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EUA: ataque à Síria?

Novos ventos de guerra na Síria?
Assim parece.

Após o alegado ataque com cloro no Goutha oriental, os círculos políticos ultra-conservadores dos EUA querem uma acção firma contra a Síria e o Irão. Um artigo no jornal “Foreign Policy” pede “uma ação militar em larga escala contra Damasco”. E, segundo os autores Rhys Dubin e Dan de Luce, desta vez 59 mísseis Tomahawk não serão suficientes: uma nova ação militar deveria ser mais dura para poder paralisar as capacidades militares sírias.

Segundo as últimas notícias, um avião de guerra americano voou perto das bases aéreas russas nas províncias de Latakia e Tartous, na Síria: teria sido um Poseidon da Marinha dos EUA. Isso poucas horas depois dum avião russo A-50 ter sobrevoado a costa da Síria para rastrear qualquer potencial actividade aérea dos Estados Unidos no leste do Mediterrâneo.

Outro avião de Moscovo, um Su-35 armado com os que parecem ser mísseis anti-navio, acaba de ser detectado na cidade síria
de Tartus, na base aérea russa. E, de acordo com
os relatos de fontes locais, esta não é a única aeronave russa equipada com
mísseis de cruzeiro Kh-35: uma arma dotada de carga de fragmentação HE e um alcance operacional de pelo menos 300 km.

Um A50 (esquerda) e um SU-35

A presença de armas anti-navios é a resposta russa às operações americanas, pois os recursos navais dos EUA estão a convergir na zona leste do Mediterrâneo: a USS Donald Cook já está na área, enquanto pelo menos outro destroyer, o USS Porter (que já tinha participado no bombardeio do ano passado) está a caminho.

O USS Donald Cook (esquerda) e o USS Porter

Uma acção militar é muito provável: os EUA não aceitam a derrota das operações na Síria e, ao que parece, estão dispostos a continuar os jogos de guerra apesar dos “rebeldes moderados” terem evacuado o Goutha Leste. Pouco importa o facto do falso ataque químico ter sido anunciado pelos Russos com semanas de antecedência, pouco importa a total falta de provas de que o ataque tenha sido efectivamente perpetrado: o Presidente Trump tem que satisfazer a ala mais dura do seu partido e as exigências de israel. Isso apesar das respostas que poderão ser desencadeadas em caso de ataque contra a Síria. 

Tanto o Irão quanto a Rússia, de facto, prometem não ficar de braços cruzados.
O Presidente da Comissão de Defesa da Duma do Estado Russo (Câmara Baixa do Parlamento) e ex-comandante da Força Aérea da Rússia, Vladimir Shamanov:

A política do duplo padrão atingiu o fundo. E aqui o partido Rússia Unida declara com consciência que todas as medidas políticas, diplomáticas e militares serão tomadas se necessário. Nenhuma ação ilegal permanecerá sem resposta. Somos um País soberano e temos aliados. […] Não vamos deixar que os americanos afundem as unhas no pescoço de outra pessoa.

Vladimir Shamanov

Shamanov enfatizou que as possíveis medidas da Rússia devem ser ponderadas e responsáveis,
acrescentando que o número de Países envolvidos no conflito sírio aumentou:

Em total violação das regras internacionais, dois jactos israelitas entraram no espaço aéreo libanês, realizando um bombardeio num vizinho País soberano directamente contra um aeródromo do exército sírio. Assim, o número de Países envolvidos no conflito está a aumentar.

Voltando ao alegado ataque químico com o cloro, Shamanov observou:

Hoje, os químicos militares confirmaram, na presença de membros do governo sírio, que nenhum vestígio foi encontrado no hospital onde essas falsas cenas foram realizadas, e nenhuma vítima foi confirmada ou descoberta.

Entretanto, o Presidente dos EUA, Donald Trump, cancelou a viagem planeada para a América do Sul. A Secretária de Imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que o Presidente americano “permanecerá nos Estados Unidos para supervisionar a resposta americana à Síria e monitorizar os acontecimentos da crise mundial”.

Ipse dixit.

Fontes: Foreing Office, South Front (1, 2), Al Masdar News, Fort Russ, Sputnik