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A mãe de todas as estupidezes

Confesso que ao ler a notícia dos EUA terem lançado a “mãe de todas as bombas não nucleares”
sorri. É algo tipicamente norte-americano, é tipicamente trumpiano. Algo tanto espectacular quanto inútil, que denota uma total falta de entendimento da realidade. Muita Hollywood e pouco cérebro.

O lançamento da Gbu-43 tem dois aspectos fundamentais.

Em primeiro lugar lembra de que a guerra no Afeganistão nunca acabou, apesar dos proclamas. É a mais antiga guerra em acto, uma guerra que os EUA não conseguem ganhar. Antes os talibans e Al-Qaeda, agora o Isis: seja como for, Washington é desde 2001 que gasta dinheiro para controlar um território que não quer ser controlado. A União Soviética demorou 10 anos para entender que aquele País, feito duma miríade de vales escondidas, cavadas nas áridas montanhas, era algo sério. Aos Estados Unidos ainda não foram suficientes 16 anos para conseguir abandonar a ilusão de poder ganhar.

O segundo aspecto em realce é que o anuncio do lançamento foi feito pelos mesmos americanos, quase fosse um spot publicitário do Pentágono. é a confirmação de que em Washington a facção militar está a ganhar poder, cada vez mais. É um regresso à velha maneira de conduzir a política exterior, com mais botas no chão e menos trocas diplomáticas.

A Gbu-42 representa 9.5 metros de valor estratégico nulo, cujo fim é só enviar um sinal de potência para o exterior. São 8.5 toneladas de explosivo que não podem resolver conflito nenhum, servem apenas para mostrar as ideias do novo Presidente. E não parecem grandes ideias se acha que os problemas com o mundo árabe podem ser resolvidos com as mega-bombas…

No seguinte vídeo, o momento do impacto:



Pormenor que não deixa de ser irónico: a bomba serviu para destruir uma rede de tunneis construídos pelos EUA durante a ocupação soviética.

Ipse dixit.