Site icon

Tecnologia 5G e câncer Schwannoma

Photo by Erik Lucatero on Unsplash

Já existem problemas com as tecnologias actuais, mas nesta altura o 5G sem fios está a provocar bastante barulho. Reza a sábia (mais ou menos, menos do que mais) Wikipedia:

O 5G (Quinta Geração de internet móvel ou Quinta Geração de sistema sem fio), representa a futura geração de telecomunicação móvel. O 5G já vem sendo estudado para substituir o 4G e ter a próxima geração lançada dentre os próximos 10 anos, seguindo o mesmo padrão de evolução das demais gerações anteriores.

E continua a enciclopédia online:

Enquanto algumas pessoas trabalham no desenvolvimento da nova geração de tecnologia móvel, muitas pessoas iniciam discussões a respeito do assunto. Como por exemplo o custo para a criação desta nova geração de telecomunicação móvel. Outras se perguntam até que ponto se faz necessário continuar aumentar os níveis de transmissão das redes móveis, e quais benefícios seriam gerados em torno disto. Também existe o se não o principal, um dos principais obstáculos encontrados para a continuação desse projeto, é a energia utilizada para sustentar essa transmissão de dados. Sabemos hoje que de acordo com o avanço das gerações os dispositivos móveis tem um grande custo de perda de energia para o uso do mesmo, é possível perceber isso quando deixamos de utilizar o 3G e usar somente o 2G como a bateria dos aparelhos tende a durar bem mais.

Dr. Ross Adey da UCLA, nos anos 60 e 70, liderou uma pesquisa onde foi demonstrado que a radiação não-iónica, a mesma das antenas 5G, foi capaz de alterar o comportamento de pessoas e animais. Uma frequência de 10 Hz pode deixar alguém em estado de estupor, podendo até mesmo induzir as pessoas ao sono de acordo com a frequência das ondas. Foram registradas também mudanças na capacidade de memória, alterações metabólicas, mudanças no funcionamento das glândulas e alterações na libido.

Pelo que há dúvidas acerca desta nova tecnologia. Na verdade isso é normal: há sempre dúvidas quando é apresentado algo novo. O problema é perceber até a que ponto estas dúvidas podem estar fundamentadas.

O Dr. Sharon Goldberg, médico e professor de medicina interna, recentemente deu o seu testemunho numa audiência no Michigan sobre os perigos da radiação eletromagnética:

A radiação sem fio tem efeitos biológicos. Período. Isso já não é um tópico de discussão quando olharmos para PubMed e a literatura de revisão. Esses efeitos são vistos em todas as formas de vida; plantas, animais, insectos, micróbios. Nos seres humanos temos agora uma clara evidência de câncer: não há dúvida de que temos evidências de danos no DNA, cardiomiopatia, que é o precursor da insuficiência cardíaca congestiva, efeitos neuropsiquiátricos […] A 5G é uma tecnologia não testada duma aplicação que sabemos ser prejudicial; sabemos disso da ciência. Nos estudos universitários, isso é chamado de “pesquisa sobre seres humanos”.

Confirma o Dr. Martin Blank, Ph.D. do Departamento de Fisiologia e Biofísica Celular da Universidade de Colômbia:

Em termos inequívocos, estão a danificar as células vivas nos nossos corpos e matam muitos de nós prematuramente.

A organização EMF Scientists enviou um apelo a António Guterres, Secretário Geral das Nações Unidas, sobre a questão das ondas electromagnéticas:

Numerosas publicações científicas descobriram que as EMFs afectam os organismos vivos em níveis muito abaixo das diretrizes internacionais de exposição adoptadas pela maioria das nações industrializadas. No entanto, há uma discrepância na forma como essa questão é considerada pela OMS. Embora a OMS aceitou a recomendação da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) que classifica ELF / EMF RF / EMF como “possíveis cancerígenos Grupo 2”, também, em contraste directo com essas advertências recomenda a adopção das diretrizes da Comissão Internacional sobre a Proteção contra Radiação Não-Ionizante (ICNIRP) para os padrões de exposição. Estas directrizes, desenvolvidas por um grupo independente de pessoas auto-selecionadas, há muito são criticadas como não suficientemente protectoras, dada a ciência bem estabelecida.

Esta é a razão pela qual a maioria dos Países em todo o mundo proibiu os smartphone quando se trata de jovens usuários na escola, internet wireless nas escolas primárias, creches e pré-escolares.

A consciência na Europa parece estar a progredir mais rapidamente do que a consciência na América do Norte. Na França, por exemplo, já em 2015 foi aprovada uma lei que proibia o wi-fi em todos os jardins de infância. Além disso, a lei afirma que o wi-fi deve ser desactivado em todas as escolas de ensino quando não estiver em uso: uma conexão com fio é preferida, se possível. Quando se trata de telefones celulares na França, todos os anúncios devem recomendar auscultadores para reduzir a exposição do cérebro à radiação. Além disso, anúncios que direcionam o uso de telefones celulares para crianças são proibidos.

