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A contracepção no Terceiro Mundo

O que aconteceu ontem em Ferrara é o espelho do que está a acontecer em várias cidades italianas, de Torino a Roma, Napoli, Macerata e Catania, onde a máfia nigeriana tomou o controle militar do território e exerce livremente as suas actividades lucrativas de tráfico de drogas, exploração da prostituição e outros negócios ilegais.

A situação agora está a ficar fora do controle das autoridades e só uma faísca pode provocar uma revolta, como aconteceu ontem em Ferrara quando, durante uma perseguição policial, um nigeriano foi atingido por um carro da polícia e havia rumores de que ele estava morto. O facto causou uma verdadeira revolta organizada, com estradas e bairros bloqueados, enquanto bandos de centenas de nigerianos caminhavam gritando pelas ruas da cidade, assaltando e partindo tudo durante o caminho, como carros, contentores do lixo, sinais estradais. Os grupos também atacaram a polícia, os agentes municipais e os militares do exército. Só tarde da noite a calma voltou, com a intervenção de um mediador cultural que explicou aos estrangeiros como as coisas realmente estavam.

É normal na nossa sociedade criticar o Ocidente e os Países que impedem a vaga de imigração ilegal (e realço: ilegal). Anormal é quem critica os imigrados, quem tenta defender a sua própria identidade cultural, quem procura preservar um mínimo de legalidade no lugar onde vive. “Antes foram colonialistas, exploraram aqueles povos, agora paguem o preço” é o mantra repetido. Não, lamento: eu nunca tive uma colónia, eu nunca tive escravos, eu nunca obriguei alguém a trabalhar para meu exclusivo proveito. Eu não tenho dívidas morais com aqueles povos, não sou obrigado rigorosamente a nada. Tenho vontade de ajuda-los, isso sim, mas por razões humanitárias, por sede de justiça, não por causa de manchas na minha consciência. E é por isso que posso critica-los.

A taxa de nascimento africano é uma máquina de desespero e morte de proporções infernais. Não há guerra, exploração neocolonial ou maus políticos africanos que possam ficar perto dela como causa da monumental tragédia da actual pobreza. Hoje, o verdadeiro anti-racista e humanitário deve enfrentar os africanos e dizer-lhe para parar de chorar: se eles continuarem  a fazer filhos como coelhos, então têm que assumir total responsabilidade pelo desespero e pelo sofrimento. Chega com a mentalidade racista de “mas as pessoas pobres não sabem, as mulheres não podem, devem ser educadas, etc..”. Não, eles não são incivilizados, são como nós, têm responsabilidades e devem aceitá-las. Isso não significa afirmar que aqueles desgraçados merecem afogar nos barcos do desespero no meio do Mediterrâneo. Significa: chega de criticas com um só sentido.

A vontade de justiça tem que procurar causas e culpados e pôr remédio. Os verdadeiros anti-racistas e humanitarista não podem ignorar as responsabilidades de algumas instituições ocidentais que alimentam conscientemente o crescimento das multidões famintas na África, especialmente a perversão mental chamada “fé cristã” que continua a ser exportada e que fisicamente impede a difusão dos métodos contraceptivos e que nega a educação aos direitos reprodutivos.

Na África, uma mulher durante os anos de fertilidade dá à luz entre 7 (sete) a 5 (cinco) filhos, em média. E a expressão “em média” faz arrepiar a nossa pele porque significa que muitos deles têm 10, 11, 12 filhos. são mais velhos. A ONU prevê que em 30 anos mais de um bilião de seres humanos será acrescentado à África. É típico das sociedades pobres fazer mais filhos, o que aparentemente fica contra a lógica (mais riqueza significa mais filhos que podem ser sustentados, mais pobreza significa mais bocas sem comida) mas a é assim que o homem enfrenta a miséria: com uma assinalável dose de egoísmo. confia  Apesar de todo o esforço (inútil e, em alguns casos, até mesmo criminais) que abrange a chamada ajuda humanitária (com missionários leigos ou religiosos, com doações da indústria, etc.), o número total de pessoas extremamente pobres na África subsaariana hoje é mais alto do que em 1981. E novamente: a taxa de natalidade anormal desempenha um papel infernal.

A pobreza em África é aquela que é, as causas históricas são aquelas que nós sabemos (isto é, o roubo dos seus recursos mas também a sua corrupção endémica), mas dar à luz a este ritmo imprudente também criaria desespero económico até na Suíça dos bancos, desintegraria o poder de gastos sociais da Federal Reserve dos EUA, então imaginemos o que faz na África.

Em outras palavras: difundir a utilização de preservativos em escala intensiva entre os africanos, em programas de educação para os direitos reprodutivos (como evitar a gravidez indesejada), num acordo não só com os políticos mas também com as duas principais religiões africanas, o catolicismo e o islamismo, significa hoje ajudar a evitar pelo menos uma quantidade considerável de sofrimento humano que nos últimos 40 anos superou em muito os números oficiais do Holocausto nazista. Entre as consequências desta acção haveria também a contenção das vagas de imigrantes: não das actuais vagas, mas das futuras.

É o caso de sublinhar: o fluxo migratório que podemos observar hoje é só uma pequena fracção dos fugitivos existentes. A maior parte dos futuros emigrantes (sobre)vivem ao sul daqueles que hoje atravessam o Mediterrâneo e estes só chegarão quando explodirá a verdadeira crise migratória, não limitada apenas à Europa. Falamos aqui dos africanos da imensa bacia católica, pormenor importante como veremos a seguir.

