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Nova Ordem Mundial: as dúvidas

Algumas reflexões acerca da Nova Ordem Mundial?

E vamos, apesar de ser exercício “perigoso”: cada vez que alguém pôr em causa o NWO, logo chovem insultos (que, lembro, são apagados).

Publiquei esta Cronologia porque sei que muitos Leitores acreditam na ideia da Nova Ordem Mundial, embora com variantes e nuances diferentes, e achei simpático pôr à disposição algo prático, que pode ser consultado tendo como base as datas.
No entanto, como já afirmei várias vezes, não acredito nisso. Explico.

O facto de existir um grupo de pessoas que deseje “governar” o mundo não é nenhuma novidade: sempre houve, é só ler a História.

Qual a forma melhor para governar o mundo? Simples: um único governo, dirigido por uma única elite. Também neste caso, exemplos históricos não faltam: sempre houve e sempre haverá. Anormal seria não ter ninguém com estas ideias: seria o sinal duma evolução da nossa espécie.

Coisas já ditas, que não vale a pena repetir (para os mais curiosos: Illuminati: uma crítica ou Nova Ordem Mundial?).
Hoje, pelo contrário, gostaria de realçar alguns pontos presentes na Cronologia.
Vamos ver alguns destes casos.

O caso H.G.Wells

Os factos são factos: mas a maneira como são apresentados pode mudar, e muito.
Por exemplo, ao escrever:

É publicado o
trabalho de Herbert George Wells The Shape of Things to Come (“A Forma
das Coisas que Virão”). Wells prevê a Segunda Guerra Mundial, que vai
deflagrar por volta de 1940, e que terá origem a partir de uma disputa
germano-polaca.

parece não existirem muitas dúvidas. Herbert George Wells “previu” a Segunda Guerra Mundial, até acertou na faísca inicial (a disputa Alemanha-Polônia), portanto é uma certeza: os Illuminati “criaram” a Segunda Guerra Mundial. Doutro lado, não era ele um ex-Fabianista?

Esta é a forma como os factos são contados: mas a realidade é um pouco diferente. De facto, em 1933, H.G.Wells publica The Shape of Things to Come, mas vamos ver qual a trama original?

A história começa no final de 1933/início 1934, com o fracasso do então presidente dos EUA, Franklin D. Roosvelt na implementação do New Deal. Paralelamente, na Europa, Adolf Hitler falha também na recuperação económica da Alemanha: a crise mundial continua ao longo de outros 30 anos.

Nada mal como previsões.

No entanto, deflagra a Segunda Guerra Mundial. H.G.Wells prevê o começo em Janeiro de 1940 (na verdade começou em 1939) por causa da cidade de Gdańsk, e não é um mero acaso: na verdade, a “Questão de Gdańsk” foi algo que nasceu com o final da Primeira Guerra Mundial e ocupou a diplomacia internacional até o segundo grande conflito. Era sabido que teria provocado problemas, como efectivamente aconteceu.

Mas vamos à Segunda Guerra.

Segundo H.G.Wells, a Polónia resiste ao ataque alemão e a situação de guerra continua ao longo de 10 anos. Outros Países ficam arrastados na luta, mas a França e a União Soviética são apenas marginalmente envolvidas, aGrã-Bretanha permanece neutral e os Estados Unidos lutam inconclusivamente contra o Japão.

Wells fala também da condição dos hebreus, explicando que os Alemães são incapazes de massacres sistemáticos: portanto os hebreus são sim perseguidos, mas de forma desorganizada.

A Checoslováquia não é invadida pelos Alemães e o seu presidente, Edvard Benes, sobrevive para iniciar a suspensão das hostilidades que acontece no final da década de 1950.

A guerra termina sem vencedor, mas numa total exaustão, com o colapso e a desintegração de todos os Estados de luta e também dos Países neutrais, igualmente afectados pela crise económica profunda. O mundo inteiro é envolvido no caos: quase todos os Governos caem e uma praga devastadora entre 1956 e 1957 mata uma grande parte da humanidade, quase destruindo a civilização.

Entretanto: o Islamismo desaparece, o Budismo é abolido, e a Igreja de Roma é afastada pela Italia fascista e encontra refúgio na Irlanda, o último bastião da Cristandade.

Lido assim, o livro de Wells faz outro efeito, não é?

Resumindo: a única coisa na qual H.G.Wells acertou foi o deflagrar da Segunda Guerra Mundial por causa da disputa (bem nota há décadas) entre Alemanha e Polónia. Na prática, Wells chega às mesmas conclusões alcançadas em 1919 por muitos militares e políticos europeus, segundo os quais o Tratado de Versailles era na verdade uma “trégua” entre duas guerras: a Primeira Guerra Mundial apenas concluída e a Segunda, futura.

Acerca do resto, errou tudo e de forma grosseira. Esquisito, considerado que estamos a falar dum “Illuminado” ou, em qualquer caso, de alguém que bem conhecia o assunto NWO.

O caso Giuseppe Mazzini

Conheço bem a vida e as obras de Giuseppe Mazzini, por duas razões: porque ainda hoje é estudado nas escolas enquanto parte da história da unificação italiana e porque nasceu na minha mesma cidade, quase no mesmo bairro.

Na óptica do NWO, Mazzini representa para todos nós uma espécie de seguro: se todos os Illuminati forem como ele, podemos dormir descansados.

E começou desde logo: inscreveu-se na faculdade de Medicina e desmaiou na primeira autópsia.

Foi jornalista mas a censura fechou o diário onde Mazzini trabalhava. Entrado na Maçonaria, três anos depois foi preso e ficou na prisão.

