1984. Aguardamos a coligação de interesses da elite numa agenda de liderança. Todas as ferramentas que o Big Brother precisa esperam por esse momento.

Os jovens nascidos no revolução digital não encontram diferenças. Estão de tal maneira capturados pelos seus aparelhos electrónicos e aplicativos indispensáveis mais o conteúdo dos mesmos no seu auto-isolamento em realidade virtual que a liberdade [para essa geração, ndt.] significa a capacidade de apertar botões para chamar imagens e entretenimento. A liberdade não precisa de lhes ser retirada. Já os deixou. Na verdade, eles nunca souberam o que significa ou os seus requisitos.

Os técnicos bem remunerados que criaram esses instrumentos de opressão estão orgulhosos da sua contribuição para a criação da distopia do estado policial. Esses tolos vaidosos(as) são os servos do estado policial.

Anos atrás, li um conto de ficção científica sobre um pai e uma mãe que estavam preocupados com o filho à medida que a época dos testes se aproximava. Eles eram membros de um povo que de alguma forma se recuperou de uma tecnologia escravizadora. Para evitar uma reincidência, foram implementados testes aos jovens para os seleccionar do extermínio destinado aqueles cuja inteligência e aptidão poderiam trazer de volta a tirania tecnológica. Na sua sociedade, nem todas as formas de criatividade humana eram permitidas. Uma sociedade cheia de arrogância onde o papel de Deus era inaceitável.

 

JF dixit!