Dificultar a contracepção reprodutiva na África significa planear um extermínio, com tragédias incalculáveis, com a pior desestabilização alguma vez experimentada não apenas na Europa: algo que, entre outras coisas, alimenta a proliferação de novas formas de fascismo (reacção “automática” e quase “fisiológica” perante um sobre-número de imigrantes).

Nada do que está a acontecer é novidade. Numa entrevista em 1952, o filósofo e activista Bertrand Russell não só previu o drama global da migração devido à pobreza, mas ditou a receita para detê-los, enquanto, ao mesmo tempo, esperava a equidade económica em todo o planeta. E aqui voltamos a lidar com o problema demográfico e a proibição cristã da contracepção.

Será impossível reduzir a desigualdade global se não atingirmos populações numericamente estáveis […]

A consciência, por parte das imensas massas de pobres, da disparidade de riqueza entre eles e nós, trará perigos à paz e calamidade […]

É absolutamente justo que a África e a Ásia obtenham a igualdade de riqueza com o Ocidente. Mas se quisermos evitar que a África e a Ásia dominem o mundo com imensas populações em extrema pobreza, elas terão que aprender a manter as populações numericamente estáveis. E se não aprenderem a controlar isso, inevitavelmente perderão a sua reivindicação de igualdade económica.

Palavras muito claras, pronunciadas 50 anos antes que alguém aqui ouvisse falar de crises migratórias ou neo-racismo. A implicação das palavras proféticas de Russell são evidentes: o controle da natalidade, portanto a contracepção, são vitais para a economia e a justiça globais. Não, não é a demente abstinência pregada pela Igreja e nem os excessos de Malthus: aqui falamos de contracepção contra a miséria.

Segundo o Vaticano, a contracepção, em todas as suas formas, é digna de condenação divina, de perdição, equivalente ao infanticídio. Se depois mais um milhão de crianças filhas da falta da contracepção irá morrer entre indizíveis sofrimentos, se isso criar desastres humanitários e políticos, bem, tudo isso não interessa: Deus está satisfeito. E o pobres desgraçados podem contar com a cruz da Santa Sé que, infelizmente, na África mais desesperada é uma autêntica pandemia (religião como único factor de esperança, outra sina da miséria). Bergoglio prega a aceitação de vidas que a sua fé exige, faz-se fotografar com a escrita Apriamo i Porti (“Abrimos os portos”), seguro de que no Vaticano os imigrantes não entram, que os novos desgraçados irão fortalecer as fileiras de quem apoia a Igreja, que a elite “progressista” será grata pelo esforço. O sofrimento não é com ele, nos jardins do Vaticano não há crianças contorcidas pelos espasmos.

Mas que seja o porta-voz de Deus na Terra a falhar na mais elementar das humanidades e no mais básico dos raciocínios é demais, este homem que se apresenta como um reformador “franciscano”, o novo rosto decente da repulsiva Igreja histórica. Felizmente existe Wikileaks.

Wikileaks revela que no final de Janeiro deste ano o Papa Francisco interveio num problemas de poder com a Ordem Católica de Malta: um erro do Grande Chanceler da Ordem Religiosa, tal Albrecht Freiherr von Boeselager, que atreveu-se a financiar o uso de contraceptivos para não superpopular a África e, portanto, evitar não apenas as infecções por AIDS, mas também reduzir as crises migratórias que acabam nos barcos no fundo do Mediterrâneo. Os documentos publicados pelo Wikileaks mostram como Papa Francisco, colocado perante a história de migrantes, contraceptivos, Ordem de Malta, etc. esforçou-se na enésima jogada dupla (a sua especialidade: Bergoglio foi pro e anti torturadores argentinos, foi pro e anti teólogos da libertação, foi pro e anti FMI contra os pobres da América Latina, na verdade ajudou um punhado de pessoas pobres, mas impediu o ‘socialista’ Kirchner), combatendo a vertente mais conservadora da Ordem de Malta (afinal é o Papa “progressista”, não é?) e ao mesmo tempo proibindo com autoritarismo a difusão de contraceptivos e da educação sobre os direitos reprodutivos em toda a África. Mesmo com as mortes provocadas pela SIDA, a superpopulação e a pobreza como consequências. (Nota: não tanto os bilhões do Vaticano investidos em Fundos de Hedge ou bilionários imobiliários para pagar pela recepção, não? Leia aqui.).

Tudo isso não seria possível sem um bom número de potentes cúmplices. Além das ajudas políticas e financeiras (União Europeia, George Soros e as suas OGN, banco privados, etc.) não podemos esquecer as “lindas almas” do exército das Caritas, que ignora todos os horrores e as terríveis consequências das suas acções ao abraçar a cruz do genocídio e do anti-contraceptivo. Se estas pessoas tivessem dedicado a mesma energia para exigir da política ocidental soluções contra a pobreza sistémica e a superpopulação entre os mais desfavorecidos, se tivessem feito isso há anos em vez de sentirem-se “bons”, dar uma esmola ou fazer a santa viagem, em 2019 nunca teríamos ouvido falar de barcos, de cadáveres, de neo-fascismo, e, acima de tudo, da tragédia do Terceiro Mundo.

 

Ipse dixit.

Fontes: ControInformazione, Paolo Barnard,