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Gays e animais: desinformação e Neolíngua.

É de poucos dias a notícia de que, na Austrália, o Partido Trabalhista apresentou um projecto de lei que obriga o Estado a reconhecer e registrar em passaportes e documentos de nascimento 33 géneros. Não “3” mas “33”. Mas não havia só homem, mulher e gay? Não, agora há muito mais. Eis a lista com as relativas explicações (tive que procurar na internet porque ignorava a existência de tantos seres num planeta só):

  1. Woman – A mulher, modelo original, desenvolvido segundo Natureza
  2. Man – O Homem, modelo original, desenvolvido segundo natureza
  3. Transgender Man – Homem que tem uma identidade de género, ou expressão de género diferente do sexo atribuído.
  4. Transgender Woman – Mulher que tem uma identidade de género, ou expressão de género diferente do sexo atribuído.
  5. Trans Person – Indivíduo cuja identidade de género difere daquela designada no nascimento e que procura fazer a transição para o género oposto através de intervenção médica
  6. Trans Man – Homem trans que foi designada mulher ao nascer, mas que se identifica como homem
  7. Trans Woman – Mulher que se identifica como sendo do género feminino embora tenha sido designada como pertencente ao género masculino.
  8. Female to Male – Mulher que se identifica como sendo do género feminino embora tenha sido designada como pertencente ao género masculino.
  9. Male to Female – Homem trans que foi designada mulher ao nascer, mas que se identifica como homem
  10. Transexual – Indivíduo cuja identidade de género difere daquela designada no nascimento e que procura fazer a transição para o género oposto através de intervenção médica
  11. Cisgender – Pessoa cujo género é o mesmo que o designado no seu nascimento.
  12. Cis Female – Mulher cuja identidade de género não difere daquela designada no nascimento
  13. Cis Male – Homem cuja identidade de género não difere daquela designada no nascimento
  14. Gender not Conforming – Género de alguém que não corresponde às normas dos géneros masculinos ou femininos
  15. None Gender – Pessoa cuja identidade de género que não é integral e exclusivamente homem ou mulher, ficando fora da cisnormatividade.
  16. Non Binary – Pessoa cuja identidade de género que não é integral e exclusivamente homem ou mulher, ficando fora da cisnormatividade.
  17. Neutrois – Género de alguém que não corresponde às normas dos géneros masculinos ou femininos
  18. Genderfluid – Indivíduo que flutua entre os géneros
  19. Genderqueer – Pessoa cuja identidade de género que não é integral e exclusivamente homem ou mulher, ficando fora da cisnormatividade.
  20. Demigender – Pessoa cuja identidade de género é só parcialmente de homem ou mulher, ficando fora da cisnormatividade.
  21. Demigirl – Pessoa só parcialmente mulher
  22. Demiboy – Pessoa só parcialmente homem
  23. Agender – Pessoa sem género
  24. Intergender – Pessoa intersexo, que está entre as binariedades
  25. Intersex – Pessoa com variação de caracteres sexuais como cromossomas, gónadas e/ou órgãos genitais que dificultam a identificação como totalmente feminino ou masculino.
  26. Pangender – Pessoa que sente que não pode ser rotuladas como masculina ou feminina
  27. Poligender – Pessoa cuja identidade de género é só parcialmente de homem ou mulher, ficando fora da cisnormatividade.
  28. Omnigender – Pessoa cuja identidade de género abrange todos os géneros
  29. Bigender – Pessoa cuja identidade de género abrange os géneros masculino e feminino.
  30. Andogyne – Esta não encontrei, lamento.
  31. Androginy – Pessoa que mistura de características femininas e masculinas em um único ser, ou uma forma de descrever algo que não é nem masculino e nem feminino.
  32. Third Gender – Indivíduos que não são considerados nem homens nem mulheres
  33. Trigender – Pessoa cujo género oscila entre masculino, feminino e Third Gender.

