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Porque o Irão assusta

Teherão

Os encontros entre Macron antes e com a Merkel não ajudaram a eliminar a dúvida: o que fará Trump acerca do acordo sobre o nuclear assinado em 2015 entre Estados Unidos e Irão? Todavia temos uma certeza: as guerras no Médio Oriente continuarão e o Irão será ainda o verdadeiro alvo dos EUA e dos seus aliados regionais, israel e Arábia Saudita.

O Irão é realmente nosso inimigo? Alguém ouviu ameaças de Teherão? Alguém viu Países invadidos ou bombardeados pelas forças iranianas? Drones ou mísseis dos ayatollah? Nada? Pois. E ao reler a história das últimas décadas encontramos algo surpreendente.

Portanto: todas as iniciativas ocidentais para acabar com o regime dos ayatollah ou fracassaram ou, pior, conseguiram reforçar o regime iraniano. A realidade é que os EUA e sobretudo israel e a Arábia Saudita não estão dispostos a
aceitar o Irão como um País independente e soberano, que tem uma grande
influência regional boas parte da qual foi literalmente entregue pelas acções sem sentido do
Ocidente.

Por qual razão tanto ódio contra a antiga Pérsia? Existem várias razões.

Todas razões perfeitamente válidas e tangíveis. Mas há algo mais.
O Irão assusta porque é um País independente, que nunca se curvou às diretrizes ocidentais, com um regime muito questionável, sem dúvida nenhuma, mas capaz de preservar a autonomia de uma nação com 2500 anos de história.

A sua influência linguística e histórica é muito ampla e do coração do Médio Oriente alcança a Ásia Central: os iranianos são uma cultura, não apenas um regime e o Irão é uma nação, tais como aquelas que no Ocidente estão a ser desmanteladas. É também isso que o Ocidente e os seus aliados temem: o Irão representa de certa forma um baluarte, um pedaço de história que resiste à grande homologação. Submetê-lo é uma questão de princípio que nada tem a ver com a justiça ou com o respeito dos direitos civis.

De facto, somos muito mais tolerantes com os sauditas que no passado reabriram os cinemas e ao mesmo tempo executaram cerca de cinquenta pessoas. Protestos? Quase nada. Sem mencionar israel, que há décadas viola todas as resoluções da ONU com o apoio de Washington e os aplausos do Ocidente.

A questão nuclear? Índia e Paquistão possuem bombas atómicas e nem aderem ao Tratado de não proliferação de armas nucleares. Sem mencionar (outra vez) israel, que nem reconhece o facto de ter tais armas. O Presidente Trump:

Estados Unidos e israel podem declarar a uma voz que o Irão nunca, jamais, jamais poderá ter uma arma nuclear.

Será que o facto de Teherão não ter o nuclear enquanto Tel Avive nem declara o número de ogivas prontas para o lançamento torna o mundo um lugar melhor?

Ipse dixit.

Fontes: Tiscali, Il Fatto Quotidiano.