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Provocações

No dia 12 de Janeiro, forças israelitas disparam mísseis contra o aeroporto internacional (civil) de [wiki]Damasco[/wiki]. É o primeiro ataque de [wiki title=”Tel Aviv”]Tel Aviv[/wiki] contra a Síria em 2019 e é uma descarada provocação contra a Rússia. Companhias aéreas do Bahrein, do Omã e dos Emirados expressaram a intenção de retomar os seus voos para Damasco mas [wiki title=”Benjamin Netanyahu”]Netanyahu[/wiki] afirma que esses voos nunca estarão seguros porque o regime dele nunca deixará a Síria em paz. Além disso, coisa incomum, Netanyahu tem feito declarar abertamente a incursão pelos seus generais, que de facto afirmaram ter atingido a Síria “milhares de vezes” desde 2011 (o começo da guerra na Síria), em apoio aos terroristas islâmicos.

Poucos dias depois, no dia 17 de Janeiro, uma delegação militar russa reúne-se com os militares israelitas: Moscovo comunica que empresas russas comprometeram-se com a actualização técnica do aeroporto, de forma que cada novo ataque será considerado um ataque aos interesses russos.

Dia 21 de Janeiro: actividade aérea israelita muito forte na Síria. Esta segunda incursão de 2019 é maciça, emprega dezenas de aeronaves, mísseis de cruzeiro e mísseis terra-terra. Um dos objectivos dos generais israelitas é provocar a reacção dos sírios e identificar a posição das baterias [wiki]S-300[/wiki], das quais claramente não conhecem a localização. Uma vez identificadas, as baterias poderiam ser destruídas com os novos modelos de mísseis HARM. Mas os sírios respondem com os BUK, os [wiki title=”Pantsir-S1″]Pantsir S-1[/wiki] e os antigos S-2000, com os quais alegam ter interceptado muitos mísseis inimigos: o regime de israel continua a procurar os S-300 que o regime de [wiki title=”Bashar al-Assad”]Assad[/wiki] guarda para bem outras ocasiões.

Mesmo dia, outro palco: [wiki]Mar Negro[/wiki], precisamente o [wiki title=”Estreito de Querche”]Estreito de Kerch[/wiki], reivindicado pelo regime de Kiev como suas águas territoriais e atravessado pela ponte que liga a [wiki]Crimeia[/wiki] à pátria russa, construída após o golpe inspirado por Victoria Nuland e o cujo objectivo final era apoderar-se da grande base russa de [wiki title=”Sebastopol”]Sevastopol[/wiki].

Num espelho de água tão sensível (e onde Kiev repetidamente ameaçou explodir a ponte) dois navios pegam fogo e afundam. No princípio não está claro se são acidentes, talvez ditados por negligência. São dois navios-tanque com bandeira da Tanzânia. Pelo menos 14 tripulantes (turcos e índios) morrem e outros são resgatados por navios russos. Passam poucas horas e…

22 de Janeiro: o Ministério dos Territórios Ocupados temporariamente da Ucrânia (em suma: o regime de Kiev) declara oficialmente que os dois navios que pegaram fogo e afundaram “estavam envolvidos no fornecimento ilegal de gás e petróleo bruto para a Síria desde 2016, de acordo com o Departamento de Controle de Propriedade Estrangeira do Tesouro dos EUA (OFAC). E acrescentou que um dos navios tinha o [wiki title=”Transponder”]transponder[/wiki] desligado, acrescentando:

Acções similares de empresas estrangeiras envolvidas no transporte marítimo são uma tentativa de evitar a responsabilidade sob a legislação ucraniana e evitar possíveis sanções internacionais por tais violações […] Agora é difícil estabelecer a origem do gás que foi transportado mas, de acordo com a informação disponível, os navios estavam envolvidos no fornecimento de gás produzido [pela Rússia ilegalmente] na plataforma ucraniana e entregues a outros Países.

Resumindo: a acusação é ter vendido gás liquefeito da Ucrânia, porque produzido numa plataforma que o regime de Kiev reivindica. Pelo que parece claro que os dois incêndios e afundamentos não tiveram nada acidental: são dois actos de sabotagem, de guerra, assinados pelo regime de Kiev com a bênção dos EUA, contra a Síria e contra Moscovo.

Não é por acaso que na noite do dia 21, enquanto os dois petroleiros estavam a arder no Estreito de Kerch, Netanyahu e [wiki title=”Petro Poroshenko”]Poroshenko[/wiki] anunciaram ao mundo que “israel e a Ucrânia assinaram um acordo de livre comércio” em Jerusalém. Afirma Poroshenko:

É um dia histórico. [O acordo de livre comércio] é uma mensagem importante para os empresários de ambos os países.

Acabou? Ainda não. Em 21 de Janeiro aconteceu algo também no [wiki]Mar Báltico[/wiki]: dois navios militares lançadores de mísseis, o USS Porter e o USS Gravely, apareceram de repente e pareciam apontar para a base russa de [wiki]Kaliningrado[/wiki]. Duas corvetas de Moscovo forma enviadas imediatamente para “escoltar” os dois navios americanos. Armado com os misseis [wiki title=”BGM-109 Tomahawk”]Tomahawk[/wiki], os dois navios norte-americanos quiseram provocar a reacção russa ao “cheirar” as águas territoriais defendidas por Moscovo.

Voltamos até o Mar Negro: na mesma altura reapareceu o [wiki title=”Contratorpedeiro”]destroyer[/wiki] americano USS Donald Cook, que também é seguido de perto por navios de guerra russos. E é preciso entender as declarações do israelita Yaakov Kedmi (antigo chefe do Nativ, uma organização governamental de Tel Avive que mantinha o contacto com os judeus do Bloco Oriental durante a Guerra Fria) para uma televisão russa:

Este navio, se levantar suspeitas [da Marinha russa] tem os minutos contados. Talvez um míssil seja lançado, não tenho certeza. O próximo será lançado do fundo do mar, por aquilo que entendo dos eventos do Mar Negro.

Uma esperança ou um projecto de [wiki title=”Operação de bandeira falsa”]false flag[/wiki]?

A densidade temporal dessas provocações, o aumento da letalidade (estimadas entre 11 e 23 mortes na Síria), a rápida escalada em palcos tão longe um do outro: tudo isso é tremendamente significativo. Após o anúncio do retiro das tropas americanas da Síria, o regime de israel tem a necessidade de deixar claro que nada mudará na sua atitude: Tel Avive quer que o Médio Oriente continue a ser uma zona extremamente quente, onde os cidadãos podem morrem a qualquer altura por causa dum franco atirador, dum míssil, dum atentado “moderado” ou “extremista”, dum bombardeio. De nada serve o pedido da China para que “todas as partes envolvidas se abstenham de qualquer iniciativa que possa levar a crescentes tensões”, acrescentando que “é preciso respeitar e defender a soberania, a independência e a integridade territorial da Síria”.

O regime sionista de Tel Avive precisa da guerra porque da guerra nasceu e não conhece outra forma de existência: toda a estrutura militar, a política, a propaganda são pensadas em função da guerra, conseguem sobreviver apenas num clima de “tensão sem fim” perante os ataques (verdadeiros ou falsos) do resto do planeta. A “aliança” com a Ucrânia faz todo o sentido e só peca por ser tardia: está na natureza das coisas que dois regimes de moldes nazistas falem o mesmo idioma e colaborem. Não é lícito ter ilusões: a guerra está no DNA deste israel sionista e apenas numa guerra conseguirá encontrar o seu fim e um eventual renascimento.

 

Ipse dixit.

Fonte: Blondet & Friends