Resumindo: há homens, mulheres e gay. Depois há um terceiro género, que não é o Third Gender da lista mas que aí está identificado como Intersex: trata-se da condição médica conhecida como dimorfismo sexual. Os restos são sinónimos de gay.

O que pretendem os Laburistas é basicamente a liberdade de utilizar sinónimos para registrar-se, porque quase todos os alegados “géneros” apresentados são sinónimo do termo gay. E na lista há termos que são por sua vez sinónimos (daí as repetições): entre Homem e Cis Male, por exemplo, não há nenhuma diferença. Portanto: sinónimos de sinónimos.

Entretanto, na Tasmânia, os Laburistas (que evidentemente não têm outros problemas naquelas bandas), juntamente com os Verdes, já estão à frente: aprovaram na Câmara dos Deputados a lei que permite aos pais não registrar o sexo do bebé. Os Laburistas explicam que a lei pretende que todos possam “gozar dos mesmos direitos humanos sem discriminação”. Ideia espectacular. Como vão ser chamados na escola? “Coiso”? Justo para não ser discriminado…

Mais e mais direitos, mais e mais liberdade: parecem ser estas as reais conquistas dos esquerdistas Mundiais. Eu, no meu cantinho, continuo a pensar que estas demonstrações de estupidez só prejudicam os verdadeiros gays, aqueles que não participam nos deprimentes espectáculos das marchas estilo Gay Pride.

Mas nem há tempo para escrever sobre o assinalável progresso australiano da “não discriminação” e eis que do outro lado do oceano aparece a PETA (People for the Ethical Treatment of Animals, “Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais”), a mais poderosa lobby animalista, com escritórios em todo o Ocidente.

A PETA listou uma série de frases que considera ofensivas e discriminatórias para os animais e propõe alterações. As frases que a PETA odeia são, infelizmente, idiomáticas e proverbiais, que todos nós seres humanos (gays incluídos) costumamos utilizar.

Por exemplo: a frase “Pegar o touro pelos chifres” é severamente ofensiva do ponto de vista taurino. A PETA sugere transforma-la em “Pegar as rosas pelos espinhos”. O que até poderia ser feito, mas temos a certeza de que não exista uma organização que salvaguarde o tratamento ético das plantas? É que depois seria preciso mudar outra vez. “Ser a cobaia”? Nem pensar, as cobaias sofrem ao ouvir tamanha discriminação e ficam tristes ao lembrar do tio que morreu num laboratório. Portanto, diz a PETA, substituir com “Ser o tubo de ensaio”. Genial.

“Matar dois pássaros com uma pedra”? Jamais. Versão correcta: “Alimentar dois pássaros com um bolinho”. Uma expressão americana, “Trazer para casa o bacon“, deve ser substituída não porque o bacon possa ficar frustrado mas porque o porco pode ouvi-la. E, imagino eu, pensar no seu triste futuro, fazer planos para fugir, abandonar a quinta: em breve os Estados Unidos ficariam invadidos por uma massa de porcos enervados o que, admitimos, pode ser perigoso. A PETA diz: “Trazer para casa o bagel” que, olhem só, é uma típica comida judaica.

Até a frase “Começa mais um dia no circo”, expressão que às vezes os americanos dizem suspirando na Segunda-feira, enquanto conduzem para o trabalho (quando têm um trabalho), é extremamente desrespeitosa. Cães, camelos, tigres, focas, elefantes e leões forçados a saltar em círculos de fogo sofrem com isso. Portanto, os verdadeiros amantes dos direitos dos animais dirão: “Outra escalada com os sherpas”, o povo que vive no Himalaya. Evidentemente a PETA acha que um povo não merece o mesmo respeito devido a uma cão, talvez pelo facto de morar longe.

Como explica a mesma PETA:

As palavras contam. E à medida que a nossa compreensão da justiça social se desenvolve, a linguagem evolui com ela. Aqui estão alguns exemplos de como retirar o especismo das conversas do dia-a-dia.