A seguir foi para a França (1831) em exílio e dois anos depois foi condenado a morte em absentia, pelo que regressar para Italia estava fora de questão (não havia juízes maçónicos?). Em 1834 foi para a Suíça, logo ficou preso e teve que abandonar o País.

Em 1844 organizou com os Irmãos Bandiera a invasão via mar da Italia do Sul. Quase nem puseram os pés em terra-firme e os irmãos foram logo fuzilados.

Mazzini conseguiu voltar para Italia em 1848, para liderar com Aurelio Saffi (outro maçónico) a revolucionária Repubblica Romana que, obviamente, fracassou em breve. Voltou para a França mas teve que fugir, pois foi condenado à morte pela tentativa de assassinato contra Luís Napoleão. Viajou assim para o Reino Unido, onde viveu de forma miserável.

Em 1854 organizou a revolta da Valtellina, na Italia do Norte, que foi um fracasso.

Em 1857 organizou com Carlo Pisacane (maçónico) uma segunda invasão da Italia do Sul. Todos os 108 “invasores” foram fuzilados e Pisacane suicidou-se.

E nem falamos da revolta na Savóia (1833), em Genova (1834), Palermo, Abruzzo, Lombardia e Toscana.

Resumindo: nunca conseguiu um sucesso, nem que mínimo.
Esquisito: Mazzini era maçónico, trocava cartas com Albert Pike, fazia parte daquela poderosa elite que quer controlar o mundo…

Quatro pontos

Mas vamos pôr as pessoas de lado e pensamos nas ideias.

No princípio da Cronologia podemos encontrar os pontos mais importantes dos Illuminati que, é bom lembrar, têm como objectivo a NWO e estão ligados à Maçonaria.
Os pontos são os seguinte:

  • Abolição de todos os governos legítimos;
  • Abolição da propriedade privada;
  • Abolição da herança;
  • Abolição do patriotismo;
  • Abolição da família;
  • Abolição da religião;
  • Criação de um Governo Mundial.

Com um pouco de boa vontade é possível encontrar os mesmos conceitos  em qualquer bom livro acerca do Comunismo. Nada que possa surpreender: segundo os apoiantes da teoria da NWO, também a Revolução de Outubro, na Rússia, foi obra dos Illuminati.
Portanto:

Ponto 1: a doutrina da NWO é filo-comunista.

Isso significa que muitos presidentes dos Estados Unidos na verdade apoiavam uma doutrina filo-comunista. O que pode parecer um pouco estranho, mas tudo bem, aceitamos a ideia.

Ponto 2: a maioria dos presidentes americanos era filo-comunista.

Mas se assim for, então a religião é contrária aos ditames dos Illuminati (que prevêem a abolição dela); e isso significa que a Igreja é uma vítima da globalização. Aliás: a Igreja cristã é uma das primeira vítimas.

Portanto, a Igreja não pode fazer parte desta NWO, até deve necessariamente ser anti-globalista.

Mas o Vaticano não é o mesmo Estado Pontifício que construiu um observatório espacial na Antárctica para estudar Nibiru e outros objectos que os Illuminati querem esconder? E porque raio construir um observatório se já entre nós vivem os Reptilianos? Não seria mais simples perguntar a eles?

Bah, em qualquer caso, o que importa é realçar que a Igreja não entra nos planos dos Illuminati, pelo que é evidente o papel necessariamente anti-globalista do Papa, que a partir de hoje deverá ser visto como nosso aliado.

Ponto 3: o Vaticano é nosso amigo enquanto antiglobalista..

E o sionismo? Marx e muitos outros Illuminati eram e são hebraicos: mas na base da tese sionista existe a religião hebraica. O sionismo apoia uma Nova Ordem que pretende eliminar as religiões? Isso é um pouco difícil de acreditar, mas dada a fortíssima presença hebraica no círculo dos Illuminati, temos que aceitar este novo ponto:

Ponto 4: os sionistas querem extinguir o hebraísmo.

Agora, juntamos estes quatro pontos e perguntamos: faz sentido? Que mundo é este descrito pela teoria da NWO?
A resposta cabe ao Leitor.

Então?

Então: tudo falso? Toda conspiração e nada mais?
Acho que não. Como afirmado: sempre houve e sempre haverá quem pretenda dominar o mundo ou, pelo menos, uma boa fatia dele. Só que as coisas não são tão simples: não há o Bem dum lado e o Mal do outro.

É óbvio que os poderosos tratam dos seus poderosos interesses, mas cada um quer ser mais poderoso do que os outros e tenta trama-los. O hedonismo, o carreirismo, a competição humana, a fome de poder: tudo isso não cabe num desenho demasiado simples como a teoria dos Illuminati.


As grandes corporações estão prontas a devorar-se umas contra as outras, os Estados também.

E a Maçonaria? Qual Maçonaria? Há “a” Maçonaria ou “as” Maçonarias? Costumamos falar “da” Maçonaria como dum conjunto homogéneo, quase monolítico. Mas será mesmo assim? Não vou responder, deixo que seja o Leitor a informar-se se assim quiser.

No entanto, realço o papel de uma organização que é sabido ser maçónica: Comunhão e Libertação de Padre Carrón. De que lado está? Trabalha para o fim da Igreja? Porque Comunhão e Libertação é católica e cristã.

É natural procurar um inimigo, é muito humano, e possivelmente deve ser enorme, mau (pois nós somos bons, sempre) e poderoso (o diabo, a NWO… ), mas a realidade é que vivemos num sistema um pouco mais complexo, até que por vezes nem estes poderosos conseguem controla-lo.


Esta, pelo menos, a minha ideia.
Espero pelas vossas.

E bom fim de semana para todos 🙂

Ipse dixit.