Pesquisadores do Instituto Ramazzini (Rimini, Italia) anunciaram os resultados dum estudo em grande escala com animais de laboratório: que, expostos à radiação de telemóveis, desenvolveram câncer.

Um estudo de 25 milhões de Dólares com níveis muito mais elevados de radiação de radiofrequência (RF), efectuado pelo National National Toxicology Program (NTP) dos Estados Unidos, também relatou o mesmo câncer incomum, chamado “schwannoma do coração”, em ratos machos. Além disso, o estudo italiano também encontrou aumentos em tumores malignos do cérebro em ratos fêmeas e condições pré-cancerosas, incluindo a hiperplasia das células de Schwann em ratos de sexo masculino e de sexo feminino.

Explica a diretora do centro de pesquisa sobre o câncer da instituição, Fiorella Belpoggi:

A nossa descoberta de tumores cancerígenos em ratos expostos a níveis ambientais de RF são consistentes e reforçam os resultados dos estudos do NTP sobre a radiação dos telefones móveis, pois ambos relatam aumentos dos mesmos tipos de tumores cerebrais e do coração nos ratos do tipo Sprague-Dawley. Juntos, esses estudos fornecem evidências suficientes para solicitar à Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer (IARC) a reavaliar e reclassificar as suas conclusões sobre o potencial carcinogénico dos RFR nos seres humanos.

O estudo expôs 2448 ratos Sprague-Dawley, desde o nascimento até a morte natural, à radiação celular durante 19 horas por dia. As exposições imitavam as emissões das estações-base como as das antenas das torres de celular, e esse é um ponto importante. Explica Ronald Melnick Ph.D., ex-toxicologista NIH sénior que liderou o projecto do estudo NTP sobre a radiação do telefone celular, agora Assessor Sénior de Ciências para o Environmental Health Trust (EHT):

Todas as exposições usadas no estúdio do Ramazzini estavam abaixo dos limites FCC [Federal Communications Commission, ndt] dos EUA. Estas são exposições permitidas de acordo com a FCC. Em outras palavras, uma pessoa pode ser legalmente exposta a esse nível de radiação. No entanto, os cancros ocorreram nestes animais com os níveis [de radiação, ndt] permitidos pela lei. Os resultados do Ramazzini são consistentes com o estudo do NTP e mostram que estes efeitos são uma descoberta reproduzível.

Outra citação interessante, desta vez de Lennart Hardell, MD, Ph.D., epidemiologista do Departamento de Oncologia do Hospital Universitário de Orebro (Suécia), que tem publicado extensamente sobre as causas ambientais do câncer, incluindo o agente laranja, pesticidas e radiação de radiofrequência de telefones móveis:

Os resultados do NTP combinados agora com o estudo do Ramazzini fortalece os estudos sobre os humanos da nossa equipa e de outros; fornecem fortes evidências de que a radiação RF provocam neuroma acústico (schwannoma vestibular) e gliomas, e deve ser classificada como cancerígena para os seres humanos.

Para ter material de qualidade acerca do problema da radiação eletromagnética, é possível consultar o Environmental Health Trust (EHT), um think tank por uma vez não político mas científico que tem uma particular atenção sobre riscos da saúde ambiental. Obviamente não está disponível em português, é só em inglês.

E agora o quê faço?

Pois: o que podemos fazer acerca da tecnologia 5G? Para já rezar a São Juaneiro, porque a tecnologia 5G será implementada de qualquer forma.

As empresas estão a investir no assunto e os investimentos têm que ser recuperados. Depois, uma nova tecnologia significa uma vaga de smartphones e acessórios que inundam o mercado, e este é outro dinheiro ao qual as empresas não vão renunciar só porque alguém morre de câncer e por acaso não é um rato. Nos próximos poucos anos vamos assistir ao debate entre quem defende que as radiações fazem mal e entre quem diz que fazem bem aliás é esquisito termos sobrevivido até hoje sem a nossa racção diária delas. Ambas as teses serão defendidas com indiscutíveis provas científicas e nós continuaremos a ficar na dúvida sem saber ao certo qual a verdade.

Depois, e além de São Juaneiro que recomendo sempre, podemos:

Ok, ok, acerca do último ponto estava a brincar, sei que ninguém vai fazer isso.

 

Ipse dixit.

Fontes: Collective Evolution, EMF Scientist – International Scientists Petition U.N. to Protect Humans and Wildlife from Electromagnetic Fields and Wireless Technology (ficheiro Pdf, inglês), Youtube – International Scientist Appeal on Electromagnetic Fields Martin Blank PhD May, Science Direct – Report of final results regarding brain and heart tumors in Sprague-Dawley rats exposed from prenatal life until natural death to mobile phone radiofrequency field representative of a 1.8 GHz GSM base station environmental emission, Corriere di Bologna, NCBI – The Limits of Two-Year Bioassay Exposure Regimens for Identifying Chemical Carcinogens, Wikipedia (versão portuguesa), National Toxicology Program – Technical Reports – Peer Review of the Draft NTP Technical Reports on Cell Phone Radiofrequency Radiation (revisão de 2018), Environmental Health Trust