Em poucas linhas há todo o amontoado de perversão da “Nova Esquerda” progressista. A justiça social evoluiu: agora já não trata das centenas de milhares de pessoas que vivem nas ruas, agora no Parlamento são apresentadas medidas contra a discriminação dos gays, campanhas contra o especismo.

É justo defender os direitos dos gays? E os direitos dos animais? É mais do que justo, é um dever. Mas há algo chamado “prioridade”. Num País onde há pessoas que passam a fome, que não têm dinheiro para alugar uma casa, para as quais a sociedade não encontra um trabalho, num País assim o que é mais importante? Ajudar quem vive em condições de desespero ou mudar modos de dizer para que os animais não se ofendam? E na Austrália: certeza que não havia um assunto um pouco mais prioritário de que a liberdade de ver escrito no bilhete de identidade quem somos gay?

A resposta sensata deveria ser “Há outras prioridades”. Na nossa sociedade a resposta é: “A prioridade é ver escrito no B.I. que somos gay”. E não é ironia a minha: é de facto uma prioridade porque as palavras mudam a nossa percepção da realidade. Chamar alguém “cigano” não é a mesma coisa que chama-lo “gipsy”; “imigrante ilegal” não é o mesmo que “refugiado”. Os esquerdistas progressistas sabem disso e exploram a arma. Que, como todas as armas, faz vítimas. Tal como afirma Paul Craig Roberts: estamos a testemunhar a desintegração da civilização ocidental, e essa destruição acontece ao trancar-nos na Matrix.

A capacidade de controlar os pensamentos das pessoas é tão extraordinária que, apesar das evidências contrárias, os americanos acreditam que Oswald agiu sozinho e foi o melhor atirador da história da humanidade, com a sua bala mágica que matou o Presidente John F. Kennedy; que um pequeno grupo de sauditas que demonstraram na escola de aviação que não podiam pilotar aviões, perfuraram a defesa aérea militar dos EUA e derrubaram três arranha-céus no World Trade Center e até o Pentágono; que Saddam Hussein tinha e teria usado as “armas de destruição em massa” contra os Estados Unidos; que Assad “usou armas químicas” contra “o seu próprio povo”; que Kaddafi distribuiu o Viagra aos seus soldados, para que eles pudessem estuprar melhor as mulheres líbias; que a Rússia “invadiu a Ucrânia”; que Trump e Putin roubaram a eleição presidencial de Hillary; que os homossexuais são perseguidos; que Putin mata jornalistas e está a preparar-se para atacar a Europa.

Aqui na Europa há quem esteja convencido de que “a UE nos deu 70 anos de paz”, que “o euro protege de especulação”; que o spread está a tornar as hipotecas residenciais mais caras; que a Italia faz muita dívida… e assim por diante.

O excelente trader Zibordi:

Quantos sabem que a Irlanda chegou a 30% do deficit público? O limite de 3% é respeitado apenas pelos alemães porque eles têm a taxa de câmbio desvalorizada e o excedente estrangeiro. Todos os outros nunca respeitaram o 3% mas nós [os italianos, ndt] respeitamos até 2%. Di Maio e Salvini [as forças do governo Movimento Cinque Stelle e Lega, ndt] fazem uma manobra “expansiva”? Mas eles fazem um déficit de 2% que é inferior a quanto feito pelo Partido Democrático.

Verdade: mas o PD é esquerdista progressista, o actual governo não. E isso faz muuuuuita diferença no nosso sistema, não faz? Desinformação e Neolíngua, esta é a receita que muda a nossa maneira de ver o mundo.

Nota final: para mim os gays ficam gays. Ninguém pense que vou utilizar aqui termos idiotas como Gender not Conforming ou Demiboy. Única excepção, obviamente, os casos de dimorfismo sexual, uma condição muito penosa. E aos gays: por favor, cresçam e pretendam seriedade dos vossos representantes se desejam ser tratados com igual seriedade.

 

Ipse dixit.

Fontes: Zero Hedge, The Daily Chrenk