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Palestina: a arma e o gatilho

F-35

Quem bombardeia a Palestina?
Resposta: israel.

Resposta correcta, mas incompleta.
Porque se é israel que aponta, é preciso que alguém antes construa o gatilho. E aqui as coisas ficam mais complicadas.

Podemos pensar que os Estados Unidos sejam o fornecedor de Tel Avive quando o assunto forem as armas. Mais uma vez: resposta correcta mas incompleta.

Durante a Administração Bush (2002-2009), israel recebeu mais de 21 biliões de Dólares em assistência à “segurança”, incluindo 19 biliões de ajuda militar directa no âmbito do programa Foreign Military Financing do Pentágono.

A maior parte do arsenal israelita é composta por equipamentos fornecidos pelos Estados Unidos. Por exemplo: israel tem 226 aviões de combate F-16, mais de 700 tanques M-60, 6.000 meios blindados para o transporte de tropas, dezenas de aviões de transporte, helicópteros de ataque, aviões de treino, bombas, mísseis tácticos de todos tipo, tudo fornecido pelos Estados Unidos.

Só em 2008, Washington fez novas ofertas para um total de outros 22 biliões de Dólares: 75 aviões F-35 Joint Strike (15.200 milhões de Dólares), aviões C-130J-30 (1,9 biliões), quatro navios de guerra Littoral e relativos equipamentos (1,9 biliões) e 1,3 biliões de gasolina e de combustível.

Isso até 2008.

M-60

Como documentado pelo Congressional Research Service dos EUA (do dia 11 de Abril de 2014),
para o período 2009-2018 Washington comprometeu-se a disponibilizar uma nova ajuda militar de 30 biliões de Dólares, à qual a Administração Obama acrescentou mais de meio bilião só este ano para o desenvolvimento dos mísseis anti-foguetes.

Tel Avive tem em Washington uma espécie de banco sem fim para a compra de armas americanas (incluindo 19 novos F-35 que devem custar 2,7 biliões de Dólares. Única notícia positiva: os F-35 pegam fogo sozinhos). E também tem acesso aos recursos armazenados no “Depósito EUA de emergência para israel”.

Mas, como afirmado, não só Estados Unidos.

A Alemanha concedeu 5 submarinos classe Dolphin (dois dos quais sob forma de “prenda”) e em breve irá entregar um sexto. Os submarinos foram modificados para lançar mísseis nucleares de longo alcance, os Popeye Turbo (derivados dos modelos dos EUA), que podem atingir alvos a 1.500 quilometros.

A Italia está a fornecer os primeiros 30 caças de treino avançados M-346, construídos pela Alenia Aermacchi, que também podem ser usados em operações de combate reais.

Mas é difícil apresentar números seguros: na maior parte dos casos, tais negócios são muito pouco publicitados ou até tudo é feito para que as notícias não sejam divulgadas.

Submarino Classe Dolphin

Por exemplo: no caso dos submarinos da Alemanha, o ex-chefe da marinha militar de Berlim, Daniel Aijalom, afirmou que a questão principal era garantir “que não houvesse debate público sobre o assunto, seja em israel, seja na Alemanha”.

E, de facto, em torno dos estaleiros de Kiel há uma aura de mistério, ao ponto que mesmo alguns gestores da Thyssen Krupp (pois: elevadores e submarinos nucleares…) estão proibidos de entrar.

Quando alguns jornalistas foram autorizados a visitar uma dessas jóias da frota de israel, a maioria deles ficou decepcionada: o acesso aos “andares” inferiores (o 2º e 3º) era estritamente proibido. O Dolphin parece ter um segredo que até mesmo em israel só um restrito círculo de pessoas conhecem.

O ministro da defesa israelita, Ehud Barak, disse que “os Alemães podem orgulhar-se de ter assegurado, durante muitos anos, a existência do Estado de israel”, ecoando outra famosa declaração, a da chancelera Merkel em Março de 2008, que afirmou ser a segurança de israel uma parte da razão de estado da Alemanha.

Mas além de Estados Unidos, Alemanha e Italia, não podem ser esquecidos os outros “grandes vendedores” de armas que participam indirectamente no conflicto: a França e o Reino Unido, respectivamente 5º e 6º produtores mundiais de armas pesadas no mundo depois de EUA (1º), Rússia (2º), Alemanha (3º) e China (4º).
E a Nato? A Nato não fica de fora. No ano passado houve a operação Blue Flag, a maior simulação
de guerra aérea alguma vez realizada em israel, com a participação de EUA, Italia e Grécia (que não tem um tostão, mas que uns trocos para os jogos de guerra consegue sempre encontra-los).

A finalidade? Integrar as forças armadas de Tel Avive no complexo da Nato. A Força Aérea israelita, como explicado pelo general Amikam Norkin, está a experimentar novos procedimentos para reforçar a sua capacidade, “aumentando em dez vezes o número de alvos que são detectados e destruídos” (o que, na óptica dele, representa uma boa notícia).

O Ocidente, portanto, arma e participa no treino das forças de israel.
Defender que o ataque contra a Palestina seja apenas uma questão de Tel Avive é assim muito complicado.

Ipse dixit.

Fontes: Il Manifesto (via Come Don Chisciotte), CPE, The Post Internazionale, Wired,