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Coronavirus: quero mais medidas!

Querido Leitor que deseja “leis duras” em todo o mundo para salvar o planeta do terrível Coronavírus, você pode pensar o que lhe apetecer, claro, mas seria engraçado que parasse uns momentos para reflectir. Não notou nada? Certeza? Veja, há apenas um ano, se lhe tivessem dito que tinha que ter permissão para sair de casa, você teria gritado à ditadura.

Hoje, pelo contrário, após anos de falsidade mediática sobre epidemias imaginárias e riscos imaginários (“O sarampo mata! Se você não vacinar o seu cão imediatamente, uma criança imunodeprimida certamente morrerá!”), capturado pela narração apocalíptica do Coronavírus, Você é o primeiro a esperar que o mundo inteiro adopte restrições muito rígidas à liberdade de qualquer um.

Mesmo que o monstro que Você teme seja apenas um miserável vírus duma constipação. Mesmo que a pessoa que anuncia medidas draconianas não tenha título para decidir sobre os seus direitos. Mesmo que a emergência dos hospitais (a única verdadeira emergência) tenha sido construída cortando o financiamento dos cuidados de saúde durante anos consecutivos. Mesmo que toda essa história de terror esteja baseada em dados que são negados e alterados todos os dias e, portanto, completamente não confiáveis. E é precisamente neste caos, neste histeria de alarmes e contra-alarmes, que cresce a sua necessidade inconsciente de certezas, a ansiedade pela segurança, a necessidade duma autoridade que proteja contra o Mal. A necessidade de ser acorrentado.

Esta é a verdadeira mudança que aconteceu. Hoje Você está pronto a aceitar as correntes que teria recusado ontem. Uma mudança que teve lugar dentro de si, não fora de si.

Preparar milhões de pessoas não só a aceitar, mas até mesmo a apoiar a violação dos seus direitos fundamentais. Esta coisa até tem nome: chama-se “engenharia social”. Quando é bem feita, as vítimas nem se apercebem.

Tente lembrar-se de como estava, do que fazia há um ano atrás: planeava as férias da Páscoa? Um almoço com parentes e amigos? Uma prenda para as crianças? Um salto até aquele parque de diversão? Imagine se há um ano alguém lhe tivesse dito “Caro amigo, esqueça: você tem que passar as férias pascoais fechado em casa”. Uma gargalhada como resposta? Provável. Mas este ano Você irá passar as férias fechado em casa: é Você que não quer sair e nem encontrar alguém. Porquê? Porque anda por aí um vírus, um vírus terrível e letal, assim dizem.

Você viu o vírus? Você sabe o que é um vírus? Como actua? Como se reproduz, como ataca, o que provoca, o que transmite? É vivo um vírus? Não, Você não sabe isso: pensa sabe-lo mas a verdade é que tudo o que pode fazer é repetir o que lhe foi dito através dos noticiários, dos diários. O máximo do aprofundamento deve ter sido Wikipedia. A realidade é bem simples: Você escolheu fechar-se na toca perante um inimigo que desconhece por completo.

“Eh, mas os especialistas dizem….”. Os Especialistas. Eu também vejo a televisão, leio os jornais. E vejo Primeiros Ministros, juízes, advogados, associações de pais, bombeiros, economistas, opinionistas, autarcas, jornalistas, jogadores de futebol, apresentadores, cozinheiros, todos que falam do terrível vírus. Não tem uma leve dúvida? Levíssima até? Não é que aquelas pessoas sabem acerca do vírus o mesmo que sabe Você, isso é, nada? Não é que aquelas pessoas limitam-se a repetir o que lhes foi dito, exactamente como está a fazer Você?

Sabe, querido Leitor, que há especialistas que não concordam? E não são especialistas quaisquer: falamos aqui de pessoas que dedicaram a vida toda ao estudo dos vírus. São especialistas reconhecidos internacionalmente, pessoas que ensinam nas universidades, que conduzem pesquisa de vanguarda. Pessoas, elas si, que conhecem os vírus. Então, meu querido Leitor, deixe que Lhe faça uma simples pergunta: porque estas pessoas não encontram espaço nas televisões, nos diários? Porquê será?

Nada a dizer, que fique claro, os meus parabéns àqueles que projectaram tudo isso, um trabalho muito bem feito. Mas aqui, agora, falamos de Si. Porque é dentro de Si que aconteceu a maior das mudanças. Se há um ano alguém Lhe tivesse dito para fechar-se em casa, após a gargalhada teria feito perguntas, teria exigido saber mais. Agora não, agora aceita tudo e quer mais restrições, invoca mais medidas, pede para ser fechado na toca: de leão do teclado foi transformado numa presa apavorada.

Certeza de que a mudança foi “lá fora”? Certeza de que o pior dos inimigos seja o vírus?

 

Ipse dixit.