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A queda de Bitcoin

Como complemento ao artigo recentemente publicado acerca da bolha Bitcoin, eis o que conta hoje o diário Público:

A bitcoin e as outras criptomoedas acentuaram as quedas nesta quarta-feira, deixando os utilizadores entre o medo, a confiança e o enorme optimismo – pelo menos, de acordo com as mensagens nos fóruns online onde muitos procuram conselhos de investimento e tentam encontrar um sentido no mundo caótico das divisas digitais.

No Reddit, um fórum online muito popular, um utilizador queixou-se de ter perdido o dinheiro de que precisava para a faculdade. “Perdi os meus fundos para a universidade nesta queda de preço. Não vou conseguir pagar o próximo semestre se o preço não recuperar, mas estou confiante que isso vai acontecer. Até lá, não vou conseguir dormir :)”. Muitas das respostas criticaram o facto de o utilizador ter investido dinheiro de que precisava. “É por estas razões que vamos ver [a bitcoin] descer de mil dólares. Pessoas a vender com medo, porque investiram o que não podem perder”, argumentou outro utilizador. […]
A descida reflecte os receios face à intervenção das autoridades de regulação e um sentimento negativo que está a emergir pelo menos em parte da imprensa. A Coreia do Sul, um dos países onde estas criptomoedas são muito populares, está a ponderar banir as bolsas de bitcoins, a China já proibiu transacções e poderá ainda avançar para a proibição de geração de novas moedas. Outros países estão também a tomar medidas para pelo menos assumirem algum controlo sobre um mercado que, no geral, tem actuado de forma desregulada. Também se têm avolumado os avisos para uma bolha e a imprensa tem dado conta das relutâncias de alguns bancos em aceitarem dinheiro proveniente da transacção de bitcoins e outras divisas digitais. Nesta quarta-feira, a agência financeira Bloomberg questiona num título: “A bitcoin acaba de rebentar?”. A resposta no artigo não é conclusiva.

Às 13h, a bitcoin tinha caído 14% ao longo das 24 horas anteriores, depois de já ter afundando nesta terça-feira e aproximando-se assim da barreira psicológica dos dez mil dólares. De acordo com o site CoinMarketCap, o ethereum e o ripple – as duas criptomoedas mais populares depois da bitcoin – caíam 20% e 25%.

A dar que falar nos fóruns está também o encerramento de uma bolsa de transacções chamada bitconnect, que tinha a sua própria criptomoeda com o mesmo nome. O serviço, que já tinha sido frequentemente acusado de ser um esquema piramidal, decidiu fechar depois de ter recebido intimações por parte das autoridades dos EUA. A bitconnect caiu a pique.

Isso sim: como bolha foi bastante rápida. E acaba por conseguir dois resultados:

  1. grandes lucros de quem sabia o que teria acontecido (os tubarões das Finanças).
  2. eliminação dum temível e subversivo concorrente.
Porque as criptomoedas poderiam ter sido algo bom, excepcionalmente bom: uma poderosa arma nas mãos dos cidadãos, uma rara ocasião de poder para as multidões. Moedas não controladas por um banco central mas geridas (em parte, e ao menos emitidas) pelas mesmas pessoas/comunidades que as utilizam. Revolucionário, capaz de subverter séculos de política monetária e de pôr em séria discussão os distorcidos equilíbrios económicos mundiais.
Demasiado para ser deixado tudo “ao sabor do povo”: tornaram-se apenas tristes esquemas piramidais (como frisou Krowler), foram absorvidas e assassinadas pela ganância de poucos e pela Grande Finança.
Tudo normal.
Ipse dixit. 

Fonte: Público